De Que Adianta Ter Riqueza
No mundo existe um ditado
Bem antigo eu conheço
Que diz num palavreado
Que todo homem teu seu preço
Pois deixo então um recado
Escute desde o começo
O homem sonha em ter riqueza
Durante toda a juventude
Vivendo na safadeza
Agindo de modo rude
E tolo é o que tem a certeza
De esperar que um dia ele mude
Pois tigre criado a pasto
Quando, a carne conhecer
Come até o dente ficar gasto
Sem medo de morder
E se o banquete for vasto
Você não corre risco de morrer
O homem vive criando
Querendo comparação
Muitos deitam contando
Milhão, depois milhão
Mas enquanto o dinheiro tá sobrando
Falta um pouco de oração
Ele buscando a beleza
Esquece da virtude
Vivendo na avareza
Ele mesmo se ilude
Nada contra a correnteza
Esperando que alguém ajude
Mas eu digo com clareza
De que vale essa atitude?
Confrontar a natureza
Nesta tamanha magnitude
Podia fazer uma defesa
Mas lhe asseguro que não pude
Viveu uma vida incompleta
Sem amor e sem paixão
Não cumpriu nenhuma meta
Muito menos sua missão
E agora por este poeta
Morreu na indagação
Ora deus eu não entendo
Como pode me abandonar
Eu jamais compreendo
Ainda tinha tanto a ganhar
Mas eu não me arrependo
De um dia querer enricar
Não adianta, disse deus
Ter vivido tão solitário
Foi você quem escolheu
Nunca foi de fato o proprietário
Pois no dia que tu morreu
O dinheiro foi pro inventário
No rosto se viu tristeza
No olho lágrimas d'um açude
A mania de grandeza
Rolou como bola de gude
Pois não adiantou viver tendo riqueza
Se morreu sem ter saúde
O dinheiro é o que menos importa
E falta nunca vai fazer
Pode ser que abra portas
Mas tem muito a esconder
E a pessoa que estiver morta
À vida ele não pode trazer
O homem então lamentou
Desculpe meu Jesus Cristo
Aos pés se ajoelhou
Me perdoe por isto
Me diga o que me restou
Por favor eu insisto
Jesus então o olhando
Logo foi lhe falar
Pode ir se levantando
E trate de caminhar
Só pare quando for notando
Que o chão está a esquentar
Pois pro lugar que tô te mandando
Já mandei muitos iguais a ti
Que viveram a vida somando
Esquecendo de repartir
E quando alguém chegava implorando
Mandavam ele sumir
Agora está pagando
O que fez enquanto vivia
No fogo está se queimando
Mais forte a cada dia
E não adiantava ir chorando
Que o fogo não apagaria
Morreu no sofrimento
Na cama de um hospital
Passando tanto tormento
Se sentindo tão mal
Sem poder ter alimento
Tão triste foi o final
Hoje só restou uma vela acesa
Sobre a lápide que fez um grude
O corpo foi à fraqueza
Acabado na quietude
De que adiantou viver na riqueza
Se morreu sem ter saúde