A SAGA DO CAMPONÊS

A SAGA DO CAMPONÊS

Autor: Evaristo Geraldo

Sertão não vive sem chuva;

Sem água, nada vigora,

Pois a seca mata a flora,

Dizima mosca e saúva.

A lagarta maranduva

Morre sem ter alimento.

Morre boi, cabra, jumento.

Como é grande a desventura

Pro homem da agricultura

Que enfrenta esse tormento.

O campônio, em sua plaga,

Vive em constante disputa.

É sempre árdua sua luta

Contra seca, fome ou praga.

Seu viver é feito saga,

Filme dramático, real,

Em que o ator principal

Expira ao fim da história,

Tornando sua luta inglória,

Vã e sacrificial.

Sabemos: sofre bem mais

O camponês do Nordeste,

Pois o clima e o solo agreste

São irregulares demais.

Os déficits pluviais

Matam planta, bicho e gente.

O sol, carrasco inclemente,

Lambe as águas, seca os rios.

Encara mil desafios

Quem vive nesse ambiente.

Sempre, quando falta inverno,

Todo campônio lamenta.

Mas, da luta, não se isenta,

Pois tem fé no Pai Eterno.

No seu coração tão terno,

Não falta força e coragem.

Segue firme na romagem,

Vai todo dia pra lida,

Numa batalha aguerrida

Pra vencer a estiagem.

Os roceiros nordestinos

São homens bravos e fortes.

Vivem quase sem suportes

Dos governantes ladinos.

Esses políticos cretinos,

Vis, arrogantes, boçais,

Só ajudam seus iguais,

Os corruptos da elite,

Que, ao camponês, omite

Os direitos sociais.

Mas, nos anos de eleições,

Tais lobos viram cordeiros.

Procuram sempre os roceiros,

Fingem boas intenções

E, cercados de babões,

Adentram nos domicílios.

Prometem bons utensílios,

Mostram que temos direitos.

Mas, ao findarem os pleitos,

Fogem sem nos dar auxílios.

Alto Santo/CE/08/03/2022

Evaristo Geraldo
Enviado por Evaristo Geraldo em 19/07/2024
Código do texto: T8110036
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