O MEXICANO E O PEIDO DA BURRA
Vejam bem meus senhores
O que eu tenho pra contar
Este caso mexicano
Vamos juntos escutar
Alejandro e sua burra
Bora agora começar.
Numa viagem que eu fiz
Pra Toluca, a cidade
No País chamado México
Veja só a crueldade
Alejandro o vendedor
Sobrenome Soledade.
Ele tinha uma burra
Que gostava de peidar
Quando ele ia pra feira
Era de não se aguentar
O coitado do Alejandro
Como pôde aguentar.
Certa feita o vendedor
Foi sozinho para feira
Quando passou numa rua
A rua estava na beira
Peidando que só a gota
Pra olhar tinha uma fileira.
Alejandro não aguentou
E bateu naquela burra
Era muita peia com força
E tome pancada e surra
E o povo gritava forte:
Empurra, empurra...
A coitada da burra
Que tinha o nome de Salomé
Apanhou que só a gota
E bebeu água numa colher
Alejandro era malvado
Pelo jeito não tinha fé.
A burra ficou zangada
E não quis obedecer
Saiu dando pinote
E queria se perder
Peidava em cada pulo
Botava bosta a feder.
Alejandro tanto lutou
Que a burra entristeceu
O dono que maltratava
Era mesmo o seu
A burra peidava tanto
Que todo mundo escafedeu.
Todo o México já sabia
O que eu estou contando
O povo ali sorrindo
E bem alto cantando
A música desta burrinha
Que muita gente ia gostando.
A música era penosa
Alejandro não gostava
Pedia a todo mundo
E de joelho implorava
Que respeitasse a sua burra
Mesmo quando ela peidava.
Alejandro por onde fosse
A burra pronto chegava
Levando consigo peido
E tudo mais que soltava
O mexicano sofria
E nunca se acalentava.
O México naquele tempo
O cavalo era o transporte
Quem tivesse tinha dinheiro
E não era questão de sorte
Que não tivesse o poder
Uma burra era de grande porte.
Alejandro era de classe
Que não tinha conhecimento
Vendia domingo na feira
Embaixo de sofrimento
A burra do mexicano
Causava ali muito tormento.
Toluca tinha um lugar
Bem em frente ao mercado
Que amarrava burra
Pra ficar mais sossegado
Só que Alejandro chorava
E vivia desesperado.
A burra era safada
E muito peido vendia
Onde chegasse a burra
Bastante pum ela soltaria
Alejandro não aguentava
E muito dinheiro ele perderia.
Alejandro teve a postura
Que a burra não gostou
Ele quis sair sozinho
E a burra disparou
Ele se escondeu
E à casa retornou.
Ao chegar naquela casa
A burrinha agradeceu
Deu um rincho tão grande
Que o mundo estremeceu
Alejandro ficou puto
E sair não pretendeu.
A burrinha ao seu lado
Era só contentamento
Alejandro pensava então
Num novo desdobramento
Trazer pra junto dela
Um bonito jumento.
Quando a burra disso soube
Foi popa pra todo lado
Alejandro ficava triste
E um pouco envergonhado
Com aquela atitude
Tão presente do seu lado.
A burra não tinha nome
Era a burra mexicana
Querida do Alejandro
De toda gente mundana
Ela aprontava hoje
E pagava noutra semana.
Alejandro tão impaciente
Implorou pra sua burrinha
Que ela lhe atendesse
E deixasse de murrinha
Mas ela era danada
Passeando na pracinha.
Oh burra tão arretada
Que no México apareceu
Tinha o corpo macio
Só Alejandro conheceu
Ela se fez de morta
Mas no fundo não morreu.
Alejandro chorava tanto
Um choro bastante penoso
Pedia pra todo santo
Que livrasse o tinhoso
Mandasse a sua burra
Pra São Miguel do Gostoso.
Estando ele no México
Não sabia desta cidade
Só que ela aqui existe
E é uma certa verdade
No Rio Grande do Norte
Ela aponta a liberdade.
Só sei que Alejandro
Vivia bastante agoniado
Queria se livrar da burra
Mas sempre era encontrado
Por onde ele andava
A burra já tinha peidado.
Cantinflas o alfaiate
Vivia muito preocupado
Com seu amigo Alejandro
Já tão desmiolado
Com o cheiro da burra
Tudo havia condenado.
Zapato o engraxate
Encontrou com a burrinha
Pegou ela peidando
E lhe chamou de murrinha
Ela deu foi um coice
Que caiu tanta bostinha.
A padaria de Joaquim
Tão humilde que era
Ficava ali no canto
O pão que se espera
Alejandro já não ia
Por causa de sua fera.
A burra soltava peido
E Alejandro sempre sofria
Não dava jeito nela
Fosse noite, fosse dia
Até que ela cagou
Na cara de Mané Vigia.
Só sei que essa história
Boa não se acabou
A burra de Alejandro
Quando ela ali peidou
Menandro colombiano
Também ali se ferrou.
Começou a soltar peido
E nunca mais ele parou
Toda aquela cidade
Junto da burra peidou
Alejandro descontente
Tão depressa se mandou.
Só sei aqui dizer
Que o México fez história
Vendeu muito cordel
E me trouxe à memória
Falar de uma burrinha
É motivo de muita glória.
Desejo muito sucesso
Ao leitor deste Cordel
Que ensinou Alejandro
A viajar lá pro céu
Na luta com sua burra
Ele recebeu o seu anel.
FIM
João Pessoa-PB, 02 de março de 2009.