OS VICIADOS EM TABACO

No meu cordel tem de tudo

Já falou o velho Mané

Primo de Finado Quinka

Casado com Chica Filé

Amancebada com Bofe

Que fumava seu boré.

O cigarro faz tão mal

Que não dá para falar

Esse cabra fumava tanto

Que não é bom se calar

Não adiantou campanha

Foi fumaça a se exalar.

O homem e a mulher

Formando aquele casal

Tome funaça pelas ventas

Nesse aspecto nasal

Qualquer dia veremos

Essa gente se dá mal.

Tome cigarro na vida

Deste casal tão doente

A doença que lhe abate

Vem com força potente

Lhe deixando melancólico

E cada vez mais carente.

Esse casal cigarrento

Por todos era negado

Vivia fazendo fumaça

Deixando tudo estragado

O céu todo poluido

Naquele tempo passado.

O cigarro é perigoso

Já dizia minha vó

Meu avô com um charuto

No bicho dava um nó

Era tanta confusão

Que me deixava tão só.

Fumando fazendo mal

Ninguém aprende jamais

O cigarro é agressivo

Não fume pra nunca mais

Encher seu pulmão de tóxico

Pra matar os animais.

Quem no passado não provou

De um cigarrinho de piteira

Fazer frente ao gostar

Na fumaça tão certeira

No parque de diversão

Era tudo brincadeira.

Mais tarde a notícia

Corria sem parar

De boca em boca

O mal ia se disparar

Morria João de Matilde

Que vivia a fumar.

A garotada inocente

Nas cordas de uma viola

Andava a pernoitar

Em troca de uma piola

O pedido era tão grande

Assim como se pede esmola.

A mãe em casa preocupada

Avisava e ai se ela pegasse

O pai não sabia da história

E se um dia alguém contasse

Era surra das grandes

Não tinha quem escapasse.

Pois bem o cigarro

Naquele tempo mal fazia

Mesmo fumando escondido

Por trás da banca da Maria

Teve gente que com medo

Até piola engolia.

Era um aperreio da gota

O que o cigarro aprontava

E nessa história de fumo

Minha vó sempre alertava

Pra que a gente nunca fumasse

Pois de nada adiantava.

Dona Margarida Cabidela

Mãe de Chico Pé de Bode

Vivia sempre a reclamar

Chico dizendo prumode

A mãe cheia de urtiga

Quase seu filho sacode.

Esse exemplo muito serviu

A pirralhada com medo ficou

Chico todo desconfiado

E pra turma logo explicou

Que não ia mais fumar

Porque quase se lascou.

Um casal que morava

Adiante da nossa residência

Comprava cigarro dos bons

E fumava com paciência

Isso causava tamanha inveja

Acendia nossa consciência.

Esse casal vindo do Rio

Pedia tabaco ao bodegueiro

Seu Inácio vendia um maço

Aquele casal forasteiro

Que só veio plantar coisa ruim

Na terra de Oitizeiro.

Pois a partir deste momento

Quero falar deste casal

Na casa podia faltar comida

Mas no bolso tinha sempre o mal

Oferecia a meninada

Como se fosse coisa normal.

Um dia a mãe de Toinho

Vendo a cena esculhambou

Pegou o filho pela orelha

E de peia quase matou

De longe só se ouvia Toinho

Num choro que disparou.

Depois de muito tempo

Todo mundo ficou sabendo

O casal tinha problema

De pulmão ia sofrendo

Servia de exemplo o fato

Alguém que fumava tava morrendo.

Os viciados eram jovens

Um casal de meia idade

Dava pena com o passar do tempo

Era de dá nó e piedade

Estava ficando seco

Quem ainda era mocidade.

A pirralhada atenta

Esqueceu por completo o cigarro

Via naquele exemplo maldito

Uma tosse regada a pigarro

A boca fedia de dá agonia

Só tinha catinga de sarro.

Cada dia que se passava

O casal ia morrendo

Não tinha parente por perto

Por ele o povo ia sofrendo

E a mãe mais do que certa

- “Olha o que está acontecendo!

Toinho ficou com tanto medo

Que nunca mais na vida fumou

Chico contava aos amigos

O tanto que apanhou

E a vida para aquele casal

Um dia de sol terminou.

Todo mundo foi ao velório

E era grande o comentário

Veio parente do Rio

E foi logo chamando de otário

O pobre que tinha morrido

Pobre, lascado e sem salário.

Foi a maior tristeza do mundo

Aquele casal jovem morrer

O fumo chamado tabaco

Deixou todo mundo a sofrer

Nunca mais depois do dia

Fumar ninguém ia se meter.

A carteira de cigarros

Que Zezinho tinha escondido

Tocou fogo no quintal

Dinheiro gasto e perdido

Não adianta ser viciado

Só o mal é merecido.

Depois da queimadeira

Que Zezinho iniciou

A pirralhada da rua

Quem tinha cigarro queimou

A lembrança dos viciados

Na mente de todo mundo ficou.

Fumar nunca foi bom

Dá câncer dentro do pulmão

O hálito fica imundo

Em qualquer ocasião

Seja de qualquer idade

Morrer é a opção.

O casal de viciado

Não é bom nem comentar

Ele não aceita conversa

Nas dores vem lamentar

Pelos cigarros fumados

É bom nem se lamentar.

Portanto termino aqui

A história de quem morreu de fumar

Tem tanta coisa boa na vida

É só você procurar

O exemplo dos viciados

Na lembrança de cada um vai ficar.

FIM

João Pessoa-PB, 14 de agosto de 2017.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 27/09/2024
Reeditado em 28/09/2024
Código do texto: T8161134
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