CORDEL DOS BICHINHOS

Fui escrever um cordel,

Muitas parcerias busquei

No jardim confabulando,

Amiguinhos eu encontrei

Me sentei ali chão

E com eles planejei.

X

Vamos lá criançada

Descobrir essa diversidade

Leia com muita atenção

Mate a sua curiosidade

Os bichinhos que estão aqui

Alguns não conhecem a cidade.

X

É só sair pelo jardim

Tem formiga fazendo farra

Borboletas beijando flores

Tem o canto da cigarra

Ande com muita atenção

Ou na minhoca se esbarra.

X

Vem comigo viajar

Vamos juntos encontrar

O bichinho que rasteja

E aquele que sabe voar

Agora se deitar no chão

Comece a viajar.

X

O beija-flor querendo ajudar

Fez uma investigação

Até os passarinhos

Tiveram participação

No final fizeram festa

Não faltou animação.

X

Os bichinhos chegavam

A centopeia pediu licença

Agora prestem atenção

Respeitem as diferenças

Inseto ou bicho grande

Podem marcar presença.

X

Vejam como é belo

Tudo que pode existir

As belas borboletas

No mesmo lugar vão dormir

Mas se o inverno é forte

Elas não vão resistir.

X

Na escolinha da floresta

Os primeiros que chegaram

Foi o sapo e o guaxinim

Parece que combinaram

O sapo não lavou o pé

Todos os bichos gritaram.

X

O macaco foi o primeiro

A começar a gozação

A professora gritou:

Hora de tomar a lição

Foi bicho correndo

Com medo da reprovação.

X

A centopeia foi sentando-se

Toda desengonçada

Abriu a sacola

Pegou dentro a tabuada

Estudou a noite toda

Queria ser aprovada.

X

A professora toda calma

Vamos, já vai começar

Quem não estudou

A escola vai reprovar

Então preste atenção

Melhor se apressar.

X

Na caatinga se encontra

Bichos bem atrevidos

Tem até o bicho pau

E gafanhotos esquisitos

O camaleão e o teiú

Amigos bem parecidos.

X

Falando de passarinhos

Tem até os seresteiros

Cantam estufando o peito

Parecem uns violeiros

E tem aqueles especiais

No canto são forrozeiros.

X

Tem bichos que rastejam

Como a cobra traiçoeira

Se vê um pobre sapinho

Dormindo de bobeira

Num bote abre a boca

A bicha é bem ligeira.

X

Começa uma confusão

O calango sai gritando

Corra dona sabiá

O sapo tá agonizando

Diz que tem herança

E a quem vai deixando?

X

A sabiá como enfermeira

Um chá foi preparado

O sapo no canto gemia

Precisava ser curado

Levaram para o hospital

O pobre se sentia arrasado.

X

O doutor macaco chegou

Pode entrar sapo José

Sente e tire o sapato

Subiu um cheiro de chulé

O doutor saiu correndo

Antes que tirasse o outro pé.

X

O hospital estava lotado

O pato estava resfriado

O porco com febre alta

O peru com o pé quebrado

O tamanduá só gritava

Eu estou esfomeado.

X

Tinha remédio na floresta

E ficava bem distante

Precisava ir falar

Com um amigo gigante

Não falo do macaco

E sim do elefante.

X

Lá encontra a cura

No reino da bicharada

O papagaio fofoqueiro

E a hiena engraçada

Começa então o trabalho

Nessa floresta encantada.

X

No alto de um lajedo

Mora a formiga Josefina

Desfilando pelos caminhos

Com sua cintura fina

No meio de outras formigas

Ela parecia uma menina.

X

Trabalhar, nem pensava

Cedo sai do formigueiro

Vai encontrar as amigas

Ficava lá o dia inteiro

Quando viu o grilo

Feliz tocando pandeiro.

X

Os pais arranjaram um noivo

Era o formigão José

Trabalhador como era

Cedinho estava de pé

Convidou a Josefina

Para tomar um café.

X

Chegou o dia do casamento

Josefina até se animou

A casa estava arrumada

Quando o noivo se anunciou

Era chegada a hora

Enfim, ela se casou.

X

Não foi o que esperava

O formigão era trambiqueiro

Saía com outras formigas

E passava o dia inteiro

A noite quando chegava

Tinha um péssimo cheiro.

Sem aguentar essa vida

Josefina se separou

Voltou para a casa dos pais

Triste pelo que passou

Chamou a mãe e avó

E tudo ela relatou.

Querendo sair de casa

Precisava passear

Convidou a joaninha

Para irem a algum lugar

No shopping logo entraram

Sapatos foram comprar.

X

Passearam pela cidade

E foram para a floresta

O dia estava lindo

Era uma grande festa

Queria uma linda roupa

Seria estrela da seresta.

X

De longe avistaram

O temido tamanduá

Correram, se esconderam

Na casa de dona preá

Foram tomar café

Com a amiga sabiá.

X

A formiga estava feliz

Com a amiga generosa

Enquanto a joaninha

Estava num canto chorosa

O pardal entrou correndo

Lhe trazendo uma rosa.

X

A preá disse meninas

Vamos esperar a hora

Assim que anoitecer

Levo as duas embora

Por enquanto, paciência

0 perigo ronda lá fora.

X

Lá na beira do lago

Todo dia de manhãzinha

O sapo começa a coaxar

Para atrair a sapinha

E assim todo empolgado

Canta até a tardezinha.

X

Chega o sapo Leco

Vestido com elegância

É motivo do sapo Zé

Receber com arrogância

Os dois são rivais

Desde o tempo da infância.

X

Quando ainda eram girinos

Se um gostava de viola

O outro logo implicava

E mostrava sua radiola

Se o Zé chegava perto

Se escondia numa gaiola.

X

Se tinha festa na lagoa

O Leco era sanfoneiro

Zé arranhava no violão

Só sabia bater pandeiro

Mesmo com tanta disputa

Era festa o dia inteiro.

X

O banquete era fartura

Mas sempre saia uma briga

O Leco sempre trazia

Um banquete de formiga

Era motivo do sapo Zé

Empanturrar a barriga.

X

Hoje são sapos adultos

Disputam até a namorada

A linda sapinha Lily

Muito desapontada

Querendo distância dos dois

Foi embora pela estrada.

X

Numa tarde linda de Sol

Chega apressado o gavião

Trazendo um telegrama

Do senhor rei leão

Gritava: Tomem cuidado!

Com o macaco sabichão.

X

Na gruta de um lajedo

Dona onça morava

Tomou uma decisão

Na briga ela não entrava

Se algum amigo precisasse

Com certeza ela o ajudava.

X

A girafa do alto olhava

O rinoceronte preguiçoso

Com aquele barrigão

Comia um jantar gostoso

Só pensava em comer

Não cansava de ser guloso.

X

Aquela manhã choveu

O sapo foi passear

Lá dos lados do riacho

Onde pretendia morar

Encontrar uma sapinha

E com ela se casar.

X

Era um sapo atrapalhado

Mas nunca lavava o pé

Qual noiva iria querer

Com esse cheiro de chulé

Dizia todo animado

O temido do jacaré.

X

O sapo chefe resolveu

Mandar um recado urgente

O sapo José era atrevido

Muito menos inteligente

Melhor ficar afastado

E não se fazer de valente.

X

Naquele lago não ficava

Aquele lugar era sagrado

Sapo nenhum ficava ali

E logo seria espantado

Se o sapo José aparecesse

Num porão seria trancado.

X

A chuva caia calma

A natureza toda acordada

Passarinhos festejando

A onça estava deitada

Quando tomou um susto

Com aquela trapalhada.

X

O urubu olhou pro céu

Gritou com aflição

O Sol ainda dorme

Prestem bem atenção

Olha a agonia do sapo

Com a sua exibição.

X

E começa aquela folia

Bichos saindo apressados

Outros saindo da toca

Os macacos desesperados

Corram, se protejam

Ou serão encurralados.

X

O bicho chegava enfezado

Pisando com força no chão

Quem quiser se proteja

Olha a cara do leão

Vou voar pra bem longe

Partiu apressado o gavião.

X

O rato vivia sozinho

Numa velha olaria

De claridade só a Lua

Ali não tinha energia

Mas nada lhe faltava

Nem paz e nem alegria.

X

Certa noite Tião pensou:

Nos amigos do passado

Seu primo o Gumercindo

Que sempre será lembrado

Moravam sempre juntos

Naquele velho sobrado.

X

Tinha a ratinha Rita

Que se lembrava também

Ela partiu pra cidade

Buscando o que lhe convém

Hoje vive na riqueza

Exibindo tudo que tem.

X

Diz morar numa mansão

E tem sua independência

Um jardim todo florido

Uma bela residência

A força que ele sentia

Era a sua resistência.

X

Vivendo na vida simples

Tião de tudo lembrava

Dos seus pais que sumiram

E da fome que passava

Mas era feliz assim

E nada na vida trocava.

X

Só esperava encontrar

Uma ratinha pra se casar

Iria pra outra cidade

Onde esperava encontrar

Sozinho nessa vida

Não iria continuar.

X

Partiu para a cidade

Logo viu uma donzela

Era a ratinha mais linda

Sentada numa janela

Na orelha ela tinha

Uma linda flor amarela.

X

Foi amor logo de cara

Os olhinhos se encontraram

Em menos de um dia

Os dois se casaram

E assim viveram felizes

Do jeito que planejaram.

X

O camaleão fez a festa

Convidou o amigo gambá

Mandou que a hiena e o teiú

Fosse comprar guaraná

No caminho se descuidou

Deixou na casa do sabiá.

X

Era aniversário do preá

Chegou apressado o gato

Dona tartaruga lerdada

Ficou cuidando do rato

Não poderia deixar sozinho

Com ele fez um trato.

X

A cigarra não apareceu

Foi cantar na cidade

O grilo chegou pra avisar

Pulando de felicidade

E começou a cantar

Cheio de vaidade.

X

Sempre quis ser cantor

No seu cri...cri.. agoniado

Espantou quem veio a festa

E o pobre foi vaiado

O escorpião correu atrás

Pegaria aquela ousado.

X

O macaco então resolveu

Fazer grandes mudanças

Convocou todos os bichos

Para falar das matanças

Onde os humanos chegavam

Enchendo as suas panças.

X

O território aqui é nosso

Posso bem observar

Todos tenham atenção

Se alguém se aproximar

Melhor pedir socorro

E juntos escorraçar.

X

Vamos cuidar da floresta

Aqui é o nosso lar

Chega de matança brutal

Não podemos nos conformar

Humanos, fiquem na cidade

E vivam sem nos matar.

X

Humanos aqui não pisam

Ou nos levam a extinção

Todos os animais gritavam

Aqui é o nosso chão

Evitar toda a maldade

É a nossa salvação.

X

Os ursos chegaram correndo

Estavam bem exaltados

Vem chegando um bando

Estão todos armados

De raiva os dois salivavam

Pareciam bem estressados.

X

Todos logo avançaram

Na direção indicada

Ao avistarem os humanos

Avançou a bicharada

Os pobres largaram as armas

E saíram em disparada.

X

Sem saber dos perigos

A centopeia foi a floresta

Ao chegar numa clareira

Encontrou uma grande festa

Deu um sorriso animada

Diversão é o que me resta.

X

Foi muito bem recebida

Depois do café, seguiu viagem

Colocou a mochila nas costas

Em destino a qualquer paragem

Quando encontrou a borboleta

Com toda a camaradagem.

X

Ao atravessarem um rio

Foram levadas pela correnteza

Ao chegarem do outro lado

Se encantaram com a natureza

Deitaram-se no meio das flores

Um paraíso de beleza.

X

E assim se reuniram

Fariam uma grande festa

Colheram flores e sementes

Enfeitaram a floresta

A sabiá queria ser rainha

Colocou uma estrela na testa.

X

Chamaram os vaga-lumes

para comemorar o Natal

Queriam muitas luzinhas

Naquela noite especial

Quando chega o grilo

Nas asas de um pardal.

X

Foram armar o presépio

Era forte a animação

Colocaram na manjedoura

Sementes daquele chão

Os passarinhos cantavam

Cheios de emoção.

X

Abelhinhas traziam mel

O gavião deu um conselho

Fiquem de olho nas cenouras

Logo chega à família do coelho

O gato queria fiscalizar

Na janela ficou de joelho.

X

E assim as cortinas se fecharam

Nesse mundo de riqueza

Tem bicho de todo canto

Fazendo parte da natureza

Quem conhece a caatinga

Se encanta com a grandeza.

X

Vejam da sua janela

Bem no centro do jardim

Todo bordado de flores

Perfumado de jasmim

Aquele lindo colibri

Parece que canta pra mim.

X

Naquela árvore ao lado

Vejam quantos ninhos

Parece uma ruazinha

Feita com mil ninhos

Casinhas de amor

Abrigo dos passarinhos.

X

Ouçam o canto inebriante

Vindo daquele lugar

Deve ser um bem-te-vi

Que gosta de cantar

Parece uma orquestra

Embalada pelo luar.

XXX

IRÁ RODRIGUES,

Professora aposentada, licenciada em geografia, contadora de história, autora de doze livros infantil editado aqui e em Portugal. Condecorada com título Monteiro Lobato, participação em várias antologias infantil.

Irá Rodrigues

Santo Estevão - BA – Brasil

http://iraazevedo.blogspot.com.br/