RÁDIO BARATA NO AR, O MEU CORDEL
Esse tal Fábio Mozart
É Sangue bom de doer
Nunca perco só instante
Escutando para ver
Qual a próxima frescura
Que todos vamos saber.
Eu nem quero conhecer
E não posso nem fugir
É que me convidaram
Simplesmente pra mentir:
- Minha mãe, desliga tudo
Me tire logo daqui!
Sem jamais escapulir
Para não cair na pior
Ouço tudo direitinho
E na cabeça dou nó
A Madame Preciosa
Acredita ser melhor.
O signo dela, mocó
E do pastor, Jaburu
Esses dois não valem nada
Deram a rima pro Sul
Vou ficando bem inchado
Como faz um cururu.
O meu mel é uruçu
Como boa refeição
Pra ficar um tanto forte
Ao fazer babação
Deste programa barato
Que faço divulgação.
Quero pastor, oração
Em nome do meu Jesus
Livrai-me, sim, deste peso
Nesta grandiosa cruz
De não ligar o meu rádio
Neste salto que conduz.
Faça nascer essa luz
É hora das mais sagradas
No relógio de Brasília
Que tem grande disputada
Essa Barata nojenta
Já ganhou nessa parada.
Fico sem entender nada
Na sã intranquilidade
Esperando tudo bom
Avançando na cidade
O Sérgio nem bebe mais
Ganhou nobre mocidade.
Tem momento falsidade
Do setor eleitoral
Candidatos que falam
Achando que é o tal
Tem um anticandidato
Acho que não é normal.
Buscamos um espiral
Que queime qualquer inseto
Que penetre pelas veias
E vá entrando no reto
Jamais haverá barata
Escapando do projeto.
Falo de jeito concreto
Acabar com o programa
Me tira noites de sono
Esqueço-me dessa cama
Sonho com todos os signos
Mas sempre caio na lama.
O rádio logo me chama
Eu fico meio sem jeito
Corro pra Rádio Diário
Eu bato forte no peito
Pode vir com todo gás
A barata, num aceito.
Pra definir o conceito
Eu fico gentil ouvindo
Passou número duzentos
Não posso ficar fugindo
Se correr eles acham
É melhor ficar fingindo.
O pastor vive mentindo
Só pensando ter dinheiro
Quer roubar todos ouvintes
Dizendo ser o primeiro
Fica flertando donzelas
Que frequenta seu terreiro.
O pastor pai de chiqueiro
É um cabra sem futuro
Pois, Madame Preciosa
Nos deixa viver apuro
Ele para se vingar
Faz barato ser escuro.
Foi gente pulando muro
Levando consigo lata
Pra pegar tanta piaba
Que quer comer a barata
Preciosa fez carreira
Sem saber do que se trata.
O pastor não se retrata
Do que fez com a madame
Queria lhe pôr a perna
Nas histórias dos exames
Piaba quis botar ordem
Dizendo: - Jamais reclame!
Qualquer um Ser que nos ame
Reflexos, por fim, existe
Não quer saber de barata
Bem, tampouco nem insiste
Não querer ouvir programa
Que faz devoto ser triste.
O fanático persiste
Porém, não perde sequer
Liga seu computador
Dispensa sua mulher
Pegando seu celular
Fica só botando fé.
Já pisei direito pé
Na melhor astrologia
Sou do signo de coelho
Que só pensa putaria
Fico só aqui pensando
O que serei sem folia.
Barata tem nostalgia
Que me leva às alturas
Ela vai nos acabar
Quando faltar tanajuras
Aí, o mundo se perde
Não terá mais criaturas.
Locutores das loucuras
Esse programa pegou
Tem audiência nas redes
E quem também se soltou
Por tantas ondas escritas
O povo todo gostou.
Ligue seu rádio, doutor
E lave bem o seu crânio
Para detratar Barata
No fundo do subterrâneo
Com Madame Preciosa
Esse tal Pastor Pedânio.
São sucessos instantâneos
Que nunca sairão do trilho
Anticandidato puto
Por nome de Bento Filho
Que não fala de política
Pra não criar empecilho.
Ouço comendo sequilho
E não é da sua conta
Leia minha mão, pastor
Com sua barata tonta
Nada me faz eleger
Piaba que nos afronta.
No meu bode não se monta
Se montar não fica vivo
Me cativa com amor
Com amor também cativo
Espirrando pandemia
Faço barato passivo.
Programa também ativo
Barata da consciência
Ouvindo Rádio Diário
Perdemos a paciência
É barata, futebol
Tem música com frequência.
Nunca se terá ciência
Pra compor um falatório
A metade dos ouvintes
Tudo de saber notório
Muitos gostam sabendo
Que são desse sanatório.
Me deram supositório
Que tem o nome de: Gula!
Me fazendo bom leitor
Estranhezas numa bula
Engoli foi logo três
Junto do mano caçula.
Pois, aqui ninguém bajula
As pregas vão pros espaços
Terminei ligando rádio
Contando todo fracasso
Ganhei dessa Preciosa
Despachos com os abraços.
De pobre se fez ricaço
Este pastor boateiro
Pensa benzer o fiel
Fazendo cruz no traseiro
Dedos esculhambação
Pra ser feliz por inteiro.
Este cordel brasileiro
Baratas inteligentes
Tentando contar história
Ficou muito contente
Pisando nessa danada
Que faz rir muita gente.
FIM
João Pessoa-PB, 25 de agosto de 2021.