A SERRA DA MOEDA EM CORDEL

CORDEL A SERRA DA MOEDA

Tudo está na Natureza

Em perfeita harmonia

Vem o homem malfeitor

Acabar com a alegria

Mata, bota fogo e destrói

Em tudo que há energia.

Deus pôs alma na montanha

Pois nela há milhões de vida

De bichos, águas e plantas

Animais, vento e guarida.

Pra toda forma do viver

Em todo canto há comida.

Sobre a Serra da Moeda

Aqui me ponho a escrever

Um paraíso de verdade

Lugar feliz de viver.

O homem é uma praga

Só ele sabe desfazer.

Muitas águas cristalinas

Escorriam normalmente

Formando pelo caminho

Um riachinho silente

Alimentando com carinho

A tudo que é um ser vivente.

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O começo do seu fim

Chega com os Bandeirantes

Cavoucar muitos buracos

Pelas serras verdejantes

Achar ouro e outras pedras

O papel dos meliantes.

Pois a Serra da Moeda?

Não era este nome não,

Serra do Paraopeba

O nome dado à Região

Este sim, um “Rio Largo”

Que escorria pelo chão.

Um rio sem pretensão

Com muito peixe e fartura

Corria naturalmente

Numa descida de ternura

Se plantavam em suas margens

Tudo da agricultura.

Mandioca, milho e legumes

Cana-de-açúcar e chuchu

E pescavam com alegria

O piau, a corvina e o pacu

As crianças tomavam banho

Alegres e de corpo nu.

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Mandioca, milho e legumes

Cana-de-açúcar e chuchu

E pescavam com alegria

O piau, corvina e pacu

A criança tomava banho

Alegre de corpo nu.

Mas o tempo foi passando

Veio surgindo o progresso

A constante exploração

Início do retrocesso

Para o mal capitalismo

Não há forma de sucesso.

São Caetano da Moeda

Para lá vamos agora

Um povoado simplório

Como o alvor da aurora

Por lá o tempo é lento

Corre uma brisa sonora.

De nome Moeda Velha

O lugar é conhecido

Foi por lá que começou

O todo acontecido

A moeda clandestina

Feita num vale escondido.

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E para fugir do fisco

Da Coroa Portuguesa

Por ali foi construída

Em um ponto de defesa

A fazenda Boa Vista

Um estro de luz acesa.

Hoje resta uma ruína

Desta antiga fundição

E a Igreja São Caetano

O abrigo da oração

Mais o minério de ferro

A usura da ambição.

E por falar no minério,

O suspiro da ganância,

Querem as mineradoras

Com afã e muita ânsia

Entrar aqui com tudo

Pra explorar em abundância.

Isto não acontecerá

Com fé em São Caetano

Esta Serra é sagrada

E o desejo é soberano

Pela sua preservação

Não teremos desengano.

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É tão rica esta Serra

Um dorsal de relicário

Nascentes por todo lado

Tem minério e tem calcário

Passarinho de todo tipo

Enfeitando o cenário.

Caminhando pela Serra

Em manhã de refrigério

A cor forte de que vemos

Lá da canga do minério

Faz reluzir pelos montes

O brilho bom do mistério.

Minerar por esta Serra

É crime descomunal

A Serra abriga riquezas

De beleza universal

São milhares seres vivos

Que habitam este quintal.

E quem não se admira

De ouvir um pássaro cantar

Ver uma florzinha singela

Com o vento a balançar

Um murmúrio do riacho

Lentamente a passar.

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E na vida da passarada

Neste Serra tem de tudo:

Beija-flor com canarinho

E bicudo-de-veludo

Tem Tiziu, João-de-barro

Fogo-apagou e bicudo.

Alma-de-gato, Viuvinha,

Pica-pau, Periquitão

Pintassilgo, Pula-pula

Urutau e Gavião

Maria-preta e Tucano

Cambaxirra e Azulão.

As plantas medicinais?

Há por toda região

Carqueja com assa-peixe

Arruda e Cidreirão

Melão-de-são-Caetano

Quebra-pedra e Picão.

Arnica, guaco, confrei

Citronela , Cavalinha

Barbatimão e babosa

Mil-folhas e Urtiguinha

Cipó-cruz com Erva-doce

Melissa e a goiabinha.

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Os bichos de quatros pés

Por aqui e por acolá

Mico-leão, capivara

Raposa, lobo-guará

Capivara com tatu

Mão-pelada e gambá.

Não podemos esquecer

Dos insetos nos setores

Abelha e marimbondos

São os polinizadores

Borboletas e joaninhas

Existem de todas as cores.

Muitos grilos e gafanhotos

Pelas as noites a cricricar

Louva-deus e bicho-pau

Tatu-bola a caminhar

Mariposas com libélulas

Pelo vento a flutuar.

Já as flores que enfeitam

A nossa Serra mineira

Os ipês e as sucupiras

Flor-de-maio e quaresmeiras

Canela-de-ema, Congonha

E também a aroeira.

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A Vinca com a Chanana

Tem a flor do Jatobá

Do Urucum e do picão

Junto a flor do manacá

Bromélia e Alfavacão

E a flor do Maracujá.

Pela Serra da Moeda

Em nossa terra Mineira

São muito os tipos de árvores

O ipê e a ingazeria

A candeia e Guatambu

O Angico e a Aroeira.

O Cedro e a Sucupira

E também o Jatobá

Eucalipto Goiabeira

O Pau-d’arco e o ingá

Bambuzal e taquara

E o velho Jacarandá.

Em cima daquela serra

O vento sopra sem parar

O sol chega de manhã

Passarinhos a voar

Animais livres pastando

Vemos a serra respirar.

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Olegário Alfredo
Enviado por Olegário Alfredo em 13/10/2024
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