O VELHO BENTO, A LENDA

Na festa da padroeira

Brigava por qualquer erro

Não tolerava insulto

Nem um olhar de desterro

Quem mexesse com ele

Via logo o seu aterro.

O seminário, um sonho

Que Bento deixou pra trás

O campo e os bois chamaram

Com promessas de tempos atrás

Ele trocou os livros santos

Pela lida no sabarás.

Ignorante, o povo dizia

Com pouco saber literário

Bento tinha sabedoria

Do signo de sagitário

Sabia o valor da vida

Já sendo sexagenário.

Eu preciso te contar

A história sem lamento

De um velho lá do sertão

Que se chamava de Bento

Na Paraíba nasceu

Valente por nascimento.

Velho Bento é lenda viva

Brejeiro desse Nordeste

Entre rezas, desavenças

O famoso cabra da peste

Vou contar tudo que sei

Por favor, não me conteste.

Não esqueça meu compadre

De falar do Velho Bento

Desse sujeito falante

Tão grosso feito jumento

A resposta da sua boca

Só nos causava tormento.

Não me peça pra contar

Que conto sem piedade

De tudo que se passou

Na Fazenda Liberdade

Um velho chamado Bento

Só pensava na saudade.

Os escritos deste pau

Ficavam todos gravados

Na mente do velho Bento

Devoto daqueles safados

Que moravam lá em baixo

E viviam pros relaxados.

Nas contidas gravações

Da mente do velho Bento

Recordava da infância

Que causava sofrimento

O lenço bota na cara

Pra contar tanto lamento.

Ignorante, valente

Tradição e devoção

Velho Bento é a figura

Que marcou todo o sertão

Nos rincões da Paraíba

Bento é mito e canção.

Assim conto, meu amigo

Com respeito e sem engano

A história do velho Bento

O sertanejo humano

Entre crendices e valentia

Sua vida é um oceano.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 04/10/2024
Reeditado em 05/10/2024
Código do texto: T8166568
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