O ROMANCE DE ESMERALDINDO E ASTROGILDA PEITO DE BALA - SEGUNDA PARTE
Delano mandou um enviado
Reconquistar Peito de Bala
Só que desta feita se lascou
Quando ia perto de uma vala
Escorregou e perdeu a memória
E hoje pouco o bicho fala.
Astrogilda não tava nem aí
Com a vida boa que tinha
Não era lá essas coisas
E não queria ser uma galinha
E sim criar o rebento com amor
E andar sempre na linha.
Esmeraldino era um riso constante
Desse que dá vontade de espiar
Dino era valente e safado
E deu a gota pra querer brigar
Na escola deu cascudo em gente
Ficou três dias sem estudar.
A diretora da escola
Não tendo mais o que fazer
Deu a transferência de Dino
E a cara dele não queria mais ver
Os pais do menino uma fera
Meteu surra em Dino pra valer.
Astrogilda uma coitada
De famosa passou à choradeira
Todo santo dia chorava
Debaixo do tronco de uma bananeira
Dava tristeza vê-la daquele jeito
Ao passar perto da porteira.
Esmeraldino jogava praga
Até porque o danado não era seu
Dava cascudo no pobre
E puxava o nariz seu
Essa confusão de escola e menino
Quase que o casal endoideceu.
Dino era ruim que só a gota
E olhava por baixo pra todo mundo
Só aprendia palavrão o menino
Mais rápido do que um segundo
E o povo na rua amaldiçoava:
- “Esse vai ser vagabundo”.
Esmeraldino sempre cabisbaixo
Pensava numa rápida solução
Que fizesse o menino gente
E pedia ao mundo compaixão
Só que Dino era um pestinha
E parece até que não tinha coração.
Astrogilda foi à luta
E quis pousar em revista
Queria um lugar para o filho
E o chamava de artista
Só que o peito não era o mesmo
E na fila tinha uma grande lista.
Dino queria o pai
Era de Esmeraldino que queria
A mãe em desespero
Tinha tristeza, não tinha alegria
Os homens que passaram na vida
O filho de tê-lo não gostaria.
Esmeraldino comprou passagem
E à cidade nunca mais voltou
Astrogilda tida como louca
Num hospício se alojou
O filho metido em gangue
Um bandido lhe matou.
Não se sabe até hoje
O final desse romance
Astrogilda no hospício
Esmeraldino só um lance
Este Cordel Brasileir
Quer também sua chance.
Astrogilda quase morre
Na ladeira do Bomfim
Ela foi pagar promessa
E quase chegou no fim
O cabra Esmeraldino
Foi dizendo mesmo assim:
- Se Astrogilda for mulher
Ela me deve favor
Tem que trazer de lá
Algo que não dê pavor
Se preciso ela dirá
Que pra ela sou fervor.
Esmeraldino meu nego
Espere que vou dizer
Você foi tudo pra mim
Me dando tanto prazer
Agora eu vivo triste
Sem ter nenhum lazer.
Brincar é o que mais gosto
Esse é meu jeito feliz
Eu sei que poucos são felizes
Cutucando seu nariz
Esmeraldino sossegue
Vou publicar tudo que fiz.