CHICA DOIDA
Passo a todos contar
Com bastante convicção
A história de Chica
Nesta tal situação
Ciumenta sem tamanho
Com aquele olhar castanho
Nada tinha satisfação.
Chica de Seu Quinca
Doida de dar olé
Casou-se com Birimba
Apelidado de Pelé
Chica era tão ciumenta
Até de uma jumenta
Criada por Seu Mané.
Coitada dessa jumenta
Quando Chica lhe pegou
Deu na coitada uma surra
E de nada Pelé gostou
Foi aquela confusão
Naquela povoação
Me disse o velho Nonô.
A jumenta passando mal
Foi direto se tratar
Pelé inconformado
Com Chica foi conversar
Chica lhe deu um soco
Disse que era o troco
E começou logo a peidar.
Quando ela tinha raiva
Peido muito soltava
E um bocado saía
Logo quando pulava
A mãe dela tristonha
Por nome de Tonha
Ali somente chorava.
Chica tinha ciúme
Até de ventania
O vento que ali soprava
Dali logo corria
Ela tinha tanto ciúme
Que não usava perfume
Dizendo que ele fedia.
Birimba muito aguentou
E quase foi à falência
Levou muito rela
Como fosse penitência
Chica doida ficando
Ele se lamentando
Naquela maledicência.
A jumenta toda quebrada
Não podia nem rinchar
Que Chica ficava doida
E começava a pular
O peido vinha em seguida
Assim era sua vida
Quando ela ia peidar.
Pelé num dia desse
Pensando no que fazer
Chamou Chica de lado
Só pra se entreter
Porque naquela cidade
Era festa na mocidade
E Chica não ia entender.
O tempo se passando
E Seu Quinca revoltado
Com a filha que tinha
De ciúme destemperado
Pelé o seu marido
Vivia sempre sentido
E no canto amuado.
Chica tão revoltada
Não sabia compreender
Porque o tal ciúme
Fazia ela sofrer
Todo dia era assim
Aquela vida ruim
Vida dura de roer.
A jumenta não gostava
De história de ciúme
Dava rincho pela calçada
Esbarrando no estrume
Essa jumenta chorava
Chica não aguentava
Não suportava o perfume.
Assim eu concretizo
Neste cordel brasileiro
O que fez a tal Chica
No viver aventureiro
Um marido revoltado
Que foi logo trancafiado
Por seu amor verdadeiro.
FIM
João Pessoa-PB, 14 de agosto de 2019.