Gabi e a formiga: encontro de amigas (Cordel Infantil N. 2)

Gabi acordou cedinho

Levantou com alvoroço

Sabia que sua mãe

Preparava o almoço.

Deixava tudo prontinho

Antes de ir trabalhar

Gabi ainda de férias

Se ocupava de brincar.

A mãe ficou espantada

Com a hora de acordar

Pois sabia que Gabi

Demorava a despertar.

Sua mãe não entendeu

O alvoroço da menina

Com um gesto de carinho

Beijou sua pequenina.

— Estou indo ao trabalho

Brinque pertinho de casa

Sua amiguinha Marta

Para brincar não atrasa.

O que sua mãe não sabia

Era da nova amiguinha

Gabi não contou pra ela

Da amiga formiguinha.

Duvidava que a mãe

Pudesse acreditar

Que existia formiga

Que conseguia falar.

Gabi guardou em segredo

O que descobriu sozinha

Só interessava a ela

Falar com a formiguinha.

Quando a sua mãe saiu

Tomou café ligeirinho

Para encontrar a formiga

E prosear um pouquinho.

O dia estava brilhante

A grama ainda orvalhada

Não demorou a encontrar

A formiga encantada.

Logo disse com alegria

— Minha querida formiga

Quase não dormi à noite

Com saudade da amiga.

A formiga revelou

A alegria no olhar

Mas ainda assustada

Precisou lhe explicar.

— Ainda estou cautelosa

Não fique preocupada

A confiança em humanos

Precisa ser resgatada.

De onde vinha então

A perda de confiança

Gabi quis logo saber

Com pureza de criança.

Gabi baixou a mãozinha

E a encostou na grama

E disse à sua amiga

Faça dela sua cama.

Claro que a formiga

Ficou meio apreensiva

Num ato de confiança

Subiu na mão da amiga.

E disse para Gabi

— Tudo eu vou lhe contar

É uma longa história

Hoje só vou começar.

Mais de cem milhões de anos

De vida nesse planeta

Permite que as formigas

A história bem conheça.

Quando surgiu a espécie

Conhecida por humana

Não parecia ameaça

À outra espécie mundana.

Nesse tempo bem distante

Eram todos coletores

Colhiam na natureza

Frutas, cereais e flores.

Gabi escutava tudo

Com toda atenção

Sua curiosidade

Aumentava de montão.

Interrompeu a amiga

E lhe perguntou depressa

— Como sabe de história

Tão antiga como essa?

A formiga respondeu

— Nós temos essa missão

Contar a nossa história

Para a nova geração.

— Então continua amiga

Disse a menina Gabi

— Enquanto não terminar

Eu não sairei daqui.

Gabi baixou sua mão

E a formiga desceu

Uma raiz de árvore

Ela depressa escolheu.

Se ajeitou calmamente

Falou com muito jeitinho

— A história é bem longa

Cada dia um pouquinho.

As formigas e os humanos

Viviam em harmonia

Colhiam da natureza

O que ela oferecia.

Os humanos coletavam

Frutas, raízes, cereais

De um lugar para outro

Andavam seus ancestrais.

Não cultivavam plantios

Não construíam moradas

Se protegiam de perigos

Em cavernas encontradas.

Nesse tempo bem distante

Ainda não iam caçar

Carne não aparecia

No hábito alimentar.

Nesse tempo as formigas

De gente não tinha medo

Moravam em formigueiros

No meio do arvoredo.

Mas isso não quer dizer

Que a terra era paraíso

Sobreviver foi difícil

Também havia perigo.

Os humanos, por exemplo

Precisavam aprender

Correr e subir em árvores

Pra poder se defender.

Existiam animais

Ferozes em toda parte

Os humanos aprenderam

Se defender de ataques.

Muitos animais ferozes

De carne se alimentavam

Aí estava o perigo

Que humanos enfrentavam.

Os humanos, as formigas

E todos seres viventes

Achavam na natureza

Alimentos diferentes.

Cada espécie procurava

Meios de sobrevivência

A reprodução biológica

Era a causa da existência.

Gabi não piscava o olho

De tanta admiração

A atenção era tamanha

Nem sentia respiração.

— Gabii! — Um grito ouviu

— Ainda brinca na rua?

Se despediu da amiga

— Amanhã tu continua.