Ser ou não ser
Escutei minha arrogância
Mandar: - Não fique calado
Diógenes me aconselhou:
-Silêncio é mais adequado
Com a lanterna na mão
Busque um ser iluminado.
Porém se quiser falar
Co'a pena sem maestria
Expresse seu sentimento
Não use de alevosia
Deixe arrogância de lado
O simples tem mais magia.
Fuja desse manicômio
Querem lhe recuperar
Só seja o que quiser ser
Co' a máscara que mais gostar
Use também fantasia
Aquela que desejar.
Curta a nordestinidade
Rasgue a tosca alegoria
Do tal ser colonizado
Que se mascara e maquia
Com gravata e paletó
No escaldante meio dia.
Quanto a originalidade
Nesse mundo copiado
O que pensa ser melhor
Já foi bem antes usado
Moda e estilo é pessoal
Cada qual no seu quadrado.
Eu curto demais da conta
Um artista performático
Que faz boa poesia
No palco não é apático
Encanta toda a plateia
E não faz show burocrático.
Vi Mamonas Assassinas
Amei Secos e Molhados
Eu curto o louco Falcão
E outros artistas retados
Salve o bom Mestre Gilmar
Ouçam Raul, abestados.
Pensem nisso e bem reflitam
Sendo igual ou diferente
Tem quem prefira o oquei
E tem quem goste do oxente
Mas como eu vou me vestir
Só cabe a mim minha gente.
A minha avó me ensinou
Disse com sabedoria:
-O que é de gosto é regalo
Da vida e traz garantia
Se meter na vida alheia
A relação contagia.
Eu sempre prefiro ser
Metamorfose ambulante
Grito ficando calado
Pra provar que sou pensante
Não modifico ninguém
Sigo em paz, sem ser pedante.
Ser ou não ser? Eu serei
É essa a grande questão
No foro individual
Não meto colher ou mão
Nem dito regras vazias
Aceitem meu matulão.
Salvador, 28/8/24
Obs.: Desagravo aos Cordelistas, que são ridicularizados por adotarem uma indumentária que exalta a nordestinidade e tem todo direito de se apresentarem como bem quiserem. Homenageio também o Mestre Gilmar Ferreira (Foto), Sergipano, Professor, que como um bom cordelista, usa sua poesia para educar e encantar.
Salvador, 30/8/24,