Cordel: O Grilo Grilado

O Grilo ficou grilado

Com a fama da Cigarra

Que começou a cantar

Numa época de fanfarra,

Tocando um violão

E depois uma guitarra.

Que depois de muita garra

Ganhou numerosa fama,

Libélula até chamou

Para estreia do programa

Que apresentava shows

De comédia e de drama.

Mas a mentira difama

Quem a fama conquistou,

A Cigarra ficou triste

Com tudo que escutou,

O Grilo muito grilado

Nada daquilo gostou.

Bem nervosa se queimou

Com piúba de cigarro,

Perdeu a afinação

Por causa de um pigarro,

Só bastava ela cantar

Que todos tiravam sarro.

O seu canto era bizarro

Em cima de um cipó,

Ela desafinou tanto

Que fez seu Chico Potó

Cair no riso e mijar

No pescoço do Mocó.

Zé Preá ficou com dó

E partiu pra a agressão,

Em defesa do seu primo

Que ficou sem expressão

Porque via aquilo como

Um show de televisão.

Houve tanta confusão

O palco ficou lotado,

O seu Mané Marimbondo

No dia estava gripado,

E se entrasse na briga

Deixava alguém ferroado.

O Grilo todo grilado

Porque era o diretor,

Ele em épocas de folgas

Trabalhou como cantor,

Com MC Muriçoca

Também foi compositor.

Seu Zé Tatu cantador

Naquele dia assistia

Com o viúvo da Rã,

A comadre dona Jia,

Prima do tal Lino Sapo

E do sapão Zacaria.

A Cigarra nesse dia

Ficou cheia de rancor,

Gritou com a Libélula

Por chamar outro cantor,

Ela partiu para cima

De Juninho Beija-Flor.

O Mosquito produtor

Que temia dona Aranha,

Tentou apartar a briga

E quase que ele apanha,

Puxou seu Chico Potó,

Fazendo grande façanha.

E quem já chegou estranha

Foi a comadre Formiga

Que falou por todo canto

Que a Cigarra é sua amiga,

A história verdadeira

É que vivem atrás de briga.

Deu logo dor de barriga

Na comadre Tanajura,

Que saboreava mel

De um pó de rapadura,

Dona Abelha odiava,

Pois dava logo gastura.

Quem ficou de cara dura

Foi o doutor Mané-Mago

Percevejo seu amigo

Foi falar e ficou gago,

Já Maria Perereca

Dançava perto do lago.

O show foi um estrago,

A Mariposa voou,

A Pulga atrás da orelha

Do João Timbu chorou,

Naquele dia a estrela

Da Cigarra se apagou.

- Ela nunca trabalhou!

Dizia dona Formiga,

Que falava que cantar

Não ia encher barriga,

Mas era inveja de quem

Dizia ser sua amiga.

Autor: Claudson Faustino