O ROMANCE DE ESMERALDINO E ASTROGILDA PEITO DE BALA - PARTE PRIMEIRA

Essa história é muito antiga

É de casamento que vou falar

Esmeraldino de Lima e Silva

Com Astrogilda foi se casar

Depois de muito tempo

Vejam o que passo a narrar...

No dia vinte e cinco

De um ano qualquer

Esmeraldino deu aliança

A uma bela e simpática mulher

Mas é que o destino não quis

Unir os dois em nome da fé.

Esmeraldino era católico

Astrogilda grande catimbozeira

Por aí já dá pra ver o estrago

De toda essa porqueira

Porque Astrogilda com ciúme

Quis fazer uma besteira.

E essa besteira lhe custou caro

Quis aumentar o peito

E não tinha Cristão do mundo

Que tivesse nessa história um jeito

De livrar Astrogilda disso

Porém nada, mas nada teve efeito.

Astrogilda tinha seios pequenos

E deles a dita cuja não gostava

Vivia se olhando no espelho

E cada vez mais reclamava

Do tamanho de cada um

E as mãos por eles passava.

Esmeraldino queria um filho

Para alegrar seu dia a dia

Enquanto Astrogilda apenas

Pensava só em cirurgia

Aumentar seu peito

E ter muita alegria.

Essa história teve um final

Não muito feliz na ocasião

Pois Esmeraldino com ciúme

Deu ultimato de paixão

Ou Astrogilda ficava daquele jeito

Ou ele queria separação.

Só que Astrogilda não aceitou

E foi à mesa pra ser cortada

Queria seios cheios e fartos

E ficou logo separada

Esmeraldino foi embora

Louco correndo em disparada.

Depois da cirurgia realizada

Astrogilda ficou do jeito que sonhou

Peito cheio de curvas onduladas

E muito moleque assobiou

Astrogilda sentindo-se estrela

Um segurança logo contratou.

Esmeraldino na outra cidade

Sofria feito menino chorão

Mandava recado por todo mundo

E criava uma grande confusão

É que Astrogilda já tinha novo amor

Ao segurança deu seu coração.

Astrogilda deu várias entrevistas

E era bem de microfone

Num desses programas a danada

Disse em voz alta o nome

Daquilo que lhe causava alívio

Meteu nos peitos um tal silicone.

O silicone nos seios de Astrogilda

Era enorme e todo mundo percebia

O peito apelidado de bala

Era a molecada que corria

E Astrogilda muito nervosa

Apenas com tudo aquilo sorria.

Só que Esmeraldino cada vez mais

Entrava em pânico cotidiano

Foi tomar as dores com o segurança

Apanhou e quase que entra no cano

Vivia louco o ex. marido

Depois da surra dada por Delano.

Enquanto Peito de Bala

Assim mesmo ficou conhecida

Esmeraldino sonhava um dia

Voltar praquela atrevida

Fazia planos sem sucesso

Astrogilda o amor da sua vida.

Pousou pra toda tipo de revista

Fez programa de televisão

Viajou por todo o País

Enfrentou grande multidão

Astrogilda Peito de Bala

Mas famosa do que até Lampião.

Peito de Bala era o apelido

De Astrogilda por causa do bico

Cada peito ganhou munição

E Astrogilda pagou muito mico

É que o pirralho gritava: “atira

Que meu tesão te dedico”.

E assim foi e como foi crescendo

Essa onda de Peito de Bala

Astrogilda já um tanto arrependida

Não ia mais às festas de gala

Com Delano em casa foi-se preparando

E pra isso cuidou de arrumar sua mala.

Foi embora para bem longe

E aumentava o sofrer de Esmeraldino

De mãos dadas com Delano

E já esperando um menino

Peito de Bala toda vaidosa

Cumpria a sina de seu destino.

Delano era gentil e muito honesto

E cada vez mais zangado com Astrogilda

É que esta infeliz depois de buchuda

Deu pra pedir todo tipo de comida

E o segurança tinha que ir buscar

Uma sobremesa bem sortida.

Enquanto isso lá na outra cidade

Esmeraldino todo santo dia chorava

E não tinha que lhe contentasse

Pois só Astrogilda o bicho amava

E tinha esperanças tantas

Assim dizia quando caminhava.

Delano resolveu não atender

De Astrogilda todos os pedidos

Fez birra e foi comer fora

Mas os moleques eram metidos

“Peito de Bala” – eles gritavam

E ela – “Deixem de ser atrevidos”.

Astrogilda viveu um inferno

Nada pra ela dava certo

Além de Peito de Bala

Caiu na cabeça uma laje de concreto

Quase que lhe mata com o filho

Sua vida virou um deserto.

Esmeraldino ao saber disso

Se vingou e fez promessa

Queria Peito de Bala

Ela ainda lhe interessa

“O resto se resolve depois”

Dizia isso com muita pressa.

Delano queria ser segurança apenas

Não de Astrogilda, marido

Vivia a reclamar da vida

O cabra era até bem parecido

E solicitou de Astrogilda

A volta ao que ela tinha perdido.

Peito de Bala ficou brava

E jurou a Delano vingança

“Pra Esmeraldino não volto”

Matando do ex toda a esperança

Delano começou a cair fora

Quando ela esperava uma criança.

“Os homens são assim mesmo”

Era esse da mulher a reclamação

Enjoada e sem ninguém por perto

Sentiu falta de sua ex-paixão

Esmeraldino vibrava com a tese

De tê-la de novo em seu coração.

Astrogilda deu um ultimato

E Delano nada acatou

De garra de um donzela

O cara logo se juntou

E Peito de Bala sem nada entender

Foi se entender com seu ex-amor.

Buchuda de sete meses

O menino crescia na barriga

Enquanto Astrogilda voltava

Aos braços daquela paixão antiga

E nascia nela toda certeza

Enquanto Delano “tá com rapariga”.

Esmeraldino era só alegria

E o filho do outro prometeu criar

Os dois esperando um terceiro

De novo foram se juntar

E pra felicidade de Esmeraldino

Delano já ia se casar.

Astrogilda deu a luz

Ao menino Esmeraldino Filho

Uma homenagem bem prestada

Com muito orgulho e brilho

E assim crescia Dino

Que caminhava em cima de trilho.

A mãe Astrogilda gritava

E Dino era um capeta

Vivia aprontando todas

Tinha uma membro perneta

Esmeraldino filho era fogo

Vivia montado em besta.

Esmeraldino coruja

Pro filho tudo fazer

Enquanto Peito de Bala

Já não tinha mais prazer

Um menino impulsivo

Vivia só para o lazer.

F I M

João Pessoa-PB, 29 de setembro de 1994

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 22/09/2024
Reeditado em 22/09/2024
Código do texto: T8157384
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