O SOPRO DAS ÁGUAS NA AMAZÔNIA

Nos rios do Amazonas, a seca chegou,

Quatrocentos mil almas, a dor se instaurou,

Em sessenta e dois municípios, a emergência,

A vida se torna dura, sem clemência,

Mais de cento e quinze mil famílias a padecer,

Na estiagem cruel, a luta a crescer.

Cidades em crise, insumos a faltar,

O preço dos produtos não para de aumentar,

As comunidades isoladas, sem acesso ao pão,

O clamor da floresta, um grito em vão,

A previsão é sombria, a seca é severa,

Em dois mil e vinte e quatro, a dor é sincera.

Manaus se transforma, a orla a mudar,

Bancos de areia fazem os barcos recuar,

Distâncias se alongam, os passos são lentos,

Os visitantes sofrem, não há mais alentos,

O Rio Negro clama, com seus níveis a cair,

A seca se agrava, difícil de sentir.

Em agosto, a queda foi alarmante,

Cinco metros a menos, um dado impactante,

A Defesa Civil observa, a crise é real,

A seca é um peso, um fardo colossal,

O pesquisador Senna, com voz de prudência,

Avisa que a seca é de enorme ferocidade.

O El Niño se alastra, o Oceano em calor,

Alterando o clima, sem dó nem temor,

As nuvens se vão, e a chuva não vem,

A Amazônia chora, o futuro é um além,

As bacias hidrográficas, secas e vazias,

Um ciclo de dor, mil agonias.

O Solimões caminha, suas águas a minguar,

A menor cota já vista, difícil de suportar,

Três calhas em curso, a história a se fazer,

A seca avança firme, sem nada a deter,

Benjamin Constant e Atalaia, um isolamento,

A vida se complica, é só sofrimento.

Assistência é chegada, o governo a agir,

Trinta e um purificadores, a água a servir,

Caixas d’água enviadas, um alento a brotar,

Medicamentos chegam, é preciso cuidar,

Duzentas toneladas, um esforço a valer,

Mas a seca persiste, não quer se deter.

O Ipaam em combate, a lei a cumprir,

Embargos e multas, a fauna a proteger,

Com mais de treze mil focos, o fogo a arder,

Os bombeiros lutando, a vida a defender,

A operação avança, um plano a seguir,

Mas a floresta grita, pede por um porvir.

As queimadas são chagas, a Amazônia em dor,

A secura é um grito, a vida sem amor,

A natureza clama, um pedido urgente,

Que a chuva retorne, que o céu seja contente,

O povo amazônico, forte em seu lamento,

Na adversidade, renasce o sentimento.

O cordel se despede, mas a luta é eterna,

A seca no Amazonas, uma prova moderna,

Que as águas voltem, que a vida resplandeça,

Que a esperança firme não se esmoreça,

O povo em união, sempre a resistir,

No coração da Amazônia, o sonho a florir.