PATINETE DA MINHA INFÂNCIA
Eu sou de João Pessoa
Na Paraíba me criei
Descendo de patinete
Diversas vezes brinquei
Já tive tanto brinquedo
Certamente já contei.
Do patinete gostei
Que me fez viver infância
Rodava no calçamento
Dirigir sem petulância
Guiando, depois garupa
Nesta moral importância.
Brinquedo sã elegância
Batizei de Pontaria
Um nome de motorista
Que tanto bem merecia
Real majestoso nome
Amor, também alegria.
O pequeno Pontaria
Dava para se levar
Caçula chorava tanto
Não conseguia parar
Eu quase que levo surra
Para nunca mais brincar.
Patinete quis quebrar
Eu tão somente brincava
Culpa do meu bom irmão
Que sozinho reclamava
Minha mãe ficou com pena
Bem junto de mim sentava.
De Pontaria gostava
Fui dar uma voltinha
Perceber irmão contente
Nessa tão grande ladainha
Entreguei com a tristeza
No cantar desta modinha.
Irmão naquela quedinha
A mãe só aborreceu
Quis dá fim no patinete
Logo desapareceu
Gritava muitas vezes
Que lugar aconteceu?
A perna por fim, doeu
Vermelha feito tomate
O sangue por todo lado
Precisou mertiolate
Para sarar a ferida
Causada neste combate.
No bairro tinha Passat
Desta cena me recordo
Foi tanta velocidade
No sonho por fim acordo
De falar num bom assunto
Pois, nunca mais que discordo.
Alegre, nisto transbordo
Descendo no patinete
Com tanta gente sentada
Até o tal Espaguete
Correndo mais do que tudo
Disputando com Chiclete.
Apelido Bernadete
Filha do Velho Mané
Batendo no povo todo
Gritava pra dar olé!
A gente se revoltava
E dali dava no pé.
Patinete de Zezé
Era bem mais elegante
Enfeitado de bandeira
Era líder Elefante
Aquilo tudo comprido
De colorido chocante.
Campeonato Galante
Eu tirei quarto lugar
Didi ficou no segundo
Mixengo quis aprontar
Discordou do resultado
Fez tudo para ganhar.
Cada ponto recontar
O Mixengo foi primeiro
Espaguete só falou
Recebeu logo terceiro
Pessoas inconformadas
Abrem logo seu berreiro.
O prêmio, lindo faqueiro
Caríssimo por sinal
Pendurado numa fita
Tudo é coisa normal
Entregue pros vencedores
Véspera de carnaval.
Mixengo foi genial
Lavando seu Patinete
O filho de Terezinha
Riba da caminhonete
Gritava pra todo mundo:
- Campeão é Espaguete.
Isto revolta Chiclete
Com a mãe dele foi ver
E levando grande pisa
O pai botou pra valer
Jamais sairia de dia
Nem também anoitecer.
Patinete faz rever
Sonho nenhum apagou
O meu tempo de criança
Boa saudade ficou
Lembro tanto patinete
De tão frágil se quebrou.
Betinho só aprontou
Feito com bom cuidado
Mas na peleja se foi
Nada é aproveitado
O dono do patinete
Ficou bravo, bem zangado.
O nome bem engraçado
Eu me lembro de Cascão
Vindo da São Rafael
E Nado com seu Balão
De Badá era calango
Numa vã animação.
Vi tanta situação
Aproximava Maçã
O bom carrinho de Toinho
Com um grande rolimã
Se não fosse pelo nome
Seria guriatã.
Os tantos de Jacumã
Apelido bem pegou
Chamado de qualquer coisa
Um menino não gostou
Correndo no patinete
Ele logo se zangou.
Dá neste vil estopô
O dono dele Joãozinho
Uma confusão tamanha
Meu Deus! Que povo brabinho
Mixengo desapartou
E ficou com o carrinho.
Alguns chamavam trenzinho
Do brinquedo Patinete
O transporte dos meninos
Ganhava de Marinete
Com tanta velocidade
A roda toda derrete.
Ligeiro bom Espaguete
Patinete de primeira
Nunca nós pegamos ele
Quando descia ladeira
A roda do tal carrinho
Pulava tal quebradeira.
O mundo na brincadeira
Pra dá tempo na corrida
Daquela tal meninada
Com tanto prazer na vida
Ganhando velocidade
Nas voltas, como nas idas.
Lembranças que são vividas
Nunca deram pra contar
Fora todas que vinham
Com a gente se juntar
Corremos de patinete
Meu brinquedo popular.
Poucas brigas a narrar
Aventura é fictícia
O Mixengo cientista
Nesses guidons fez perícia
Apaziguando problema
Cabra cheio de notícia.
Menino sem ter malícia
Boa de recordação
Mexe com o sentimento
E faz bem pro coração
Patinete foi brinquedo
Causando-nos emoção.
Tem rolimã na tração
Meu patinete corria
Na ladeira do Castelo
Muita gente subia
Aquele bicho veloz
Com certeza ganharia.
Desta forma Pontaria
Apelidado Corcel
Haja gente na disputa
Como fosse carrossel
Dos parques daquele tempo
Gira cabeça pro céu.
Chego no fim do Cordel
De Patinete falei
Daquele nosso carrinho
Que tanto tempo vibrei
Agora neste meu drama
Só eu sei do que passei.
FIM
João Pessoa-PB, 03 de maio de 2000.