XODO DE MENINA
Viajando pela Paraíba
Do Litoral ao Sertão
Tem tanta gente bonita
Que me enche o coração
Cada mulher que vi
Me causou uma tentação.
Na Cidade de Campina
Conheci a Margarida
Filha de uma fazendeira
Que era bem conhecida
Tinha os olhos de uma onça
Que balançou a minha vida.
Passando por Soledade
Avistei Maria Rita
Linda como o jambo
Que a febre logo agita
No olhar quase não dando
Ela quase fica aflita.
Ao chegar em Marizópolis
Dei de cara com Joana
Branca da cor de nuvem
Mas estava na lama
O banho que ela tomou
Me acendeu foi logo a chama.
A quentura que estava em Patos
Nada tinha importância
Foi quando lá encontrei
Uma santa ignorância
Filha de um agricultor
Que me deu sua substância.
Em Pombal também fui lá
E vi uma linda sertaneja
Que levou o meu silêncio
No corpo que se deseja
No sorriso de cabocla
Meu olhar sempre te almeja.
Cajazeiras bem distante
Precisava ser letrado
Encontrei a professora
Que tanto tem me ensinado
Trafegou muito comigo
Mas tudo ficou alado.
Conceição estava perto
E fui depressa para lá
Encontrei uma princesa
E quis comigo ficar
Como estava de passagem
Deixei tudo pra lá.
Na cidade de Ibiara
Tinha menina pra danado
Mas o coração bateu
Pela filha de um soldado
Que morava perto
Daquele grande sobrado.
Fui em Catolé do Rocha
E uma menina me encantou
Me deu tanto poema
E ela mesma recitou
Eu fiquei agradecido
E nunca mais ela me encontrou.
Lá em Brejo do Cruz
Era uma festa junina
E quando olhei de lado
Pense numa bela menina
Os olhos dela brilhavam
Me convidando para cima.
Fui ao encontro dela
E uma amizade aconteceu
Ela usava um vestido
Feito por Bartolomeu
Costureiro respeitado
Que fez logo o terno meu.
Deixei aquela cidade
E fui parar em Santa Luzia
Era Festa de São Pedro
Baião, forró, muita folia
Dei de cara com a Júlia
Que tinha muita alegria.
Eu e Júlia no salão
E a mãe dela espiando
Cada rodada que eu dava
O olho ia espichando
A menina me deu um beijo
E com a mãe foi caminhando.
No outro dia bem cedinho
Pra Campina eu voltei
Queria ver a Margarida
Que muito dela eu gostei
Mas ela estava noiva
Foi isto que encontrei.
Dei meia volta ligeiro
E fui direto a Soledade
Pensando em Maria Rita
Que eu estava com saudade
Ao chegar lá encontrei
Ela na Universidade.
Não podia mais voltar
E ali mesmo fiquei
Quando bem na minha frente
A irmã dela encontrei
Era mais linda que ela
E eu logo ali fiquei.
Se chamava Maria Amélia
Nome dado pela avó
Fiquei namorando ela
E na cabeça tinha um nó
Pensava em Margarida
Num lindo dia de sol.
Amélia percebeu isto
E disse: Tá terminado
Eu saí em disparada
Me sentindo fracassado
A menina de Campina
Eu devia ter procurado.
Fui direto tomar banho
No rio que corta Ingá
Bem em cima de uma pedra
Uma inscrição estava lá
Estava tão bem legível
- Não precisa procurar!
Eu fiquei ali sentado
Tentando compreender
Mas não tive a resposta
Queria era desaparecer
Com o tempo que passou
Veio isto acontecer.
A menina de Campina
Acabou o seu noivado
Escreveu uma bela carta
E eu já era namorado
De uma bela moça
Que depois fiquei casado.
Margarida ficou sendo
Uma grande amiga minha
Escrevia todo mês
Uma linda cartinha
Contando como estava
Aquela sua vidinha.
Mas antes de me casar
Eu preciso lhe contar
Os passeios que eu dava
No intuito de encontrar
Um xodó de menina
Que eu pudesse namorar.
Dei uma volta pelo brejo
Em Pilões eu encontrei
Uma linda professora
Que ao pai me apresentei
Tinha uma festa no clube
E com ela muito dancei.
Chegando em Bananeiras
Rosa Maria, que beleza
Caminhava pela praça
E nunca tive a certeza
De um convite que ela fez
Deu conhecer sua riqueza.
Era uma menina rica
Que eu fiquei logo encantado
Quem me apresentou ela
Teve logo o cuidado
De pedir por gentileza
Que respeitasse o namorado.
A menina namorava
Com o filho do prefeito
Mas me deu uma olhada
Que fiquei assim sem jeito
O cabra olhou pra mim
E doeu dentro do peito.
Solânea bela cidade
Vou agora recordar
As feiras dominicais
Que sempre eu ia lá
Juntamente com o avô
Pra muita coisa comprar.
Estava ali na feira
Uma vendedora surgiu
O olhar era de gato
Que nunca ninguém se viu
Ela falava manso
Que meu coração partiu.
Segui ali viagem
Em Areia fui almoçar
Uma família que ali chegou
Vi uma menina se sentar
Perguntei o nome dela
O garçom não quis me dar.
Já estava em Guarabira
E pernoitei mesmo ali
O calor estava grande
E quis logo escapulir
Quando olhei pela varanda
Uma voz veio surgir.
Subindo a escadaria
Vinha Ana sorridente
O riso desta menina
Mostrava seu belo dente
Eu cansado ali estava
Muito mais estava carente.
Em João Pessoa estava
Depois de muita viagem
Tentando um só xodó
Pra contemplar esta paisagem
Criei mais um cordel
Numa única personagem.
FIM
João Pessoa-PB, 03 de março de 1999.