Transe Atlântico
Quê? Disse ela sussurrando
De que te ries?
De mim mesmo... apenas devaneando
E não disse a ela o que me sorria
Mas também nem poderia
Com a mente em avaria
E o coração cambaleando
Como explicar meu riso
Se sorrio a cada passo
Por ter gravado cada traço
Do seu rostinho airoso
Quando me olha abstrusa
Com essa boquinha de musa
Me laça um riso gostoso
É, a loirinha cresceu
Se tornou um mulherão
E o bangalô do meu peito
Se enfeitou feito pavão
Não foi paixãzinha mixa
Foi uma jogada de ficha
Uma pinholada de paixão
Mas embutida em cicatriz
Ela mal se conhece
Esconde a alma na noite
Sujeita ao que não merece
Carente de benquerença
Um elogio, uma presença
Aninha-se ao que entorpece
Só que eu posso te enxergar
Galeguinha amalucada
Matutinha aprincesada
Olhosa de se olhar
Fulô de beleza fina
É a tipa da menina
Que se deseja encontrar
Toda desenhadinha
Linda de entorpecer
No alto altar da beleza
És a real realeza
Padroeira do prazer
Nem carece persuadir
Basta apenas existir
Para me satisfazer
Quantos beijos um sorriso da?
Me invadiu pelas pálpebras
Direto na alma, sem sequer me tocar
E nesse traumagnetismo
Viramos um só abismo
Dois caos a se amontoar
Resgatou meu coração
Que a muito andava ôco
Nem sei como descrever
A sensação de friviôco
Um querer, uma pujança
Daquelas que da sustança
Na macheza do cabôco
Mas como já era sabido
Tem data de validade
Vou ter que me conformar
Em vagar pela cidade
E carregar só a lembrança
Quentinha na esperança
De que fosse tudo verdade
Seguirei na utopia
Sonhando o sonho de outro dono
Meu amor ficará em coma
Pra evitar maior dano
Mas segue vivo, arraigado
Do outro lado do oceano
E só me resta gritar
Rezando pra me escutar
Florzinha, EU TE AMO!