DOIS AMORES, DUAS DÚVIDAS
Quero agora falar
De um caso diferente
Um homem bem distante
Que amava tanta gente
Vivia grandes horrores
Amando dois amores
Na vida inconsequente.
Antigamente eu pensava
Em questão de amor
Dividir ele no meio
E excluir toda dor
Depois de crescido
Tudo acontecido
Não pensei ser perdedor.
Trouxe além dela
Uma grande porção
Que invadiu meu ser
E maltratou a paixão
Me deixou solitário
Feito um otário
Me apeguei a questão.
É que o amor é eterno
E sendo assim, viverá
Por todos os tempos
E nunca ele morrerá
A dúvida atormenta
Como amarga pimenta
Que faz o gosto saborear.
Um prato de comida
Regado um bom peru
Que se come com gosto
Às vezes ele está cru
Mas a vontade é tanta
Feito pensar de santa
Que nos deixa sempre nu.
Chegando lá o homem
Se torna ele um divisor
De palavras e sonhos
De amar ou de pavor
Tudo que aqui se pensa
É pra vida ser mais intensa
Sem criar nenhum pudor.
E sendo a vida intensa
O amor vem depois
Laçado num nó sagrado
Somente para dois
No paraíso o casal vive
E quem é que sobrevive
Botando na frente os bois?
Ele é jogado no noivo
Que a noiva desperdiça
Apanha ele do chão
Nesta terra movediça
Amores na desarmonia
Na luta da harmonia
O gostar logo se atiça.
É nesta chama danada
Que tudo é colocado
Um escreve o encontro
O outro já está separado
Adeus no mínimo conviver
Tudo é bom para saber
Quem foi mais marcado.
Dois amores, duas dúvidas
É a escrita que se soma
Maltrata o sentimento
É berço que vive em coma
O sonho não é desvendado
Chora num tempo errado
Um pé voltado à Roma.
Foi a cidade dos antigos
Bravos guerreiros
Que lutaram pela pátria
Como únicos herdeiros
Vence a tempestade
É como uma calamidade
No voo dos passageiros.
Eles estão voando
E no céu clamam a luz
Que não brilha na terra
E nunca nos conduz
Ofusca o sentimento
Paralisa o pensamento
Igual a uma pesada cruz.
Ela que botou Cristo
No céu dos santificados
Longe do povo hebreu
Israel dos beatificados
O amor sofre tristonho
Num possessivo sonho
Viver como seres amados.
Um amor que mora aqui
Outro de mim distante
Morando do outro lado
Me tem como amante
Eu sou fibra que se corta
Uma veia quase morta
Sangra no peito do errante.
Meu amor eu te encontrei
Por onde eu procurava
Rasguei o verbo da espera
Que sempre te contava
Agora estou contigo
Cheirando teu umbigo
Tão sozinho me achava.
Ela mora tão distante
O coração dela é sagrado
Me ama no escondido
Me faz ser mais amado
Eu adoro o seu jeito
Me pegando junto ao peito
E me deixa mais acalmado.
Um amor que se sabe
Outro sem ter nome
Ninguém procura entender
Por que existe fome?
As dúvidas são tantas
Que de perto te encantas
No outro que some.
Cante para ela agora
E que seja de alegria
Ela quer dormir
E viver só nostalgia
Falar da pequena noite
Pensar num monte de açoite
Que fez ali poesia.
Olha, são dúvidas, são
Mas, sim, são de amores
Vivem no peito pueril
E causam centenas de dores
O amor mal resolvido
Fica sempre entristecido
E caminha nos dissabores.
Dois amores, duas dúvidas
Atraem a vida do Ser
Acelera o pulso de raiva
E acena para sobreviver
O homem encontra paz
No bem que não lhe faz
E cassa mandato para viver.