PARQUE DE DIVERSÕES ESTRELA DO NORTE
Eu quero fazer agora
Um cordel bem popular
Dum parque bem das antigas
Pro leitor apreciar
Perceba bem nessa escrita
Por onde vou começar.
Querido Castelo Branco
Lugar de gente feliz
Nosso primeiro conjunto
O morador é que diz:
- Foi o nosso João Agripino
Construtor de chafariz!
Era festa de lascar
Nesse Castelo de outrora
Brincadeira não faltava
Ninguém ficava de fora
Gente que vinha a cavalo
Nunca queria ir simbora.
Esse Castelo famoso
Era tudo tão bonito
Amigo por toda parte
Naquele tempo de aflito
Foi bom demais reviver
Que tão esplêndido conflito.
O Santo São Rafael
Um modesto e bom padroeiro
Os meninos e as meninas
Num olhar de tom festeiro
Na espera daquele parque
Para um amor verdadeiro.
O Parque da minha infância
Eu nunca vou me expressar
É importante dizer
Pra depois nos confessar
Falando do que é bom
Produz o profetizar.
Um Parque de Diversões
Sabíamos da chegada
Cada carro que passava
Aquela corda amarrada
Pensávamos pro outro dia
Pra não termos coisa errada.
O Parque Estrela do Norte
Era esperado a cada ano
Canoas e cavalinhos
Jogos e muito plano
Naquele bendito outubro
Não dava pro desengano.
Que belezura de parque
Com som espetacular
Se ninguém não respeitasse
Sua família no lar
Ficava sim, de castigo
E nem podia brincar.
Música de qualidade
Sempre no parque tocando
Templo das belas canções
Era bom ficar cantando
Perto à sede da AMCAB
Tanta menina passando.
O grande Agnaldo Timóteo
Com A Noiva num altar.
E tinha o Carlos André
Com sua “mesa a quebrar.”
A dupla Jane e Herondy
No sucesso ‘Não se Vá’.
De noite na Difusora
Anunciava um bilhete.
Eu lembro do Zé Rodrigues
Fugindo feito foguete
O nome dele com Rosa
Ficando, tome cacete!
Quem gostava duma festa
Dentro do parque encontrava.
Naquela época o povo
Tudo junto só brincava
Todos se conheciam
Nunca ninguém estranhava.
Ótimo ponto de encontro
Não havia essa violência.
Pavilhão com belas moças
Só pedidos com carência.
Meninas desse Castelo
Tinham muita exigência.
Os meninos do Castelo
Estudavam no diurno
Pois bem, na entrada da noite
Todos saiam pelo turno
Andando por todo parque:
Ouvem: - O guarda noturno!
Eu conheço três pirralhos
Cedo foram namorar
Levaram surra do pai
Não queriam se enxergar.
As mães revoltadas, sim
Diziam: - Vão se deitar!
O danado do moleque
Dava nó em apelido
Meteu tudo em ‘Espaguete’
Lhe chamando de atrevido
Hoje nós somos amigos
Depois disso esclarecido.
Saudade das belas tardes
Nós tudinho só ouvindo
O Parque Estrela do Norte
O meu peito vem sentindo
Uma saudade tão intensa
Que eu estou só me divertindo.
Que alegria tão invasora
Sinto a sua pulsação.
Deixando de ir ao Parque
Era dor no coração
Praquele divertimento
Tinha muita emoção.
Por qualquer situação
Vinham depressa impedir
Nossa ida para o Parque
Só nos restava mentir
Era dizer que estava indo
No vizinho bem ali.
Naquele tempo de Parque
Sonhar, que coisa tão boa!
Quando lembro disso tudo
Penso numa tal pessoa
Daquele riso constante
Que me deixava à toa.
Tinha gente que botava
O seu melhor figurino
Principalmente essas moças
Para um olhar do menino.
Naquele tempo era broto
Meu pai gritava: - Cretino!
Haja gente tão orgulhosa
Na grande roda gigante
Não falava com meninos
Para filha não ir avante
Mas, assim de vez em quando
Um piscar por um instante.
O respeito sempre grande
Atualmente difícil.
Há pessoas que não sabem
As que vivem do artifício
Agridem com as palavras
Só pensando no seu ofício.
A saudade em todo mundo
Dá solidão matadeira.
Oh! Que vontade danada
Que me dá uma rasteira
Eu passo horas em debate
Pensando na brincadeira.
Quem viveu naquele tempo
Na certa vai reviver
Buscar na gente mais velha
Tão fácil esclarecer.
Apertando bem a tecla
O celular vai dizer.
Os meus olhos só percebem
Um grande parque lotado.
Nossa mente trabalhando
Não deixa nada guardado
Falando do Parque Estrela
Que eu tenho me relembrado.
Não consigo mais dormir
Vou pernoitar, por favor.
Darei continuidade
Recordando o belo amor.
Mas eu sinto que não posso
Só o passado ficou.
Quando ficamos adultos
Vibramos em recordar
Somente com boas coisas
Que se pode relembrar.
O Parque Estrela do Norte
Herança do meu gostar.
Onde anda esse Parque Estrela
Do tempo de ser criança?
Pois, antigamente havia
Muito mais segurança
Na saída para escola
Colhíamos a esperança.
Pois, quando revejo alguém
Procura logo saber:
- Oh! Como vai o teu cordel
Porque sempre eu quero ler?
Um diz: - Sou leitor também
Um pra mim pode fazer!
Chegando nesse final
Na trabalheira do verso.
A estrofe tem seu momento
Que não cabe nesse impresso
Concluindo este meu tema
O sonho não tem regresso.
FIM
João Pessoa-PB, 25 de janeiro de 2000.