A BARATA E A FORMIGA
Você que tem em mãos
Este singelo cordel
Deixe de fazer tudo
Se for pintor, o pincel
Esqueça por um instante
Se for doutor, o anel.
É que esta história
Aconteceu no meu quintal
Uma formiga muito gulosa
Quase que se dá mal
Enfrentou uma barata
No dia de carnaval.
Era terça-feira o dia
Bem me lembro a data
A formiga Josefina
Metida a autodidata
Achando que a barata
Era filha de vira lata.
Pois neste dia, veja
E preste bem atenção
Josefina chamou pra dança
A comadre Louvação
Nome desta barata
Desde a sua criação.
A comadre ficou zangada
Pelo convite da Formiga
Considerada por muita gente
Uma fiel e grande amiga
E assim eis a questão
E como se deu esta briga.
A Formiga Dona Encrenca
Gostava de um forró
Já a Dona Josefina
Se achava a melhor
No ritmo da lambada
Só saía ao pôr do sol.
A Comadre Josefina
Na lambada foi campeã
No concurso à beira mar
Uma medalha cidadã
Disputada com muita honra
Na Praia de Jacumã.
Já a Dona Encrenca
Queria muito desafio
Enfrentar esta Barata
Na beira de um rio
Deixar a pobre coitada
Morrendo de frio.
O acordo foi firmado
E chamaram até jurados
Uma comissão capacitada
Todos eles condecorados
Em vários festivais
Que foram apresentados.
O sapo todo todo alegre
Ficou sendo o presidente
Gostava de tudo certo
Porque era competente
Anotava o compasso
Daquele corpo presente.
O caramujo teve o cargo
Ele foi o secretário
Não gostava de frescura
Que era coisa de otário
Fez questão de ser chamado
Pelo seu nome de Mário.
O terceiro componente
A rã foi convidada
Aceitou de primeira
Aquela bela empreitada
Ver a barata e a formiga
Numa dança arretada.
A composição estava feita
E veio logo a reunião
De um lado as dançarinas
Do outro a comissão
Cada ritmo tinha nota
Teve início o baião.
A barata era danada
E dançou com Seu Barato
O casal recebeu dez
E foi tirado um retrato
Que serviu de imagem
Num singelo prato.
A Formiga com a Formiga
Foi este o casal
O marido de Josefina
No dia passou foi mal
Preferiu não levar nota
Foi curtir o carnaval.
Donca Encrenca levou sete
Com aquela coreografia
Puxou foi a orelha
Daquela sua companhia
Ficou foi amuada
E adeus sua alegria.
A formiga que dançava
No baião não aproveitou
Os passos da Josefina
Ela toda se estrepou
Morta de vergonha a dupla
No cantinho ali ficou.
A nova dança seria
No ritmo do carimbó
Ligeiro a Dona Encrenca
Que levou logo a melhor
A Barata Josefina
Entrou foi na pior.
O danado do Barato
À Barata não acompanhou
Ficou ali perdido
Muito errado se mostrou
A Comissão deu sete
E a Formiga esta ganhou.
Estava dando empate
Gritava o Caramujo
E o Barato todo inquieto
Porque estava sujo
E a rã toda sapeca
Defendia o dito cujo.
Mário chamou o Sapo
Pra resolver a situação
O Barato quis ir embora
Seria uma perdição
Ganharia a Formiga
Naquela ocasião.
O Sapo presidente
Pediu silêncio aos insetos
Dizendo que todos eles
Não estavam agindo certo
Que parassem com a zoada
Pra tudo correr correto.
A terceira e última etapa
Era mesmo a lambada
Josefina ficou esperta
E ganhou de disparada
A coitada da Formiga
Disse que era marmelada.
Na lambada a Barata
Era mesmo uma sensação
Ganhou todo concurso
Que era a sua paixão
A Formiga Dona Encrenca
Disse bem alto um palavrão.
O sapo bateu na pedra
E chamou a segurança
Sob o comando do besouro
Que fiscalizava uma festança
A Formiga ao perceber
Logo, logo ficou mansa.
A rã pegou a faixa
E na Barata foi botar
O Sapo todo falante
Pouca coisa quis falar
Mário, o Caramujo
Só fez mesmo cochilar.
A Formiga Dona Encrenca
Mesmo com raiva agradeceu
Agarrou Dona Barata
E um grande beijo lhe deu
Quis propor um desafio
Que mais tarde aconteceu.
O Sapo presidente
Foi depressa tomar banho
Mergulhou numa água suja
E quase morre num rebanho
De bode que vinha vindo
Passando ali muito medonho.
A Rã quis conquistar
O Barato dançarino
Que agora estava limpo
E seguia o seu destino
Casado com a Barata
Desde o tempo de menino.
A Rã ficou tristonha
E na água mergulhou
Deu em cima do Sapo
Que muito bem lhe tratou
Foi muito xodó na água
Que todo inseto notou.
O Caramujo chamado Mário
Foi procurar uma parede
Estava muito com frio
E encontrou foi uma rede
Deitou dentro dela
E matou a sua sede.
A Barata e a Formiga
Um desafio novo vai chegar
Mas antes que ele chegue
Deixe o cordel terminar
A história destes insetos
Que têm vida para dançar.
FIM
João Pessoa-PB, 02 de março de 2019.