A MULHER

A mulher sem amor na vida

Não ama é desprotegida

Diz que conhece a vida

Mas se torna desconhecida

Não passa de alma perdida

A sempre fazer despedida.

A mulher que tem prazer

Se veste desse desejo

Anda sorrindo pra vida

Segue seu própri cortejo

Escreve poemas ao vento

E tudo que mais almejo.

Minha amiga eu te conheço

E por isso desconheço

Porque tudo que mereço

Sempre me ofereço

É que na reza do terço

Cansado caio e adormeço.

Você tão falante

Zomba de todo errante

Não passa de uma pedante

A maltratar todo passante

Essa eu conto lá adiante

Acertado nesse instante.

Essa mulher não está aqui

Preferiu um olhar pra escapulir

Até porque sempre quis fugir

E nessa fuga não vou mentir

Ela deu em cima de ti

Não tendo resposta, resolveu sair.

Nunca sei o motivo

Do choro e do riso

Se sei sou ativo

Se ela me faz vivo

Tomo um aperitivo

Melhoras pra meu lado cognitivo.

Esta senhora passa do limite

É sério meu bem, acredite

Vou lhe dá um palpite

Se você me permite

Sou pobre, não sou elite

Ela ganhou uma artrite.

A mulher de hoje em dia

Gasta e não quer saber de carestia

Ainda mais quando é Maria

Doce como uma melancia

Acabas-se a covardia

Nasce nela a folia.

Foliões chegam na praça

Estão quase sem graça

Porque por pirraça

Nada se repassa

É troféu de pura taça

Bom para espantar desgraça.

A mulher carrega sorte

Foge da própria morte

Não tem quem suporte

A zuada estupenda do serrote

E é por isso que todo velhote

Um dia quis ser caçote.

A mulher precisa gargalhar

E dá voltas e cantar

Cantando há de melhorar

Não pode é piorar

O bom imediatamente evitar

Para não se decepcionar.

A mulher tem toda virtude

Mora fora da latitude

E diante da plenitude

Ama como na juventude

Um plebeu de atitude

Jovem de boa saúde.

A mulher de nada quer saber

Impõe uma carga no dever

Foge tão rápido do ter

Prefere falar do Ser

E assim pra sobreviver

A mulher jamais quer sofrer.

A mulher quando é chifreira

O marido aparece logo olheira

E ela assim meio faceira

Não se acha cangaeira

Bate no peito e puxa a peixeira

Se acha um meliante cangaceira.

Mas a mulher tem muito valor

E não se intimida com a dor

Ajuda o homem com fervor

E o chama de trabalhador

É uma dama do condor

Tem cicatriz da palavra amor.

Mulher que se acha sonhadora

Não passa de servente de adutora

Pensa em ser uma doutora

Mas às vezes é uma bajuladora

Candidata de eleição perdedora

E pelos cantos não passa de sofredora.

A mulher é de grande personalidade

Quando ama se entrega de verdade

Vive discordando da sociedade

E tão pouco pensa em vaidade

É um encanto de liberdade

E na distância se tem dela saudade.

Mulher é como professor

Tanto faz ser ou não doutor

Mas pelas mãos dele passou

Assim é a mulher que te gerou

Dentro dela o ser se encontrou

Até Jesus em Maria se formou.

A mulher não quer ser derrotada

Vai à luta e com isso fica marcada

No livro de cada folha anotada

Vive para ser gente e amada

É esta mulher que quando abordada

não gosta de ser pressionada.

Mulher tem amor na mente

E sabe o gosto da aguardente

Prova do mel e nada sente

Seu sentir é ódio ausente

E quando é tema do repente

Ganha tudo que ver na frente.

A mulher mãe de filho

Possui no interior um brilho

Amamenta como trem em trilho

Passa e vence cada empecilho

É como uma plantação de milho

Versada como faço em trocadilho.

A mulher solteira é pensamento

Pensa no futuro a todo momento

É alguém que não quer sofrimento

Vive pela extinção do tormento

Clama pela vida não em lamento

E tão cedo quer um rebento.

Mulher é sinômino de atitude

Assim como em toda plenitude

Encontra-se ela na latitude

E por mais que tudo se mude

Ela jamais com isso se ilude

No banho cotidiano de um açude.

A mulher é como uma voz ativa

Um cantar do pássaro patativa

E no desenho rabiscado é criativa

É mulher que se torna adotiva

No assunto nunca é explicativa

Ao adotado é uma mãe cativa.

Mulher não cabe definição

Umas vão pela via do coração

Outras vibram pelo tino da emoção

Já outras se pegam com a razão

Vivem intensamente uma paixão

E acaba quando acaba o tesão.

A mulher é a soma qualificada

Do pouco muita vida somada

No encalço má ideia evitada

No vício às vezes condicionada

Na gestação liberdade abortada

E no amor mais um acompanhada.

Mulher é um Ser Humano

Não letra de desengano

Às vezes vive como cigano

E nunca entra pelo cano

É a mulher mãe de ciclano

É água bebida por um fulano.

A mulher quando não pensa

Seu corpo logo compensa

A cabeça faz papel de imprensa

e ama de forma intensa

É uma fera de luta imensa

É vício que não condensa.

Mulher faz a significância

De viver em abundância

É como uma sirene de ambulância

Mãe do certo e da ignorância

Despreza pelo meio a arrogância

Está no perto e na distância.

A mulher , Seu Mané

Talvez não seja a sua mulher

No cordel do Alto da Sé

É devota de muita ou pouca fé

Quando no riso é boneco Capilé

Faz teatro de bem me quer.

A mulher tem consciência

Não gosta de ser levada

Tem o semblante de paz

Não se sente preparada

Para responder ao cão

Que lhe faz marmelada.

Finalizo este Cordel

Com gosto sabor de mel

Sobre Mulher usei meu anel

Símbolo do meu bacharel

Na vida o ser é como o céu

No azul só se pinta com pincel.

FIM

João Pessoa-PB, 08 de março de 1985.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 02/10/2024
Reeditado em 05/10/2024
Código do texto: T8165124
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