A BIOGRAFIA DOS MEUS TEMPOS DE ESCOLA
Foi na Escola Dr Manuel Dantas
no município do Teixeira
que entrei no Jardim da Infância
iniciando minha carreira
como aluno de colégio
até concluir o ensino médio
na sina escolar Brasileira.
Não sei quantos anos tinha
no jardim de Infância,
Eu era muito agitado
como o átomo do chama,
Bagunçando na aula
enxaquecas eu causava
a minha Tia Mônica.
Aprender a ler e a escrever
nessa fase era a sina,
Pra isso a Tia dava
pros moleques e meninas
letras em linhas tracejadas
unidas a figurinhas.
As letras formavam um nome
e acima de cada uma da lista
tinha a figura dum animal
ou doutra coisa descrita
que começava com a letra
que abaixo tava escrita.
Num dia de ruindade
risquei um desenho
e quando a Tia viu
xingou: “seu piolhento!”,
Os colegas de sala ria
me fazendo pilhéria
com aquele constragimento.
Outra vez fiquei de castigo
por usar um galho de fiolho
para cutucar um aluno
na região do seu brioco
fui levado pra diretoria
onde a superior da Tia
começou me catar piolho.
Na primeira série
eu já tinha a habilidade
de escrever meu nome
e ler algumas frase
e só entendia a Soma
se bolinhas eu riscasse.
Fazíamos uma diversão que
enchia a Tia de nojo,
Vertíamos pipoca no chão
e andávamos como porco
grunhido e usando a boca
pra pegar os breboto.
Um dia brincando
de pega-pega no recreio,
Cesarin me provocou
e esmurrei ele em cheio
ficando Cesarin chorado
como se tivesse levado
um coice de bezerro.
O mesmo êxito não tive
quando Léo de Ernando
ao ser atiçado por mim
reagiu me empurrando,
Errei um soco nele
e ao levar um dele
no chão fui resvalando.
Chorei como um bebê mijão
ignorante da sabença:
Nunca atice uma cobra
esperando complacência,
Metáfora d’uma lei de Newton:
pra toda ação tem consequência.
Na confusão com Cesarin
fui colocado de castigo
entre as paredes e a porta
que formava um cubículo
onde eu fiquei espremido
num prisma miudículo.
Uma vez a Tia
na sua aula de desenho
me expulsou da sala
enraivada de lamento
após ver que desenhei
o que com primor pintei:
a vara preta dum jumento.
Me recusei a sair da sala
e a Tia fez questão
de me arrastar usando
a força da própria mão.
Até a saída da escola
e durante a trajetória
chorei feito um bebezão.
Fiquei reprovado e só
não fiquei encalhado
porque o projeto “Se Liga”
havia me catapultado
da primeira pra terceira
série do ensino básico.
Durante o projeto Se Liga
estava ocorrendo reforma
n’alguns colégios da cidade
inclusiva na minha escola,
A minha sala de aula virou
o muro da Tia Flora.
Eu já sabia ler e escrever
e as aulas que Flora dava
era debaixo dum telhado
cujo espaço nós partilhava
com as suas jabutizinhas
que só não eram fofinhas
por causa da carapaça.
Além de ser Professora
Tia Flora era confeiteira
conhecida por muitos
moradores do Teixeira
por fazer bolos suculentos
pra festas de casamentos
e aniversarietas.
A nossa merenda era
servida em um bacia
com porções de borda
que Tia Flora excluia
do bolo pra torná-lo
uma obra artística.
A gente ia metendo a mão
e pegando com mundiça
os pedacin de bolo
sutilmente enegrecida
que era tão saboroso
que dispensava recheída.
Nessa época havia duas
alunas de excêntrica feição
uma era galega sarará
a outra só usava macacão;
O estilo bem estrambólico
da Gabriela e Ana Glório
atraia meu campo de visão.
Até ali a Tia Flora
tinha sido a mais superna
professora minha pois
díspar das que eu tivera
ela nunca me afrontou
nem translaticamente pisou
no calo na minha perna.
Após um ano estudando
na garagem da Tia Flora
voltei pro Manuel Dantas
e lá vi que a escola
brilhava como se fosse
lambida por uma cobra.
As paredes pintadas
e os banheiros edificado
bastavam pra eliminar
a impressão do fato
de que a escola
tava no mesmo estado.
Após passar no Se Liga
alcancei a terceira Série
onde causei vexames
a minha Tia Bernadete
que por muito pouco
não cedeu ao capiroto
pra me dar uns tabefe.
Uma vez eu estava
brincando cum camarada
jogava o apagador e ele
ao pegar de volta lançava
e quando Tia entrou
na sala pediu o apagador
e o lancei na sua cara.
Só não atingiu ela porque
Tia Bernadete foi ligeira
bloqueou com as mãos
e do chão voou poeira
de giz após o apagador
cair no chão cor de caveira.
Ela me deu um sermão
cuja lição não recordo
mas a pena por isso
paguei a bordo
da minha sina através
dum infame episódio.
Eu estava pendurado
num ferro acima do portão,
Até que de repente
abaixaram meu calção,
Sem cueca eu estava
e todo mundo da sala
me viram peladão.
Durante cinco minutos
eles riram com tudo
enquanto eu mantinha
meu rosto todo rubro,
Sem dizer uma palavra
a vergonha me domava
em um caos absoluto.
Lorroam( vermelho de rir)
apático à minha mazela
disse:” Só passou vergonha
porque não usou cueca”,
Bernadete entrou na sala
sem entender as risadela.
O moleque que tinha
me feito essa vergonha
sentado à minha frente
parecia beruanha,
Riu tanto que do nariz
saiu uma langonha.
Me levantei e fui até ele,
Dei-lhe um murro no ouvido,
Ele caiu pro lado oposto
de tanta dor deu um grito,
Tia Bernadete pasmada
ansiosa exclamava
”o que diacho foi isso!”.
Mateus se levantou
zarolho de audição
e ao se desenzarolhar
pulou como um cão
embrutecido pra cima
de mim igual gasolina
jogado no fogão.
Uma explosão de socos
se estadilhou pra todo lado,
E a Tia Bernadete veio
apartar a briga de galo,
Só que infelizmente
seu óculos foi quebrado…
…por mim que na ruindade
tinha mirado o Matheus
bem na cara quando ele
atingiu o apogeu
do esquivar quando seu olho
se desviou do soco meu.
Meu soco passou de raspão
no óculos de Bernadete
derrubando-o no chão
nessa hora fiz uma prece
para a minha Tia
não ficar enraivecida
e me dá uns tabefes.
Não fui suspenso, mas Eu
fui mandado pra secretaria,
Naquele ano acreditei
que pela terça vez seguida
eu iria ficar reprovado
nessa série mas o fato
foi que o oposto se seguiria…
…quando a Tia Bernadete
que morava perto de casa
me viu passando
pela sua calçada
e disse:”Eu só te passei
pra se livrar da tua cara”.
Mas essa inteligência
quem não teve infelizmente
foi a professora Lalá
que surpreendentemente
Só não me deu uns tabefe
porque o ofício não consente.
Havia chegado escrivanias
doadas pelo governo
No início da quarta série
Eu estava cheio
de estupidez na cabeça
tirei uma borracha da mesa
e fiz um barulheiro…
…dando lapadas na mesa
e meus outros dois parça:
David e Edson repetiram
a minha pirraça
um som bem estrondoso
que parecia o capiroto
ecoou pela sala.
A professora Lalá que tava
copiano no quadro negro
assim que se virou
paramos o barulheiro
só que fomos cabuetados
por um aluno nerdeiro.
Fomos mandados pra casa
e no dia posterior
ao voltar pra escola
fomos pra sala do diretor
onde ele leu um texto
e foi isso que nos falou:
“Venho por meio deste
anunciar a suspensão
dos alunos aqui presentes
por cometerem a infração
de violarem recursos públicos
e declaro o meu repúdio
contra essa depredação.”
Nos suspendeu por quatro dias
isso pra gente era feriado
que aproveitei na rua
andano pra cima e pra baixo,
Eu preferia vagabundar
porque o ato de estudar
me era desengraçado.
Um dia na escola
jogando uma pelada
o Josimar me lascou
me deixando com raiva
e fiz ele rinchar como
um jegue sob cipoada.
Dei no murro na venta dele
deixando seu nariz roxo
Josimar começou a chorar
como vítima do capiroto
espetada por um tritão
bem na rosca do seu brioco.
A ex-Tia Flora
no momento interviu
e na hora a mandei
pra Puta que Pariu
a diretora apareceu
e na hora me suspendeu
pela minha atitude vil.
De todas as ruindades
dos tempos de estudantimento
Insultar a ex-Tia Flora me
causou arrependimento
desrespeitar a ex-Tia
que me trouxe alegria
me gerou desalento.
Fui reprovado na quarta série
por dois anos em seguida
com a professora Lalá
e com a tutora lda
que perdiam a cabeça com
as traquina que eu fazia.
durante meu fundamental 1
Eu fui um valentão
praticando bullying com
quem não tinha noção
de como se defender
contra um covardão.
Covarde como eu era
se baseava no princípio
que a corda se rompe
pro lado menos rijo
por isso cabo de batalha
eu só fazia com quem ficava
muito intimidado comigo.
Após repetir dois anos
na quarta série novamente
chegando a terceira vez
estudei cum delinquente
que não sentia empatia
pelas vítimas que fazia
como um torto moralmente.
Seu nome era Anderson
um rapaz intimidador,
Tinha a energia dos seres
que o Diabo projetou,
Os alunos da escola
por ele tinham rancor.
E me tornei mais uma
no dia que eu estava
falando com amigos
no recreio da aula,
O Anderson apareceu
e me fez uma pirraça.
Estando na minha frente
ele pôs seu pé direito
de forma que ficasse
detrás dos meus joelhos
e depois usando a mão
ele deu um empurrão
na altura do meu peito.
Ao cair no chão
senti um forte supapo
meu corpo todo doeu
exceto o meu priapo,
Desabando no choro
e com arfante fôlego
fui pra sala coxeado.
O professor Johnson (meu
primeiro tutor masculino)
entrou na sala e indagou:
“O que foi menino?”,
E os alunos disseram
quem me bateu sorrino.
Anderson foi suspenso
e após esse episódio
a relação entre nós
tornou-se psicólogo,
A síndrome de estocolmo
me tomou por completório.
Passei a andar com Anderson
fazendo muitas ruindades
no recreio da escola
usando a criatividade
pra trollar os moleques
sem que eles soubessem
os outor das safadage.
Um dia mijamos dentro
de uma lixeira telado
e a penduramos na porta
de um vaso sanitário,
E quando um aluno abriu
um banho lhe caiu
no sentido literário.
Outra vez fomos além:
cagamos dentro do cesto
e a cena dessa vez foi:
um aluno ficou cheio
de bosta espalhada
por todo o seu cabelo.
O Anderson não satisfeito
me disse bem remisso
“vamo botar um pedaço
de paralelepídedo”,
Ele ria e eu dizia:
“vai dá merda isso”.
Eu tentei persuadir
o Anderson a relutar
dizendo que aquilo
poderia causar
morte dum estudante
e rindo no semblante
ele alegou desimportar.
Anderson pendurou o cesto
com a pesada pedra
na porta do banheiro
só que a tragédia
não veio a acontecer
pois um ímpeto no meu ser
me levou a tirar ela.
Ma afastei do Anderson e
após uns anos passageiro
soube que ele foi
preso no Rio de Janeiro
atuando como soldadinho
da facção Comando Vermelho.
No fundamental 2
eu tava mais crescido
mas apesar do tamãe
não abri mão do espírito
traquino que me habitava
eu gostava dos rebuliço.
A novidade nessa fase era
as aula de educação física
além de artes e inglês
história e geografia,
Português e matemática
e pra cada matéria dada
um professor a transmitia.
Nessa fase estudei na escola
José Elias de Amorim
cuja lonjura de minha casa
a escola é vizin,
E o famoso e conhecido
Açude Novo do município
fica bem pertin.
Esse período me marcou
com muita felicidade
ia bem nas provas
e fazia ruindade
pessoas e causos
marcou bem essa fase.
Era de praxe pouco antes
de tocar pro recreio
sairmos de fininho
indo pro banheiro
esperar o sino tocar
pra ver quem chegava primeiro…
…na fila da merenda
devido a questão
que o farnel do José Elias
era uma refeição
tão boa que a gente
desesperadamente
disputava a fila do pão…
..com soja e suco de goiaba
oriunda da fruta natural
e a cada pão comido
voltávamos pro final
da fila pra repetição
e quem comia mais pão
enchia mais o pançaral.
A cantina também era
bastante tumultuada
no dia que a merenda
era um bela farofada
de cuscuz com salsicha
que só a vista despertava…
…o apetite nos levando
a ficarmos empanturradaniço
de comer tanto até encher
o bucho ficando igualiço
ao do Chaves após comer
na bodega da mãe do Quico.
A cantina era o lugar
preferido da rapaziada
pois na hora do recreio
todo mundo lá tava
sentado nas cadeiras
ficando de pança cheia
comendo enquanto dava.
E quando não távamos
fazendo ralé nesse local
íamos pra sala de aula
onde o caos era geral,
Fazíamos até nevar
após no ventilador colocar
papel esbranquiçal.
Ligamos o ventilador na sala
e pusemos papel de caderno
na hélice e de repente
surgiu o nórdico inverno
o papel picotado voando
nevava no calor do inferno.
Também brincávamos de futevôlei
numa diferente versão
onde ao invés dos pés
usávamos a mão
pra não deixar a bolinha
de papel cair no chão.
Tinha o professor de Artes
chamado Fredo Passos
que nas aulas parecia
estar embebadaço
e nos pedia de boca cheia
pra por a bunda na cadeira
e fazer um desenhaço.
A arte do desenho
pra nós era um estorvo,
E por isso preferíamos
ficar coçando o ovo
na aula bagunçando
enquanto Fredo cochilando
parecia um dorminhoco.
A gente não conhecia
os prazeres do cinema
mas nas aulas de história
a professora Maênia
nos levava pra assistir
graças a sua vênia.
Íamos pra sala de vídeo
e lá filmes como Troia
Sansão e Dalila
Arca de Noé e Cleópatra
assistíamos encantados
em estado de paranoia.
Nas aulas de geografia
a professora Valdirene
levava um mapa mundi
e nos deixava iripidene
pra imaginar todos
lugares desse globo
que evolui infrene.
Muito divertido era
As aulas de inglês
da professora Núbia
onde a gente say:
I go to the bathroom
I’m not your son
Your bitch dismay!
Num dia no intervalo
antes da aula da Núbia
o meu parça Leozin
exibiu a sua bunda
pra sala deixando
a nossa cara funda…
..de risada até que Núbia
disse quando flagrou:
“what’s happening?
Léo get out here go!”
“meu cú não é preto”
o Leozin retrucou.
Noutro dia na aula de inglês
quando Núbia perguntou
what's an invitation"?
a minha boca vomitou:
it’s mean foder macaco”
e ela:”parabéns pro palhaço”
e a sala desabou…
…na risada e eu fiquei
com a face ruborizada
silenciado pela vergonha
estampada na minha cara,
Esse imenso vexame
foi meu maior traumane
vivido em sala de aula.
Apesar das traquinagens
eu não era aluno vulgar,
Me dava bem nas provas
sem muito me esforçar,
Eu até passava cola
nas provas de calcular.
Na medida em que fui
deixando de ser imberbe
meus pentelhos cresceram
e fui perdendo a sede
pelas travessuras
devido a minha adrede…
…de mudar o meu jeito
de lidar com a existência
e devido a isso
alcancei a excelência
no meu ensino médio
onde eu havia descoberto
o interesse pela ciência.
Eu Tirava as melhores notas
sem ficar atrás de ninguém,
Até que chegou o dia
de fazer a prova do ENEM;
Eu a fiz com confiança
e me enchi de bonança
ao ouvir o som do trem…
… da maior oportunidade
que tava prestes a chegar,
E o destino me disse
quando o trem fez parar:
“bem vindo a faculdade
aqui será o seu lugar!”
Me mudei para São Paulo,
Nessa cidadona iniciei
o curso Ciência e Tecnologia
e nessa fase comecei
a adquirir as lições
que faz do Homem um Rei.
Hoje eu gosto de estudar
E em paralelo a isso
Leio e escrevo cordeis
Enriquecer-se é preciso,
Nas trincheiras da vida
Instantes de gratidão pratico
Lenitivo vindo da lucidez
Seguindo rumo ao norte
O caos me conduz à morte
Nessa vida sem solidez.
Santo André, 4 de Setembro de 2024