Tecnologia na caatinga

O vento dá seu beijo quente

procuro uma sombra

que me dê abrigo

nesse caótico , meio ambiente

O céu fica cinza nessa caatinga

vejo carcarás voando

nesse deserto

atrás de sobras e restos

Não é só no Saara que têm tempestades de areias

aqui nesse Brasil sem verde abundante

e de céu cinzento

também acontecem

esses acontecimentos

Vivo como um nômade

com chapéu de couro

montado numa velha mula

degusto uma rapadura

para não ficar com meu estômago vazio

e com , uma última gota d'água

no meu cantil

A vegetação é composta por palmas

e alguns cactos , vou disputar com os predadores desse lugar

alguns preás e lagartos

Meus inimigos estão camuflados nessa areia quente

aqui existem escorpiões

e algumas serpentes

Nesse deserto só vive quem tem coragem

aqui não dá pra sonhar

com miragens , com oásis

Minha mula não tem

a força de um camelô

ela empaca , pedindo descanso

eu aceito seus limites

pois , o sol continua inclemente

Mas a tecnologia chegou na caatinga

antes só se sabia dessa vida sofrida

vendo o filme , ou lendo o livro

Vidas Secas

obra de muitos anos

do Graciliano Ramos

Uma dúvida que sempre fica a me indagar porque o nome da cadela era Baleia , um bicho do mar ! , sei lá?

Mas agora também se pode narrar

essa vida dura na caatinga

via aparelho celular

Eu espero minha mula descansar

e aproveito pra teclar

essa vida dura e sofrida

desse retirante da caatinga

olhando pro céu com a boca sedenta

escrevendo um humilde cordel

aqui no Recanto das Letras

NEREU AIRTO AMANCIO FILHO
Enviado por NEREU AIRTO AMANCIO FILHO em 27/07/2024
Código do texto: T8115997
Classificação de conteúdo: seguro