Embolada

Como bom nordestino

Desde os tempos de menino

Aprendi a fazer embolada

É um tipo de toada

É uma rima cantada

Que segue uma trilha

Embola pai, embola mãe,

embola filha

Eu também sou da família

Também quero embolar.

Eu só boto meu chapéu

Onde minha mão alcança

Alimento muita fé

E não perco a esperança

Que os pratos da balança

Um dia atingirão o fiel

Eu só boto meu chapéu

Onde minha mão alcança.

Não há vitória sem luta

Não há luta sem batalha

Não se monta na sela

Sem antes montar a cangalha

Nem se deve entrar na mata

Sem se fazer uma trilha

Pisar em chão conhecido

Mesmo com volta de milha

Pra fazer uma embolada

Embola toda família

Embola pai, embola mãe,

embola filha

Eu também sou da família

Também quero embolar

Isso é apenas uma amostra

Do que é uma embolada

Nesse Brasil sem fronteira

Já foi aberta a porteira

E a corrupção instalada

Valério comeu a paca

O povo é quem vai pagar

O Inquérito Parlamentar

Não venceu o Valerioduto

Não prendeu a raposa astuta

Deixou solto o carcará

"Quem a paca cara compra"

Paca cara pagará"

Valério jogou seguro

Não atirou no escuro

Nem mostrou o ouro guardado

Mas um dia será julgado

Nem que venha a demorar

O sol quadrado pra ele

Com certeza nascerá

Se os homens não lhe julgarem

O Senhor Deus julgará.

"Não há quem cuspa pra cima"

"Que não lhe cai na cara"

"Quem a paca cara compra"

"Paca cara pagará"

LIMA,Adalberto: SILVA,Francisco

de Assis Lima. No Brasil nosso de cada dia, nem todos têm sua fatia.