Tecnologia na caatinga
O vento dá seu beijo quente
procuro uma sombra
que me dê abrigo
nesse caótico , meio ambiente
O céu fica cinza nessa caatinga
vejo carcarás voando
nesse deserto
atrás de sobras e restos
Não é só no Saara que têm tempestades de areias
aqui nesse Brasil sem verde abundante
e de céu cinzento
também acontecem
esses acontecimentos
Vivo como um nômade
com chapéu de couro
montado numa velha mula
degusto uma rapadura
para não ficar com meu estômago vazio
e com , uma última gota d'água
no meu cantil
A vegetação é composta por palmas
e alguns cactos , vou disputar com os predadores desse lugar
alguns preás e lagartos
Meus inimigos estão camuflados nessa areia quente
aqui existem escorpiões
e algumas serpentes
Nesse deserto só vive quem tem coragem
aqui não dá pra sonhar
com miragens , com oásis
Minha mula não tem
a força de um camelô
ela empaca , pedindo descanso
eu aceito seus limites
pois , o sol continua inclemente
Mas a tecnologia chegou na caatinga
antes só se sabia dessa vida sofrida
vendo o filme , ou lendo o livro
Vidas Secas
obra de muitos anos
do Graciliano Ramos
Uma dúvida que sempre fica a me indagar porque o nome da cadela era Baleia , um bicho do mar ! , sei lá?
Mas agora também se pode narrar
essa vida dura na caatinga
via aparelho celular
Eu espero minha mula descansar
e aproveito pra teclar
essa vida dura e sofrida
desse retirante da caatinga
olhando pro céu com a boca sedenta
escrevendo um humilde cordel
aqui no Recanto das Letras