O CABRA DA PESTE E O PANDEIRO PARAIBANO

O Cordel se preocupou

Quis ele ser o primeiro

Falar do Cabra da Peste

Num ritmo bem verdadeiro

Jackson foi nosso Maestro

Tocando o seu pandeiro.

Jackson nome de pandeiro

Paraibano musical

O Cordel é força rara

Vai botar neste jornal

A história deste cabra

Um cantor sensacional.

Você nunca ouviu

E ninguém nunca contou

O encontro de Jackson

Com instrumento de valor

Falo do nobre pandeiro

Que este cabra tocou.

Nascido em Alagoa

Que foi Grande no terreiro

Esta cidade brejeira

Deu um tiro tão certeiro

Do bucho da mulher Flora

Vem um cantor brasileiro.

Brotado naquele ventre

Começou logo a cantar

Queria uma sanfona

Não tinha como comprar

Sua mãe Flora Mourão

Fez o filho enxergar.

Ele foi um baterista

Fez brilhante execução

Tocou em Campina Grande

Foi grande agitação

O povo pedia bis

Nas garras da percussão.

Toda noite o rapaz

No Clube se apresentava

Sempre cantando e tocando

E o tempo ali passava

Veio pra João Pessoa

Sua fama aumentava.

Foi na Rádio Tabajara

Uma dupla se formou

Jackson junto de Rosil

A Paraíba gostou

Nasceu o grande sucesso

Recife o consagrou.

Foi dado um grande passo

Deste grande paraibano

Seu gingado nordestino

Marcava aquele ano

Já de posse do pandeiro

Dançava feito cigano.

Jackson tocou seu pandeiro

Um par mais do que perfeito

A dança se completava

Almira metia peito

A dupla tão comentada

Pro cinema levou jeito.

A dupla fez até filme

Muito forró nordestino

Almira Castilho dança

E Jackson é o menino

Dançando, também sambando

Construíram seu destino.

O pandeiro bem ali

Deu muita alegria

Jackson tocou tanto nele

Com enorme maestria

Ao lado de Almira

Virgem Nossa, que folia.

Jackson e o seu pandeiro

Botaram foi pra valer

O pandeiro virou a noite

E foi se comprometer

Com aquele novo ritmo

Que veio logo nascer.

Um título recebeu

Naquele dito momento

Chamado de Rei do Ritmo

Fazia grande movimento

Com sua Almira Castilho

Realizou o casamento.

Pandeiro serve Jackson

Como um grande parceiro

O seu fiel instrumento

Era tão bom companheiro

As mãos deste Paraíba

Foram firmes no pandeiro.

Campina, João Pessoa

No Recife ou no Rio

Jackson deu o seu recado

Feito fogo em pavio

Viajando nas estradas

Tantas vezes no navio.

Foi no Rio de Janeiro

Canal de televisão

Que Jackson se completou

Respeitado no baião

Havia já Luiz Gonzaga

Que cantava o sertão.

Jackson logo se chegava

Na língua zona urbana

Tocando o seu pandeiro

A canção Sebastiana

Agradando as mocinhas

E a mulher balzaquiana.

O pandeiro é ritmista

Foi sua simbologia

Nosso maestro Jackson

Que nos deu a garantia

No tempo e no compasso

Sua metodologia.

A Paraíba tem história

Tantas são pra se contar

Jackson viveu só cantando

Sem nunca se afastar

Cantou pra rico e pobre

E fez multidão cantar.

Na terra, como na água

Jackson foi se exibindo

Ao lado da mulher

O povo se permitindo

Ver aquele Rei do Ritmo

Cantando e se fingindo.

O povo todo agradece

À nobreza de artista

De posse de seu pandeiro

Era sempre o ritmista

Por onde ele passou

O exibicionista.

O pandeiro paraibano

Quem pegou foi tocador

Lá no Forró em Limoeiro

Jackson foi o vencedor

Com seus olhos bem vendados

O cabra muito dançou.

Bate pandeiro danado

Na Terra da Paraíba

Clama o povo dançante

Que mora aqui em riba

Pra dançar aquele coco

Debaixo da macaíba.

Jackson bem consolidou

No fiel representante

Das coisas bem nordestinas

Com Rosil Cavalcanti

O parceiro musical

Que foram mais adiante.

Jackson e o seu pandeiro

Formou-se uma pareia

Nunca ninguém ficou só

No cantar de uma sereia

Lá na praia ou no mato

Se deixasse havia peia.

Ele ficou conhecido

Como o Cabra da Peste

Com samba de qualidade

Tocou em todo Nordeste

Invadindo toda rádio

Do Sul e do Sudeste.

Foi assim por muito tempo

Todo mundo disso sabe

Falar do Rei do Ritmo

Cordel sozinho não cabe

Enquanto houver pandeiro

Jackson nunca se acabe.

A música paraibana

Ao filho agradece

Na destreza duma mão

Recordações nos oferece

Jackson toca seu pandeiro

E tudo bom acontece.

Paraíba toda sabe

Onde toca o pandeiro

Em todo lugar que ando

Ouço o som zombeteiro

O Rei do Ritmo cantando

Pra o povo brasileiro.

Cem anos dessa história

O Cordel tentou contar

De forma muito simples

Um Jackson bem popular

Com seu pandeiro moleque

Fez muita gente sambar.

Centenário de Jackson

O Nordeste se lembrou

Nobre Cordel Brasileiro

Do feito participou

A Paraíba ama o filho

Onde tudo começou.

FIM

João Pessoa-PB, 31de agosto de 2019.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 06/09/2024
Código do texto: T8145889
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