A CASA DE ÉDIPO REI
A CASA DE ÉDIPO. Disciplina: Minicurso de Mitologia Greco-romana. Santa Quitéria 27/07/2007.
1.
Jocasta rainha de Tebas
Seu esposo Laio, rei
Nasceu-lhes um filho herdeiro
O oráculo disse: -Sei
Que morrerás pelas mãos
Deste filho de vocês.
2.
Em seguida subirá
E reinará em teu trono
Desposará tua mulher
Terá em tua cama o sono.
Laio ficou perturbado
E tratou logo de um plano.
3.
Chamou do monte Citéron
E a criança entregou
Com os tornozelos furados
A um pastor que levou
Pois não podia se mover
Porque os dois pés inchou.
4.
Pé inchado era seu nome
Por causa da agonia
Édipo foi logo entregue
A outro pastor que havia
Pois este penalizado
Dele queria a alegria.
5.
Pólibo, rei de Corinto
Ao menino recebeu
Por não ter filhos com a esposa
Criou como filho seu
Édipo que fora adotado
Disso nunca conheceu.
6.
Édipo ficou confuso,
Pois um dia alguém falou
Que ele era adotado
Pelo monarca senhor
E viajou para Delfos
Ao oráculo consultou.
7.
Este não lhe revelou
Quem eram seus pais primeiro
Mas seu destino era este.
Matá-lo a um golpe certeiro
Depois casar-se com a mãe
Dela suscitando herdeiro.
8.
Horrorizado e chocado
Suas dúvidas esqueceu
Nunca mais foi a Corinto
Lembrando o destino seu
Pois não saia da memória
O segredo que o oráculo deu.
9.
Pras redondezas de Delfos
Laio viajou também
Num local de três encontros
Das três estradas que tem
Ao ser insultado por Laio
Édipo revidou bem.
10.
Matou aquele senhor
Sem saber quem ele era
Esqueceu do episódio
Na frente encontrou uma fera
Que vitimava quem passava
Naquelas bandas de Tebas.
11.
Esfinge era o nome
Do monstro leão-mulher
Que explanava um enigma
A um viajante qualquer
Que era morto em seguida
Por não saber o que é.
12.
Com o reino destronado
E a rainha que ficou
A esfinge a apavorar
O povo se abalou
Ficarem sem rei e com um monstro
Que a Tebas horrorizou.
13.
-Quem é que anda com três
Depois de com dois andar
Antes com quatro andou
Diga se não vou matar
Como sempre já matei
Quem não pôde decifrar.
14.
-O homem, só pode ser
Com quatro a engatinhar
Adulto com dois em pé
Para poder labutar
Com a idade mais uma
Varinha pra se apoiar.
15.
A esfinge enlouqueceu
De raiva pôs-se a bramir
Bateu todo o corpo seu
Nas pedras grandes dali
Caiu no despenhadeiro
Morreu, deixou de existir.
16.
O povo agradeceu
De Édipo o grande feito
Deram-lhe logo a rainha
E como rei foi eleito
Vários anos de harmonia
Viveu com muito respeito.
17.
Era sábio e herói
E reinava satisfeito
Quatro filhos lhe nasceram
De Jocasta, do seu peito
De sua mãe, sem saber
Desse incesto perfeito.
18.
Uma praga nessa terra
Começou aparecer
As plantaçõess iam morrendo
Animais a enfraquecer
Crianças adoecendo
E as grávidas a perder.
19.
Creonte irmão de Jocasta
Um oráculo consultou
Ele disse: -Essa praga
Que aqui em Tebas chegou
Por causa do assassino
Que ao nosso rei matou.
20.
Se este era o problema
Édipo tomou providencia
Consultou logo um profeta,
Cego, creio, de nascença
Tirésias reluta em revelar
Teme do rei a sentença.
21.
Édipo, então, insinua
Que o profeta mentia
E o acusa de culpa
Daquela morte tão fria
O profeta se exalta
E revela o que havia.
22.
Édipo zangado não vê
Que ao próprio pai matou
Pois este mora em Corinto
Pra lá nunca mais voltou
E casar-se com sua mãe
Isso impossibilitou.
23.
Jocasta comenta que Édipo
Não podia ser o tal
Que matara seu marido
Na encruzilhada fatal
De três estradas. Ao ouvir
Lembra o encontro casual.
24.
Indaga a esposa como era
O seu primeiro marido
Depois de tudo informado
Fica muito confundido
Diante do revelado
Era com tal parecido.
25.
Pra seu conforto chegou
De Corinto um mensageiro
Com uma noticia do pai
Que morrera, mas primeiro
Édipo manteve a calma
E depois o desespero.
26.
O mensageiro também
Disse bem intencionado:
-Não eras filho de tua mãe
E nem do teu pai amado
Tu eras apenas um bebê
Que tinha os pés furado.
27.
Recebi-te de um pastor
Que de ti teve piedade
De Citéron era ele
Que ti me deu por caridade
Dei-te ao rei de Corinto
Que te amou de verdade.
28.
Jocasta em desespero
Clama pra ele parar
Mas, investiga a fundo
Quer da verdade tratar
Chama o pastor de Laio
Para tudo confirmar.
29.
-Você é filho de Laio,
Disse o velho pastor
-Que me mandou te matar
Mas, por ti tive amor
Hoje no trono e no leito
Sucedeste ao teu senhor.
30.
Jocasta não esperou
O desfecho derradeiro
Ao palácio ela marchou
Édipo foi bem ligeiro
Mas encontrou enforcada
Pois entrou em desespero.
31.
Os dois brochos de ouro que
De Jocasta ele arrancou
Usando toda sua força
Os seus dois olhos furou
Pra não olhar mais ao mundo
Que a verdade o revelou.
32.
Édipo só pôde sair
Depois da confirmação
Por um oráculo local
De sua real punição
Que por suas mãos trouxe ele
À Tebas a maldição.
33.
A vagar foi condenado
De um a outro lugar
O pão que devia comer
Primeiro ia mendigar
Com Antígona e Ismênia
Suas filhas a lhe ajudar.
34.
Polínice e Etéocles
Os seus dois filhos, porém,
Ficaram ambicionando
O reino e Creonte também
Anciava aquele reino
Fosse por mal ou por bem.
35.
Etéocles e Polínice
Combinaram alternar
No reino um ano cada um
Deveria governar
Mas, Etéocles, o primeiro
Não cedeu o seu lugar.
36.
Polínice reuniu
Refugiados em Argos
Com seis outros guerreiros
Campeões acostumados
Sitiaram a sua pátria
Assaltando os governados.
37.
Édipo está em Atenas
Ao rei espera no altar
Ismênia trás a notícia
Dos irmãos a guerrear
Um oráculo profetiza:
-Ganha quem Édipo apoiar.
38.
Ele irado amaldiçoa
Os dois filhos em questão
Deseja aos dois que se matem
Nesta grande confusão
Pede asilo em Atenas
É aceito com atenção.
39.
Creonte, tio e cunhado
A Édipo tenta levar
A força pra sua terra
Édipo pôs-se a relutar
Teseu repreende Creonte
Édipo fica a sossegar.
40.
Para forçá-lo a ir
Suas filhas sequestraram
Mas, Teseu, o rei agiu
Obrigados entregaram
Antígona e a Ismênia
Que a seu pai abraçaram.
41.
E dos sete contra Tebas,
Conta do ataque a história
Os irmãos nesta guerra
Morreram sem fazer glória
E Creonte o tio de Édipo
Reinou em Tebas de outrora.
42.
Creonte enterrou Etéocles
Com honrarias reais,
Polínice o seu irmão,
Deixou aos bichos vorais
Que devoraram sua carne
Arrastado aos matagais.
43.
Antígona foi apanhada
Jogando areia no irmão
Seria punida por isso
O profeta disse: -Não!
Se a enterrares viva
Trarás mais assolação.
44.
Ela dizia que as leis
Dos deuses deviam ser cumpridas
Acima das leis dos homens
Quando em confronto sentidas
Todos podiam sepultar
As suas gentes queridas.
45.
Antígona noiva de Hêmon
De Creonte filho herdeiro
Enforca-se com sua cinta
Por desgosto verdadeiro
Pra ser filha de um incesto
É arte de feiticeiro.
46.
Creonte ao saber disso
Para casa caminhou
Encontrou sua Euridice
Que se suicidou
Amaldiçoou o marido
No seu leito debruçou.
47.
Creonte deixa o coro
Com grande reflexão
A maior felicidade
Neste mundo de então
É ser sábio em conjunto
Dos deuses a devoção.
48.
Esse incesto revela
Ser grave abominação
Mesmo inocente as vítimas
É preciso precaução
Foi assim com Édipo rei
Na sua casa a maldição.
49.
No corpo da peça é mostrada
De toda a história a moral
Por mais seguro que o homem seja
Rico, pobre ou imperial
Ninguém se sinta seguro
Ao túmulo pertence o bom e o mal.
50.
A trama termina quando Édipo
Desaparece no arvoredo
Somente Teseu testemunha
Aquele doce segredo
Édipo abençoou Atenas
Por seu povo hospedeiro.( Carlos Jaime Matias)