CORDEL DO OTIMISTA

Silva Filho

(repaginado)

 

O sujeito otimista

Não aceita confusão

Não vê chance de tragédia

Na onda da inflação

E por mais que se insista

Prefere perder de vista

O estrago do ladrão.

 

Não teme bala perdida

Nem carro desgovernado

Não tem medo de bueiro

Que pode ser detonado

E se vem uma avalanche

Ele diz que tem a chance

De ser logo resgatado.

 

Não tem medo de torcida

Que se diz organizada

Muito menos de despacho

Em qualquer encruzilhada

E ao passar no cemitério

Não admite mistério

Com uma alma penada.

 

Não tem medo de boatos

Sobre Bolsa de Valores

Não vê o mundo quebrar

Só com os simples rumores

E no mundo conturbado

Não se acha perturbado

E não sente dissabores.

 

Não teme um tsunami

Terremoto ou tufão

Tempestades tropicais

Muito raio e trovão

Não perde a felicidade

Quando falta umidade

No ar que vai ao pulmão.

 

Não vê problema na seca

Muito menos na enchente

A seca traz a verdade

E a água traz a corrente

O Ser Humano resiste

Um momento muito triste

Que transforma muita gente.

 

O otimista, na verdade

É um sujeito destemido

Que não liga pra revés

Nem pro mundo corrompido

Vivendo de esperança

Acredita que alcança

Um mundo mais colorido.