GREGOS E ROMANOS E O DIABO DA MITOLOGIA

Neste cordel popular

Escrito pelo deus Baco

Romano dono do vinho

Nascido naquele caco

Foi viver de fazer festa

Criando calo na testa

Findando dentro dum saco.

Por ele fui contemplado

Pra roubar este cordel

Dizendo que pode ser

Revivido por Bedel

Me dando vinho de graça

Bem de fronte duma praça

Fui beber no seu bordel.

O vinho que Baco deu

Tinha bastante bactéria

Depois de tomar cachaça

Comprovei toda matéria

O coitado do Bedel

Sem escrever um cordel

Terminou foi na miséria.

O romano depravado

Vestindo blusa de linho

Me fez crer nessa mentira

De morar dentro do ninho

Disse com cara de pau

Me fazendo tanto mau

Querendo ser deus do vinho.

Eu só sei que seu Bedel

Homem devoto de fé

Por confiar nesse Baco

Levou dele pontapé

De tanto vinho provar

Nada para renovar

Morreu num pobre chalé.

Conheci Baco bebendo

Num tambor sem ter destaque

Cada gole que tomava

Mudava todo sotaque

Precisou viver fugindo

Por menos ficar fingindo

Pra não levar tanto baque.

Seu Bedel de barba feita

Certa noite me falou

Que Baco tinha poder

Disse-me, depois calou

Com os olhos de bebarrão

Do povo levando empurrão

Um cheiro gentil exalou.

O cordel como é que fica

Me diga Baco bebum?

Não vou dizer que é meu

Em lugarejo nenhum

Vou contar pra todo mundo

Mentiroso vagabundo

Que teu vinho deu jejum.

Vou pra Grécia conhecer

Pitágoras dizer: - Mando!

Solicitando de Sócrates

Que fugisse com seu bando

Pro novo mundo surgido

Vendo boi dando mugido

Que precisava comando.

Baco gostou de Pitágoras

Hipócrates foi pedante

Nesse governo da Grécia

Aristóteles foi brilhante

Houve tanta confusão

Acho até sem precisão

Pois, criaram até calmante.

Quem tomou primeiro foi

Um tal chamado Netuno

Que de Roma foi raptado

Por perigoso gatuno

Que ficou puto com Baco

Não dando nenhum pitaco

Por não querer ser tribuno.

O comprimido tomado

Pelo deus do grande mar

Deixou Roma toda louca

Com os deuses do pomar

O rei Zeus pulou da cama

Quase caindo da lama

Sem querer se conformar.

Netuno ficou maluco

Foi falar com o Plutão

Mas, seguiu pra Grécia

Ter encontro com Platão

Com Apolo tocou pandeiro

Num ritmo bem estradeiro

E fez poema pro sertão.

Baco se vendo perdido

Pitágoras deu conselho

Mandando pobre romano

Olhar fundo qualquer espelho

Deixando nosso deus vinho

Sem sua camisa de linho

Com o rosto bem vermelho.

A cara toda marcada

Lhe deixou sem ter critério

Foi no senado direto

Falar com um tal Tibério

Um senador de direita

Que ninguém dali não peita

Construtor de cemitério.

Os deuses todos pensando

Sem saber o que fazer

Resolveram juntar Roma

Com Grécia só por prazer

Não tiveram resultados

Ficaram bem revoltados

Resolveram ter lazer.

Na Praça por nome Téspis

De teatro por todo lado

Minerva gritou bem alto

Pro povo ficar ligado

Que pegasse seus ingressos

Feitos de papéis impressos

Sem sair daquele quadrado.

Os torcedores de Roma

Quiseram brigar com Zeus

Dizendo pra todo mundo

- Nós somos também um deus!

Hermes não teve sossego

Teve susto dum morcego

E gritou: - Todos são meus!

A multidão sem querer

Foi se ver com o Quirino

Que tava sempre colhendo

As flores do seu destino

Com traje de camponês

Tem fartura todo mês

Tal qual nosso nordestino.

O deus da colheita diz

Que fosse falar com Marte

O famoso pai de Rômulo

Que gosta de fazer parte

Das conversas de fofoca

Ligado numa potoca

Um falsário baluarte.

Baco sem querer Tibério

Foi procurar tratamento

Hipócrates diz é comigo

Que vou dá fim teu lamento

Teu vinho não tem sabor

Mesmo tendo dissabor

De Dionísio é alimento.

Os gregos com os romanos

Inventaram a cartilha

Dentro dela tinha tudo

E fizeram a partilha

Roma de cara tristonha

Me disse dona Totonha:

- Ficou naquela fértil ilha.

Os deuses todos felizes

Pularam todos despidos

Eros tava quase tramando

Dar Hades pros desvalidos

Mas, Baco se vendo só

Na tripa deles deu nó

Quis ser o deus dos metidos.

Baco vendeu meu cordel

Pra deusa chamada Flora

Que não soube ler direito

Mas, no fundo tem espora

No cavalo sem memória

Querendo contar história

Tão depressa foi simbora.

Zéfiro ficou tão puto

Com tudo que sucedeu

Sabendo de toda fuga

Um vento fresco lhe deu

Flora sem saber de nada

Com aquela voz de fada

Pro sujeito respondeu.

Camarada cê me perdoa

Eu não sei ler direito

Este cordel que comprei

É vinho que tem no peito

O cheiro dele tão forte

Que nunca me trouxe sorte

Me fez ter um preconceito.

De meter pau nos bebuns

E não provar da leitura

Das letras que foram feitas

Para qualquer criatura

Vou saber dum tal Titãs

Que comeu todas maçãs

Pra na guerra ter loucura.

Zéfiro ficou calado

Flora franze toda testa

Estudando deus Saturno

De Baco nada mais resta

Este cordel tem edições

Benditas publicações

Que qualquer um não contesta.

Voltando logo pra Grécia

O cordel não deu bobeira

Na praça toda completa

Homero fez brincadeira

Não quis ter mais escrever

Odisseia quis descrever

Do cordel fez cabeceira.

Lendo todas essas estrofes

Foi se vendo com Afrodite

Que tinha caso com Vênus

E gostou desse convite

Romanos e gregos sabiam

Os deuses já percebiam

Do valor que tem bronquite.

Essa doença terrível

Todos deuses pegam ela

Clóris ficou com saudade

De Zéfiro gostando dela

Os doentes de bronquite

Outros quase com artrite

Só viviam pensando nela.

Baco vive me cobrando

Os direitos autorais

Desse cordel que viajou

Por todos os comerciais

Mercúrio falou pra Jano

Pago nesse final de ano

Pra nós botar nos jornais.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 12/08/2024
Código do texto: T8127630
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