Maria voltou!
Na vila pequena e pacata,
Vivia uma jovem formosa,
Com olhos que brilham prata,
De voz suave e carinhosa.
Seu nome era Maria,
E tinha um coração bondoso,
Mas seu destino, quem diria,
Seria tão doloroso.
Casou-se com João, um homem rude,
De gênio forte e sombrio,
Que transformou seu amor em mude,
E encheu seu lar de frio.
Um dia, num ato vil e cruel,
João tirou-lhe a vida,
Era amargo feito fel,
Numa tragédia sem medida.
Maria, então, partiu,
Seu corpo à terra entregou,
Mas sua alma não dormiu,
E no além se levantou.
Voltou como espírito rancoroso,
Com olhos de fogo e dor,
Buscando um fim rigoroso,
Para o traidor e opressor.
Nas noites de lua cheia,
Pelas ruas ela passava,
Sua presença era centelha,
Que o vilão apavorava.
João sentia um arrepio,
Ao ouvir seu lamento no vento,
E o medo enchia o vazio,
De seu sombrio pensamento.
Maria, em sua vingança,
Não deixava descanso ao algoz,
Cada vez mais a esperança,
Desaparecia em sua voz.
Até que numa noite escura,
João, já sem mais defesa,
Caiu de joelhos na amargura,
Pelo peso de sua fraqueza.
A vila, enfim, sossegou,
Com a justiça restaurada,
E Maria, enfim, descansou,
Com sua alma apaziguada.
E assim termina a história,
De Maria e sua vingança,
Que trouxe de volta a glória,
E a paz àquela vizinhança.