SÃO JOSÉ DOS CORDEIROS, A CAPITAL DO MEL
Dê licença pra falar
Da Feira de Jaguaribe
Na capital paraibana
De gente que se exibe
Lhes peço com gentileza
Encontrarás com certeza
Produtos lá do Caribe.
Eu convidei meu compadre
Pra fazer com maestria
Um cordel bem brasileiro
Com amor e poesia
Daquela tremenda feira
Da coisa bem brasileira
Que nos traz a nostalgia.
Recebi com precisão
Este convite bacana
Para conhecer a feira
Dessas pencas de banana
Desses grandes vendedores
No fundo são cantadores
Bebendo caldo de cana.
Pois, ainda não conhecia
Agradecido fiquei
Na Feira de Jaguaribe
Tanta coisa lá peguei
Se me convidar de novo
Pra visitar esse povo
Eu juro que viro rei.
Da Feira de Quarta-Feira
Vamos juntos publicar
Meu compadre conheceu
Logo vem se colocar
Com seus versos de saber
Nessa fonte irá beber
Pro cordel se destacar.
Grande feira da cidade
Enriquecendo a cultura
Toda pessoa que vai lá
Encontra grande fartura
Produtos de qualidade
Que satisfaz a vontade
Em tudo que se procura.
Quem pechincha sabe bem
Leva as coisas mais em conta
Naquilo que você busca
Em Jaguaribe desponta
Farinha, arroz e feijão
Carne de bode e capão
Já sai de sacola pronta.
Sinto falta do passado
Tudo ficou na lembrança
Depois de grande, alimento
Rimar minha esperança
Quarta-Feira, qualquer hora
Minha tarde vai simbora
Depressa feito criança.
Guarde bem esses mistérios
Daqueles tempos saudáveis
É Feira de Jaguaribe
De pessoas responsáveis
Não venha se deprimir
Se chegue pra consumir
Pra feira dos maleáveis.
Um grande ponto de venda
Da cultura popular
A Feira de Jaguaribe
Um centro familiar
Observe tudo que tem
Conversa que só faz bem
Feita pra desopilar.
A vida de cantador
É sair fazendo estudo
Juntando coisa com coisa
Desde pequeno a graúdo
Sendo chamado fulano
Estudar com seu ciclano
Para depois contar tudo.
Nossa vida tem surpresa
A brevidade do além
Jovem é subir ladeira
Velho é descer também
Ter paz é ter paciência
Nos anos de convivência
Não ser pesado a ninguém.
Cestas feitas de cipó
Carne de porco e gordura
Feijão verde debulhado
Melaço que dá gastura
Milho assado no pipoco
Amendoim, doce de coco
Paçoca com rapadura.
Tem gente que pega frete
Leva a feira da madame
Do marido preguiçoso
Que não quer passar vexame
Trata mulher com carinho
No cantar do passarinho
Se houver cordel me chame.
Morador de João Pessoa
Quem sabe, se um dia vá
Conhecer uma feira boa
Do padrinho Saravá
O feirante sobrevive
Eu peço que lhe cative
Nas bênçãos de Jeová.
Opiniões que se dividem
O que é bem natural
Qual é a feira melhor
Ela ou Mercado Central?
Jaguaribe se proclama
Ninguém daqui não reclama
A nossa ganha geral.
Do meu tempo de moleque
Jaguaribe sempre vi
Tantas feiras com vovó
Eu juro que conheci
Gente vendendo de tudo
Um tal de Chico Sortudo
Seus estrondos eu senti.
Eu me lembro de repente
Minha vó dizendo assim:
- Chico Sortudo é cabra
Que sempre guardou pra mim
Vive gritando, é chato
Mas, vende tudo barato
Jarro pra pôr no jardim.
Tem galinha de capoeira
Inhame, carne de sol
Buchada, sarapatel
No canto do rouxinol
Na feira tem festival
Bem na barraca central
Vou comprar o meu anzol.
Roupa de Quinze Reais
Tem no brechó da Matilde
Tem calção para surfista
Na barraca da Clotilde
Alpercatas de xaxado
Pandeiro para reisado
Dessa gente bem humilde.
Quem cessa seu ritual
Bebe pinga derradeira
Bota cesta na cabeça
Fecha porta, faz carreira
Pra chegar de quatro horas
Os feirantes sem esporas
Vem logo pra grande feira.
Pão de boia tem de sobra
Pros nobres frequentadores
Daqueles que bebem todas
Lá detrás dos bastidores
Misturado com sardinha
Outros com pé de galinha
Na valsa dos sonhadores.
Tem cueca de botão
Tem calcinha de colchete
Tem rodo de limpar chão
Escova para tapete
Correia para tamanco
Tem mesa só, sem um banco
Pensando ser tamborete.
É carne assada no espeto
Quente que logo dá gosto
Que é tão bom pra comer
Nessas chuvas de agosto
A cachaça temperada
Que é bem valorizada
Que mata todo desgosto.
Fiz ligeira reflexão
Percebi que ele gostou
Dos tempos de repentista
Algo logo me contou
Beiju com coco ralado
Tem frutas pra todo lado
Tantas logo degustou.
Oh! Meu compadre João
Somos seres divertidos
Tem a Jô que fez questão
De dizer pros meus ouvidos
Me falou sem ter lamento:
- Pois, casar é meu fermento
Já tive quatro maridos!
Pois é, meu compadre Bento
Pra nós, nunca é demais
Recordando velho tempo
Na feira com nossos pais
Hoje nós fazendo a vez
O tempo não se desfez
Na trilha dos animais.
Tantos dramas são contados
Haja tema pro cordel
A Feira de Jaguaribe
É quadro pro meu pincel
Bêbados vão trafegando
Nessa feira vão regando
Os pinguços de bordel.
Rola vende tapioca
Figura descontraída
Tem riso pra todo lado
De quem entra, faz saída
Rola são duas irmãs
Preciosos talismãs
Que não deixam recaída.
Na Feira de Jaguaribe
Coco verde nunca falta
Água doce bem gostosa
No gole que nos exalta
Carne fresca que doçura
Nos deixando com ternura
Feito circo da ribalta.
É povo pra todo lado
Andando sempre sincero
Comprando tudo que ver
Lá na barraca de Vero
Sou cliente das antigas
Do galego das cantigas
Vendedor tipo severo.
Nós estamos de partida
Novos temas vão na fé
Antes dessa despedida
Vamos tomar o café
Botar na mente segredo
Preparar um bom enredo
Pro cordel gritar: - Olé!
FIM
João Pessoa-PB, 30 de junho de 2024.