Senhor Chefe da nação
SENHOR CHEFE DA NAÇÃO
Senhor, eu nunca usei terno
Não sei dar nó de gravata
Mas sei andar pela mata
Seja na seca ou inverno
O senhor, homem moderno
Se me ler me dá razão
Por que ferir um irmão
Noutra região nascido?
Um Paraíba é sentido
Senhor chefe da nação
Meu Nordeste, presidente,
Reage ao seu preconceito
O senhor não foi eleito
Pelos sulistas somente
Não se acha incoerente
Com o que pregou na eleição?
Será na sua gestão
O Nordeste separado?
Não está equivocado
Senhor chefe da nação?
Não sei por que sua fala
De ódio é assim tão chula
É o fantasma de Lula
Pairando na sua sala?
É ele que lhe entala?
Desculpe a intromissão
Eu só quero explicação
Que o senhor não se zangue
Dos paraibas não mangue,
Senhor chefe da nação
Com lagarto a gente escapa
Até cobra a gente come
Mas temos Silva no nome...
Pra o senhor isso é um tapa
Verifique bem o mapa
Somos uma região
Sua depreciação
A nossa união instiga
Nós compramos essa briga
Senhor chefe da nação
O seu ódio é corrosivo
Contra o povo nordestino
Destilado em Flávio Dino
Do modo mais agressivo
E temos mais um motivo
Pra pedir separação
Solidário ao Maranhão
O Nordeste faz protesto
Não nos trate como resto,
Senhor chefe da nação
A bíblia que era exposta
Durante a campanha suja
Não dizia a dita cuja
Que a maldade a Deus desgosta?
A palavra foi imposta?
Cristo foi pregado em vão
Tudo foi tapeacão
E o diabo entrou no poder?
Isso me faz parecer
Senhor chefe da nação
*O mal por si se destrói*
Eu acredito no dito
Morreu o grito de mito
E a crença no herói
Hoje o seu discurso dói
Como a seca na sertão
Mas resistir é missão
Não queira nos pôr a prova
Você cava a própria cova
Senhor chefe da nação
Em nome do meu Nordeste
Assino o texto singelo
Quem não se rende ao flagelo
Saiba: passa em qualquer teste
Sou mesmo um cabra da peste
Não aceito humilhação
Fecho uma brasa na mão
Minha pele é resistente
Curtida pelo sol quente
Senhor chefe da nação
Caso o senhor não entenda
Esse meu palavreado
Chame um homem do roçado
Com certeza ele desvenda
Por favor! não mais ofenda
Quem tem forte opinião
Paraíbas!? Diga não
Porque assanha um inchu
Ou pisa em madacaru
Senhor chefe da nação
Poeta Joacir Rocha