OS ESTIGMAS DA POBREZA
OS ESTIGMAS DA POBREZA
Autor: Evaristo Geraldo
Um vendaval de problemas
Sacode a vida do pobre.
De aflições, este se cobre,
Mergulhado em mil dilemas,
Pois os políticos sistemas
Não veem a classe sofrida.
O pobre, ao longo da vida,
Só encontra desrespeito.
Ser pobre é grande defeito
Pra essa elite fingida.
Pra o rico, terrível algoz,
Pobre é bicho, não é gente.
Um ser subserviente,
Sem direito, vez e voz.
Se há justiça pra nós,
Só se for na eternidade,
Onde a vil desigualdade
Não tem vez, não tem morada,
E, assim, a paz sonhada
Posso fruir de verdade.
Nascer pobre neste mundo
É padecer vil sentença:
Sofre igual quem tem doença,
Mal contagioso, imundo.
Vive, então, num submundo
Excluído dos demais,
Sem direitos sociais,
Sofrendo dor, desatino,
Entregue ao cruel destino,
Sem gozo encontrar jamais.
Os estigmas da pobreza
Passam de pais para filhos.
São hereditários trilhos
Que seguimos na incerteza.
A falta de pão na mesa
Afasta de nós o sono.
Os que vivem no abandono,
Com leito em banco de praça,
Rogam, mendigando graça
A quem rege o santo trono.
Pobre, na sua inocência,
Luta visando vitória.
Mas sua herança irrisória
Penaliza sua existência.
Não lhe falta competência;
Enfrenta firme a labuta.
Mas é infrutífera luta,
Pois nasce predestinado
A ser mui subjugado
Pela classe rica astuta.
Alta Santo/CE/04/03/2022