*Cordel do amor teimoso

Há quem diga que amor

Chega a ser um sentimento

Eu digo que é tormento

Que me causa muita dor

Em todo lugar que eu for

Em toda cama que eu deito

Eu fujo e não tem jeito

Ele vem bater sem pena

Eu amei uma pequena

Que não cabe no meu peito

Ela chegou de mansinho

Tal como uma onça arisca

Sua garra fez uma risca

No meio do meu caminho

Aturrado e sozinho

Nada havia a ser feito

O avanço foi meu preito

A cama, a nossa arena

Eu amei uma pequena

Que não cabe no meu peito

Os olhinhos penetrantes

Como as presas da bichana

Me levavam ao nirvana

De um prazer torturante

A pele em toque constante

Me usava como leito

Não encontrei um defeito

Presente naquela cena

Eu amei uma pequena

Que não cabe no meu peito

A fera adormecida

Me usou como seu ninho

Dormiu que nem passarinho

Satisfeita e bem servida

Com a honra recebida

Já com seu calor afeito

Caí num sono perfeito

Agarrado na morena

Eu amei uma pequena

Que não cabe no meu peito

Se antes eu já sofria

Desse amor tão renegado

Por mim mesmo afastado

Rejeitando todo dia

Na hora eu me ardia

Do amor era o efeito

Mesmo estando satisfeito

Desejava ela plena

Eu amei uma pequena

Que não cabe no meu peito

Findada nossa batalha

Saiu só um vencedor

Esse tal foi o amor

Que levou sua medalha

Todo dia ele estraçalha

Meu coração com seu feito

Eu sofro mas me deleito

É ela quem me serena

Eu amei uma pequena

Que não cabe no meu peito.

Jefferson Carnaúba
Enviado por Jefferson Carnaúba em 14/10/2024
Reeditado em 08/11/2024
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