SER-TÃO (Ode a EXU)

No sertão do mestre Lua,

Terra seca o ano inteiro,

Gente a prosear na rua,

Gado à sombra do juazeiro,

Como quem tá a procura,

Eu capino a minha loucura,

Como um caboclo roceiro.

Nessa terra, nesse sertão,

Que sempre pediu clemência,

Povo de fé, de religião,

Generoso, de paciência,

De moral, saber inato,

Fica ao lado do Crato,

Numa palavra: Resistência!

O céu aqui é mais claro,

Lua bela na imensidão,

Contemplo um momento raro,

O brilhar de uma constelação,

É como disse o Gonzagão:

“Não há, oh gente, oh não,

Luar como esse do sertão!”

Eu vejo uma paisagem,

No inconsciente reconhecida,

Como se fosse miragem,

Me vejo em outra vida,

Uma conexão sem igual,

Um “dejavu” descomunal,

Doloroso é a despedida.

Como posso ter saudade,

De um lugar desconhecido?

Aos quarenta de idade,

Pareço ter aqui vivido,

Ou é influência ancestral,

Memória transcendental?

O voltar sem sequer ter ido...

Tarcísio Luiz
Enviado por Tarcísio Luiz em 26/07/2024
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