Cena de separação
- Narrador:
É muito dificultosa
A tal da tal da relação,
Inda mais quando descoberta
Mais uma traição.
Pois é esse o ocorrido,
Pede desculpa um marido
Nesta cena de separação.
- Marido:
Muié, venha comigo,
Me tire desse castigo
De não tá do seu lado.
Principe apaixonado,
Besta abobalhado,
Nem sei como tenho passado.
Sei que distanciado
Vou findar encaixotado.
- Narrador:
Por aquele arrependimento.
A mulher não é afetada
Ouviu tudo com respeito,
Mas se levanta indignada
Fica atento o marido
Pra mulher lhe puxar o ouvido
E dar uma esculhambada
- Mulher:
Canalha, cachorro,
Fulera, encosto.
Tu tais desajuizado.
Ficando velho, esclerosado.
Vamo deixando de caningado,
Que tu é muito é safado.
Merece mesmo o que é do gado.
Finda melhor enterrado.
- Narrador:
Como em toda família
Lugar de briga é no terreiro.
A mãe vendo sua filha
Quer pôr o dedo no meio.
Entra como advogada,
Diz que é parte interessada
No processo alheio.
- Mãe:
Mulher, deixe de coisa,
Homem tem essas safadeza.
Tudinho é dessa maneira.
Não tem pra que essa besteira.
Tu és dele a parideira.
Tu és dele a primeira.
Dele fiel escudeira.
Basta de tanta choradeira.
- Narrador:
Pela sogra ajudado
O marido ganha um gás
Talvez com carinho
O argumento seja eficaz
Abrilhanta sua fala
Com lindas e belas palavras
Que só um homem é capaz.
- Marido:
Ói, mãe a gente escuta
Sem pensar nem fazer pergunta.
Por ti meu coração batuca.
Se vez ou outra
Toca outra música,
É faixa de duração curta.
És tu minha canção mais pura,
Melodia que em meu peito dura.
- Mulher:
Duro uma desgraça.
Por certo sou palhaça?
Manter uma relação fracassada,
Com um traste que só pensa em farra,
Quenga e cachaça.
Enquanto eu em casa
Servindo de empregada
E de suporte pra gaia.
- Narrador:
O nó tava arrochando
Era complicada a situação
Até o filho também foi entrando
Naquele discursão
Suplicou a criança,
No amor tinha esperança
O fruto daquela relação.
- Filho:
Mainha, por favor,
Perdoe painho, em nome do senhor.
Por ti ele sente amor.
Um dia desse até lhe abraçou.
Certa vez te deu uma flor.
No natal nem se amostrou,
Bebeu pouco e nem falou alto.
Homem desse, pela senhora, é apaixonado.
- Mulher:
Menino, deixe de zuada.
Tu és mesmo fi dessa praga.
Mas sou eu quem se lasca
Lavando roupa,
Lavando louça,
Papel de mãe e dona de casa.
Termino é recompensada
Com a cabeça enramada.
- Narrador:
Já faltava esperança
O beco tava estreito
Nem com a fala da criança
A situação teve jeito
Ia ter que apelar
Daquela culpa se livrar
Tirar o reto do meio.
- Marido:
O que é isso, minha fia?
Vai acabar nossa famia.
Não deixe um pai sem sua cria.
Ouça em sua mãe a sabedoria.
Isso é coisa de sua cabeça,
Só te peço que esqueça
Prometo que não mais aconteça
Pois tu és o amor de minha vida.
- Mulher:
Eu acabar?
Se tu que nem deixou começar.
Sempre fui usada.
Só me quis pra ser escrava
E vez enquanto acasalar.
Vou por fim a essa sina
De objeto sem valia.
Preciso é me amar!