MARIETA, JULIETA E ANTONIETA

Vou tentar de todo jeito

Esta história aprimorar

O cordel faz sua parte

Eu só vou colaborar

Marieta está carente

Vamos ver no que vai dar.

O cordel em cada ato

Vem correndo com Marieta

Lá na frente ela tropeça

Ganha a filha Antonieta

Depois de um fracasso

Vai chegando Julieta.

Seu Aderaldo tinha uma filha

Que se chamava Antonieta

De dia dançava coco

De noite tocava corneta

Ela não nasceu normal

Dizia assim Dona Marieta.

Marieta era a mulher

De Aderaldo Laurentino

Cantava numa boate

E gostava de Rufino

Que morava na Ribeira

Tão triste foi o seu destino.

Destino de muita gente

É viver sem ter cuidado

O que aconteceu com Rufino

Não é bom nem ser lembrado

Ele foi pego pelas costas

Pelo sujeito Aderaldo.

Aderaldo era um corno

Que amava a Marieta

Contratou um segurança

E lhe deu muita gorjeta

Pra vigiar a sua filha

Por nome de Antonieta.

Antonieta era uma artista

Que gostava de dançar

O seu pai tinha ciúme

Não lhe deixava namorar

Foi aí que o Rufino

Numa fria foi entrar.

Entrar é muito fácil

Sair é mais complicado

O corno quando pressente

Fica um tanto delicado

O coitado do Rufino

Teve um ovo arrancado.

Arrancado o seu instrumento

Haja dor no cidadão

Rufino gritava tanto

Que doía o coração

Aderaldo se lamentava

Por aquela situação.

Situação causada por ele

Com ciúme da Marieta

Que sabia que aquilo tudo

Era culpada a Julieta

Uma invejosa dançarina

Do Pastoril do Faceta.

Faceta era um grande mestre

Que muita fama enfrentou

A dançarina Julieta

De tudo aquilo desfrutou

Com ciúme do moço Rufino

Ao corno foi tudo contar.

Contar o que não viu

E quase mata o menino

Com tanto sangue no saco

Se assombrava o Rufino

Que mesmo assim foi dá parte

Ao delegado Pedro Quirino.

Quirino cabra da peste

Chefe daquela diligência

Ordenou o tal Rufino

Abrir logo uma ocorrência

Dizer tudo que se passou

Com bastante paciência.

Paciência foi a palavra

Que Rufino nunca pediu

Com tanta dor no escroto

Ele tentou e até sorriu

Foi tratado ali mesmo

Pelo cabo Zé de Biu.

Biu grande enfermeiro

Daquela velha cadeia

Gostava de muita prosa

Quando preciso dava peia

Botou no ovo de Rufino

Bosta de cabra e areia.

Areia quase que lasca

A saúde do dito cujo

Que se esperneava todo

Com o ovo ficando sujo

Biu preparou pra ele

Uma gosma de caramujo.

Caramujo foi a salvação

Daquele pobre coitado

Que chorou a noite inteira

Mas ficou ali curado

Culpa daquele corno

Que se chamava Aderaldo.

Aderaldo chegou em casa

E procurou a Marieta

Que não sabia onde estava

A sua filha Antonieta

Rapidamente o Aderaldo

Foi buscar a sua corneta.

Corneta que estava ali

Num canto bem escondido

Naquele grande momento

Ninguém havia mexido

Aderaldo não respirou

E saiu muito sentido.

Sentido era a palavra

Que cabia no momento

Aderaldo sabendo disso

Foi livrar o sofrimento

Procurou a filha amada

Por toda aquela Livramento.

Livramento era a cidade

Que muita gente incomoda

Antonieta era dançarina

Da dança do coco de roda

A cultura daquela cidade

Até hoje está na moda.

Rufino de um ovo só

Botou o olho em Marieta

Fez folia com a mulher

E ficou com Antonieta

Aderaldo ficou pensando

E criou uma motreta.

Convidou o tal Rufino

Para uma festa popular

Que os dez primeiros

Podiam no recinto entrar

Não se pagaria nada

Era só na casa chegar.

A festa estava tão boa

E Rufino já desconfiado

Olhava o tempo lá fora

E ficava bem reservado

Só queria lhe dá fim

O sujeito Aderaldo.

Marieta tão descuidada

Não sabia o que fazer

O amante lá na festa

Sem de nada saber

Aderaldo seu marido

Ia Rufino fazer sofrer.

Só Deus sabe o sofrimento

Daquele corno Aderaldo

Perdeu sua mulher

Praquele bom soldado

Que também teve a filha

Com o coração fisgado.

Rufino muito esperto

Fez uma cirurgia

Ajeitou o ovo esquerdo

E voltou à putaria

Marieta e Antonieta

Só tiveram alegria.

Aderaldo se mudou

Pra morar noutra cidade

Não teve mais equilíbrio

Perdeu a sua santidade

Ficou muito desgostoso

Quando soube da virgindade.

Sua filha Antonieta

Era pura e sagrada

Mas o danado de Rufino

Não quis saber de nada

Resolveu aquela questão

Tomando uma só gemada.

Julieta inconformada

Resolveu logo a questão

Foi morar com Aderaldo

E fez dele um cornão

Lhe traiu com o Rufino

No dia da procissão.

Rufino muito devoto

Levava sempre o andor

Neste dia na cidade

Fazia um grande calor

Julieta bem descuidada

Mais uma vez se entregou.

Ele levou a dita cuja

Pra casa onde morava

Com Marieta e Antonieta

A relação se esquentava

Foi quando entrou a Julieta

Na brincadeira que rolava.

Finda-se aqui uma aventura

Neste cordel foi transmitida

Julieta e Aderaldo

Hoje vivem bem de vida

Rufino deixou as duas

E fez uma partida.

Morreu o tal Rufino

Mora sim do outro lado

Antonieta se casou

Marieta e Aderaldo

Cada um no seu lugar

Pagando o seu pecado.

FIM

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 2009.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 08/09/2024
Código do texto: T8146902
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