O QUE DIZEM DE MIM

O que dizem de mim, sinto

O casco de jabuti

Pegado no meu pescoço

Na sombra de um sapoti

Viajo nas correntezas

Para não pensar em ti.

Nós somos do nada, tudo

Nessa vamos analisar

Se queres saber quem sou

Só precisas pesquisar

Terás todo meu segredo

Não se deixe polemizar.

Não sirvo pro teu capricho

Nem sou da tua devoção

Ando sem ver o mundo

Pra botar minha loção

Sou de fato o que não vejo

Se vejo tem comoção.

Sirva desse movimento

Não se deixe ressentir

Bote tudo na lembrança

Novos ares vás sentir

Pendurado no pescoço

Medalhão vem consentir.

Um sentimento terrível

Você já vai denunciar

Pipocando pelas bocas

Eu posso até renunciar

Todo cordel publicado

Vou poder financiar.

Você que fala de mim

Não sabe se conduzir

Bate cabeça no mundo

Pensando me seduzir

Um bocado desse povo

Quer somente reduzir.

Certa feita me perdi

Parado tentei correr

Bem depressa não tomei

Comprimidos pra morrer

Corri para bem distante

Pra vir gente socorrer.

Naquele tempo passado

Fiz você acreditar

Nessas promessas malditas

Que te fazem levitar

Nesse céu sem ter estrelas

Depressa fui meditar.

Nossa dupla já desfeita

Não precisa se juntar

A música que não ouvimos

Precisamos conquistar

Pra dançar nesse salão

Não faz jus se levantar.

Sabendo me tranquilizo

Você mesmo confessou

E sabendo do que sei

Você também já passou

Pelos caminhos do tempo

Tantas vezes fracassou.

Você não vive comigo

Não vá se comprometer

Um lugar somente teu

Nunca pense se meter

Inveja dessa maneira

Precisamos combater.

Já falei por tantas vezes

Você não quis estudar

Seu tempo não é o meu

Não tentou nada mudar

Andando sempre gritando

Por vezes quis se grudar.

Digamos que somos fracos

Um ser gentil escreveu

No topo do seu caderno

A palavra descreveu

Quem pensa sem ter cabeça

É droga que prescreveu.

Querer viver por prazer

Sentindo nome da fé

Correndo nas nossas veias

Pensando ficar de pé

Falas como bem quereis

Sempre dando marcha ré.

Nas contradições do tempo

Nem sei fazer o beabá

As letras que me botaram

Debandaram pra babá

O texto tão bem escrito

Vou ler pra comer fubá.

Seu mestre ficou calado

Meu mestre ficou sorrindo

Os dois colaram as folhas

Que depressa vem surgindo

Meu copo de esperança

Vai logo se escapulindo.

Quem estuda também falha

Na falha de quem planejou

Ficar agarrado ao tempo

Você somente me invejou

Pegou tudo que me deu

E não fez o que desejou.

Desejos são sentimentos

Que me fazem proibir

Ler tudo que você leu

Que nunca vão me coibir

Se a leitura te incomoda

Ela não pode me inibir.

Ler faz parte do meu mundo

Daquele que você não fez

Fez tanta promessa vaga

Que o tempo logo desfez

Com você assim falante

Todo meu verbo se refez.

Ser falante sem motivo

O mesmo que dar no pó

Na madeira sem ter lei

Madeireira não tem dó

Eu peguei teu pensamento

Levantei e dei um nó.

Me dizem que é possível

Ser rei feito um urubu

Gavião que pega pinto

Também bate jaburu

Galinha que bota ovo

Tem rabo grande pra xuxu.

Você não sabe de nada

Mas pensa se enganar

Rasga microfone caro

Pra eu não abandonar

Esses vícios que me fazem

Um novo versículo clonar.

Não queira correr daqui

Corra, não olhe pra trás

Traga de volta esse tempo

Daqueles tempos atrás

Montado num burro preto

Te parecias com satanás.

Eu não quero te fazer

Repensar sobre nós dois

Quero apenas que saibas

Do hoje, Jamais do depois

Tira daqui teus cavalos

Que vou tirar meus bois.

Você pretende fazer

No fundo quer acabar

Com tudo que construímos

Você só faz me faz zombar

Dos teus poucos méritos

Teu palácio vai desabar.

Por nunca ter um sentido

Seu jogo não vai emplacar

Defendo o que nunca sabes

Lá na frente vais pipocar

Os fins de conhecimento

Tudo pensar querer locar.

O mundo gira por vez

No pedaço de papel

Botei meu nome formado

Nas descidas do rapel

Sai correndo pra longe

Num vulto desse tropel.

A vida tem dois sentidos

No viver e no morrer

No ver dessa revisão

Te pedem pra socorrer

Eu vivendo sem ter vida

Sem trilha pra percorrer.

Se você não se cuidar

Em nada vai emplacar

A vida não vai seguir

Segredos vão pipocar

Perceba teus encantos

Novos ares podes locar.

Não siga seus impulsos

Vá pela fé da emoção

Siga pela linha reta

Esqueça toda tradição

Os segredos desvendados

São divididos na fração.

O que eles dizem de mim

Não faz sentido dá nó

Me faz um pouco mais forte

Nas estradas que dão pó

A poeira da caminhada

Vai me mandar ficar só.

FIM

João Pessoa-PB, 25 de setembro de 2024.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 25/09/2024
Código do texto: T8160157
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.