O POETEIRO
Certo dia entre tantos dias
Por volta de muitas horas,
Um poeta sem muito entender
Era aplaudido por belas senhoras,
Seu rosto tinha rugas de letras
E falava somente através de metáforas.
Mulheres a chamavam de poeteiro
E ele calado apenas sorria,
Seus versos de amor encantavam
E era festa correndo naquele dia,
Brincando de rimas com as presentes
O poeteiro o sucesso não entendia.
O poema que da sua boca passava
Encontrava vida em todo feminino,
Seu apelido foi gravado na memória
De quem mais tinha por ele mimo,
Uma jovem beirando seus cinquentas
Se apaixonara loucamente pelo menino.
Preciso encerrar este momento
E não mais falar do que sucedera,
O descontrole da palavra antes dita
Que mais tarde a febre excedera,
O poeteiro trocou a maçã do gostar
E foi viver nos braços de uma pera.
Poetisar é preciso meu povo
Quando tudo é indecisão
Criar faz parte desta vida
Que nos dá tanta precisão
De trilhar em cada verso
No ofício gravado da criação.
O poeteiro é o nosso poeta
Não importa o momento
Se ele escreve versos
De amor e de sofrimento
O poeteiro é pessoa do além
Na dor do bem e no tormento.
Poetas e Poetisas do Brasil
A poesia é a nossa dama
O termo de poeteiro
Não faz rima com lama
Deus tomara que eu termine
Antes deu ir lá pra cama.
O poeteiro é inspirador
E faz glosa com putaria
Rima amor com fé
E perdão com poesia
O poeta é escravo
De sua própria agonia.
Eu sou poeteiro dos bons
E ninguém vai me vencer
Quando eu boto a estrofe
Tudo pode acontecer
Eu acendo o candeeiro
E boto tudo pra ferver.
Batendo com as rimas
Enlatadas de pura paixão
Novo cordel surgirá
Todo perverso de ação
Onde houver incerteza
Juventude virá com mais razão.
Um cordel é muito pouco
Não há como citar uma canção
Isso é cordelista que faz
Bem dentro do coração
Onde haja amor e paz
Realiza-se aí a produção.
Pontilhando meus sentimentos
Numa agulha de costureira
Passei por um buraco
E foi assim de primeira
Rompi o que pensava
Era tudo brincadeira.
Meu coração partido
Se fez naquele dia
A costureira da sala
Tinha o nome de Maria
No rosto um silêncio
No falar uma alegria.
E assim sair correndo
Como nada entender
Gritei pra todo mundo
Ninguém quis me responder
A costureira Maria
De nada quis saber.
E eu sabendo de tudo
Fugia de mim a emoção
Fingia que ouvia o mundo
Como uma bela canção
Pensei que tudo era lindo
Não preparei à ingratidão.
A agulha e a linha no tempo
São irmãos da minha vó
As duas queriam logo ela
Que na costura dava um nó
Eu ali tão bem pequenino
Na cozinha olhando o sol.
Quando a gente é criança
Em tudo tem sentimento
Pensa calado no canto
E olha este firmamento
Pensa até em um nome
Porque fui me chamar Bento.
Meu pensar é um mistério
Que atravessa meu crescer
Quando eu era pequeno
De tudo queria logo saber
Andava descalço pelas calçadas
E só voltava ao anoitecer.
Poesia é água corrente
Na veia de uma correnteza
Invade o sentimento humano
E destrói por completo a beleza
Deixa todo o mundo igual
Num repente de uma peleja.
As águas que correm no peito
De um poeta de letras populares
Transformam vidas em sonhos
É poesia em eventos espetaculares
Um banho que lembra saudades
Em correntezas em vias circulares.
O poeta e a poesia são únicos
Na terra da arte brasileira
Cada frase que a mente cria
É poesia que anda ligeira
O poeta pega a caneta
E responde com uma rasteira.
A água das nossas criações
É vida brotando a céu aberto
Deságua nos rios da saudade
E quebra o sigilo do concreto
Bate de frente com a incerteza
E faz certeza no tempo certo.
Poesia é água corrente
Na veia de uma correnteza
Invade o sentimento humano
E destrói por completo a beleza
Deixa todo o mundo igual
Num repente de uma peleja.
As águas que correm no peito
De um poeta de letras populares
Transformam vidas em sonhos
É poesia em eventos espetaculares
Um banho que lembra saudades
Em correntezas em vias circulares.
O poeta e a poesia são únicos
Na terra da arte brasileira
Cada frase que a mente cria
É poesia que anda ligeira
O poeta pega a caneta
E responde com uma rasteira.
A água das nossas criações
É vida brotando a céu aberto
Deságua nos rios da saudade
E quebra o sigilo do concreto
Bate de frente com a incerteza
E faz certeza no tempo certo.
A poesia do poeta é vida
Que nasce e vai embora
Ele pega ela pelo rabo
E às vezes joga ela fora
Poesia de toda esta rima
Para Senhor e pra Senhora.
O Poeteiro é Poeta sim
É poeta, é cordelista
Caminha entre as rimas
E nelas se faz artista
No cordel deste Brasil
O autor é um grande ativista.
Poeta do meu Brasil
Sou conhecido poeteiro
Faço versos de amor
Inclusive pra macumbeiro
Meu negócio é poesia
E conviver com cachaceiro.
O poeteiro faz uma poesia
E espera de toda plateia
Um aplauso bem caloroso
Que lhe faça nova ideia
De vencer o grande lobo
Como chefe da alcateia.
O poeteiro se abusa e faz
Tudo que tem no pensamento
Agride com suas palavras
Das ações o movimento
O sinônimo que lhe resta
É sair de um constrangimento.
O poeta é dono de si
E se torna desde já poeteiro
Arregaça a manga do verso
E cria o cordel brasileiro
Nas estrofes dedilhadas
Ele sempre é o primeiro.
E aqui vou terminando
Cumprindo esta missão
Fica aqui o meu recado
E a minha inteira gratidão
De versar com o poeteiro
Esta frase de reflexão.
FIM
João Pessoa-PB, 08 de outubro de 2000.