Quem somos nós

Cada dia nova treta

Nosso ego nunca se cala

Se expõe muito incoerente

Reclama lugar de fala

Dá lições que não pratica

Na vida, grupo ou na sala.

 

Lerei com mais atenção

Os livros que recomendo

Vou parar, ler e estudar

Pra ver se melhor aprendo

Quando eu passo dos limites

Desvio-me não compreendo.

 

As vezes sou Chernobyl

Mas penso ser a Sistina

Ignoro a dialética

Firo menino e menina

Mas nunca suas ideias

Sou vil, com língua ferina.

 

Minha espiritualidade

É fake e bem mascarada

Dou Google pra me exibir

Com inteligência ornada

Transpareço o que não sou

Tenho a mente perturbada.

 

A linda constelação

Sobrevive pelo brilho

De cada pequena estrela

Que reluz sem empecilho

Se uma quer brilhar demais

Tira-lhe da rota e trilho.

 

Cada passo uma lição

Lição e oportunidade

Para sempre evoluir

Amadurecer co' a idade

Se eu parar na adolescência

Não aprendi de verdade.

 

Uma dose de humildade

Empatia, amor, respeito

Aceitar o brilho alheio

Controlar o meu despeito

Dizer para o meu Narciso

Ser sempre o melhor sujeito.

 

Quem sabe um dia, quem sabe

Serei de verdade amado

Não mais por bajuladores

Um amor bem desejado

Moldado pela empatia

Amor com amor forjado.

 

Eu desço do pedestal

Do julgador implacável

Confesso que também sou

Um Narciso detestável

Faça agora sua parte

Pois ninguém é impecável.

 

Salvador, 23/9/24,

 

Obs.: Retrato critico de alguns personagens que se expõem nas redes sociais, com, talvez, minha exagerada autocrítica.

Jessé Ojuara
Enviado por Jessé Ojuara em 23/09/2024
Reeditado em 25/09/2024
Código do texto: T8158502
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