DIÁLOGO ENTRE VIDA E MORTE

Eu me encontrava dormindo

Quando isso me aconteceu.

A Vida estava tão triste

Então a Morte apareceu

Foi dando um riso e parou

E a Vida só percebeu.

As duas ali me olhando

Ninguém quis foi se meter.

O lugar muito lindo

Será que eu vir perecer?

A Morte não tinha foice

Mas eu queria viver.

A Vida é um mistério

Com o olhar encantador

Isto no sonho provei

Quando ela pra mim olhou

Dando aquele seu sorriso

Que me transmitia amor.

A Morte só em silêncio

Queria dialogar.

A Vida por outro lado

Deixando o tempo passar

Pra essa peleja arretada

Que o meu sonho fez contar.

A Vida com letra V

A tal morte com M vinha

Naquele sonho que tive

Fiquei somente na minha

Foi a palavra que eu captei

Dum trem passando na linha.

V - Morte o que queres de mim?

Não me venhas com rodeios

Fale tudo que tu sentes

Deixe no canto os arreios.

Ao ver-te aqui chegando

Meu coração furou os seios.

M - Caríssima dona Vida

Como tens passado os anos?

Eu aqui só me sinto bem

Pois sempre tenho meus planos

Às vezes erro nas contas

Faz parte dos desenganos.

V - Por que mesmo estás aqui

Se distante tu estarias?

Tu não podes me ver triste

Que sentes só agonias?

Chegas assim de mansinho

Para saber dos meus dias?

M - OH! Desculpe minha Vida

Ando bem preocupada

Você tão tristonha assim

Parece ficar calada.

Continuo no direito

Eu não tenho hora marcada.

V - Nunca foi da sua conta

Essa singela maneira.

Estou assim, nem mesmo sei

Isto não é brincadeira.

Pra ti tudo é normal

E quer sempre dá rasteira?

M - Alto lá minha mamãe

A coisa não é assim

Fui chegando calada

Não pensei coisa ruim

Só preciso de você

E você também de mim.

V - Muito pelo contrário

De tu não preciso tanto.

Sei o que é tua importância

Em qualquer um desse canto.

Não quero brigar contigo

Respeite meu desencanto.

M - Está sim, desencantada

Sociedade mundana.

Eu sei tão bem do que pensa

E do que sempre reclama

Ela nunca te agradece

Quando sim, está na lama.

V - É verdade, disso sei

Esse mundo está virado

Só você não vai dar jeito

Tendo esse povo matado.

Venha quando chegar a hora

Pra pagar todo pecado.

M - Que pecado? Ele não existe

É coisa da própria Vida.

Eu sou prego bem batido

Nunca tem volta, só ida.

Você dá muita chance

E não cura essa ferida.

V - Em nome da boa luta

Faço tão bem como eu quero.

Não se meta no que faço

Porque se não desespero

Me respeite cara amiga

Pro mundo ser mais sincero.

M - A fala, sinceridade

Não tem muita importância.

Por onde passo ouço bem

Tanto choro de ignorância.

São as ordens superiores

Faço toda a vigilância.

V - Eu sei minha cara Morte

Do que você se refere

Poucos que possuem tantos

O outro somente se fere

Não valorizam ninguém

E esse povo não confere.

M - Isto é tua questão

Você pode desfazer

Esta questão é tão pouca

E você deve saber

Dá um trabalho essa gente

Para ela sobreviver.

V - Alguns têm a consciência

Outros querem adquirir.

Andam com pressas no tempo

Só pensam em possuir.

Esta tristeza que eu sinto

Pra ti não posso mentir.

M - É verdade, cara amiga

Essa vasta eternidade.

Não sabem dessa existência

Pessoas na insanidade

Sofrendo, se arrependendo

Maldita sociedade!

V - Morte, como tens passado

A hora já está marcada?

O político, tu viste?

E essa guerra planejada?

Fico sentida por todos

Só me deixam maltratada.

M - Não gosto de explicação

Do que fiz e do que faço

Se já está na hora de ir

Vou lá e lhe dou um abraço

Na Política e na Guerra

Todo aquele povo traço.

V - Se tem o que é ruim

Tu vais logo se chegando.

Ficas louca da cabeça

Esse povo está se armando

Mete dedo no gatilho

Pro rico que está matando.

M - É claro que bem sei disso

E muito mais você

Nós somos a mesma coisa

O mundo deve saber.

Se tu queres a certeza

Em mim você pode crer.

V - Tudo que eu pude fazer

Só achei insatisfação

É o poder que tu gostas

Matando essa criação.

Tu ficas assim na espreita

Sem nada de precisão.

M - Quem te manda ser tão besta

E ter tanta prepotência?

Como você vai se armar

Para acabar violência?

Essa política eu adoro

Malempregada ciência.

V - Não é assim que se fala

Que nada é tão perfeito.

Eu sei que há gente do bem

Que vive só no direito

Os outros sim, são perversos

Ser ruim de qualquer jeito.

M - Eu não preciso dizer

O povo já ouviu.

Quem não entende isso direito

Na certa já partiu

Eu pego gente no mundo

Muito mais no Brasil.

V - Me permita cara Morte

Encerrar esta peleja.

Obrigado na visita

Ninguém aqui te deseja

Saia logo como entrou

E Deus do Céu te proteja!

M - Eu não quero te entender

Que peleja tás falando?

O povo morre mais cedo?

O que tava comentando?

Oh! Vida, eu já vou simbora

Tem gente assim se matando.

Logo após que me acordei

Fiquei na Vida pensando

O que é a morte, diga?

Talvez, um filme passando!

Só que este simples cordel

Eu vivo e vou terminando.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 17/09/2024
Reeditado em 17/09/2024
Código do texto: T8154050
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.