A HISTÓRIA DO BORRACHEIRO

Pé de Banda foi de tudo

Até mesmo fora da lei

Defensor do que não presta

Doutras coisas que não sei

Os vizinhos dele diziam:

- Pé de Banda é nosso rei.

Começou como soldado

Da Polícia Militar

Depois foi ser empregado

Isto posso relatar

Daquele tal de Mixengo

Não é bom nem comentar.

Pé de Banda tinha fama

De santo sem devoção

Já levou cinco facadas

Uma dentro do coração

Ficou vivo pra tristeza

De Perla da Sensação.

Esta maldita senhora

Ficou triste por demais

Pé de Banda lhe deu filhos

Todos de partos normais

Foram vinte no total

Um trocado deu jamais.

Perla da Sensação foi

Mulher forte que viveu

Dependendo de faxina

Sofrendo, sobreviveu

Pé de Banda bem distante

Com eles não conviveu.

Expulso do gabinete

Do tenente brigadeiro

Pé de Banda nem ligou

Procurou ser borracheiro

Num lava jato do bairro

Do cabra Pedro Pedreiro.

Pedro Pedreiro famoso

Por ter bastante limpeza

Seu Lava Jato mostrava

O poder da natureza

Com Pé de Banda na casa

O lucro vem com certeza.

Os filhos de Pé de Banda

Sem querer saber do pai

Souberam desse trabalho

Somente Zé é que vai

Cobrar daquele sujeito

A grana que nunca sai.

Pedro Pedreiro discute

Com Seu Zé do Pé de Banda

Diz gritando que não venha

Ele somente é que manda

Naquele bom Lava Jato

Ninguém por si se comanda.

Zé que foi sem permissão

Fizera grande barraco

Bateu forte no Pedrão

Metendo-lhe grande taco

Os rapazes do lugar

Puxaram pelo sovaco..

Essa tarde foi de briga

Zé não soube controlar

A brabeza dos seus braços

Na tapa foi rebolar

Nada desse Pé de Banda

Que tanto fez enrolar.

O comando militar

Direto pro Lava Jato

Foi se ver com o brabão

Que nunca tirou retrato

Desta feita tirou três

Para ser preso de fato.

Quando souberam quem era

Filho daquele sujeito

Meteram no xilindró

Pra tirar não teve jeito

Já seu pai bebendo todas

Degustava seu rejeito.

O Lava Jato quebrado

Deixou Pedro sem ter vida

Cabisbaixo sem saber

Porque ter raiva atrevida

Seu dinheiro não tem volta

A água fora removida.

Pedro Pedreiro viveu

Um desses piores momentos

Sem saber do seu passado

Só lembrou dos sofrimentos

De garra do que restou

Não poupou seus sentimentos.

De repente, como bêbado

Pé de Banda se chegou

Com sua cara de vício

Seu sorriso se apagou

Olhando pro Lava Jato

Um problema lhe rasgou.

Pedro Pedreiro cansado

Se tornou num animal

Pegou Pé de Banda forte

E foi metendo punhal

Dois seres em confusão

Sem ter a menor moral.

Daquela briga devassa

Sem nenhum vencedor

Pé de Banda sobrevive

Dizendo ser perdedor

Olhando Pedro Pedreiro

Quis ser dele vendedor.

Os dois com sangue no corpo

Num vermelho sem ter fim

Gritaram pra todo mundo

Que não pensasse por mim

Chamasse pela saúde

Botasse não pelo sim.

A ambulância na frente

Levava aqueles brigões

Pro posto municipal

Cuidar daqueles rasgões

A face dos sem futuro

Fazem parte dos pregões.

Hospitais abarrotados

De pessoas sem ter virtude

Que se deixaram levar

Pela forma de ser rude

Na cadeia o filho Zé

Começava ter atitude.

Já de volta pro trabalho

Pedrão jamais resistiu

Se vendo sem ganha-pão

Uma saída lhe permitiu

Começando no começo

Só vender lhe consentiu.

Nesse comércio de lucro

Pedro Pedreiro vendeu

O Lava Jato barato

E quem comprou revendeu

Por um preço que faz jus

No cartório onde se deu.

Zé que no passado foi

Um sujeito bom de briga

Foi pedir perdão pra Pedro

Com grande dor de barriga

Da boca da nobre mãe

- Se não for, Deus lhe castiga!

Pé de Banda borracheiro

Com Pedro fez parceria

Compraram em sociedade

Uma baita borracharia

Esqueceram todo passado

Só brincavam de putaria.

Quem tivesse uma carroça

Um pneu nela montado

Com certeza tinham de sobra

E tudo sempre comprado

A dupla se transformava

Tão cedo ter enricado.

Tudo que é bom dura pouco

É frase que tem no quengo

Quem de repente chegou

Foi sem dúvida, Mixengo

Pra cobrar de Pé de Banda

Sua camisa do Flamengo.

Mixengo queria grana

Da dupla de empresários

Pé de Banda lhe devia

Foram muitos aniversários

O preço que ele cobrava

já eram todos adversários.

A confusão quando avança

Ver Perla logo chegando

Com aquela saia justa

Todos vão lhe paquerando

Pé de Banda não gostou

O seu nariz foi quebrando.

Mixengo cabra safado

Devedor de todo mundo

Se meteu com gente braba

Que lhe chamou vagabundo

Perla chamou de Rufino

Pé de Banda foi profundo.

O nome de Pé de Banda

Nem sequer sei do destino

O popular adotado

Fora dado sem ensino

Pelo papai verdadeiro

Também chamado Rufino.

Mixengo foi trabalhar

Como bom representante

Naquela loja de graxa

Com paletó elegante

Fez parceiro de revenda

Com Perla tão instigante.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 11/08/2024
Código do texto: T8126814
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