Sou negro
É lá da gente africana
O sangue que corre em mim
Nos escravizaram, sim!
Da forma mais desumana.
E na lavoura de cana
Nos fizeram de trator
Mas posso hoje me impor
Reagindo ao preconceito.
Sou negro, mas não aceito
Ser julgado pela cor
Com todos quero ser franco:
Sou parte da resistência .
Denuncio a violência
Que nos fez o homem branco.
Não aceito estar no banco
Obedecendo ao um senhor
Dou eu mesmo o meu valor
Quem já viu cor ser defeito?
Sou negro, mas não aceito
Ser julgado pela cor
Como Zumbi dos Palmares
Eu nasci para ser bravo
Eu sinto a dor do escravo
Que se espalha pelos mares
Voo e corto os mesmos ares
De Castro Alves, o Condor.
Ele delatou a dor
Eu continuo o seu feito
Sou negro, mas não aceito
Ser julgado pela cor
Quem tem sensibilidade
O preconceito repele
Pois não é cor da pele
Que nos imbui qualidade
A minha "africanidade"
Conduzo pra onde eu for
Eu vivo de me expor
Reivindico o meu direito
Sou negro, mas não aceito
Se julgado pela cor
Dimicio Proença Filho
Por todos devem ser visto
Tem Conceição Evaristo
Que na escrita põe brilho
Encarando o empecilho
Louvo Gama, um precursor
A delatar o terror
Que aqui no Brasil foi feito
Sou negro mas, não aceito
Ser julgado pela cor
Sei que muito ao negro falta
Falta reconhecimento
Falta mais envolvimento
Falta a fala que exalta
Falta uma posição alta
De juiz ou senador
Falta quem nos dê valor
Mas vim pra cobrar respeito
Sou negro, mas não aceito
Ser julgado pela cor
Joacir Rocha