A ORQUESTRA DA PASSARADA
A ORQUESTRA DA PASSARADA
Autor: Evaristo Geraldo
Hoje minha moradia
É no meio da caatinga,
Bem distante da restinga,
Das ondas, da maresia.
Aqui, todo santo dia,
Roda esta minha morada
Um bem-te-vi com a amada
Saudando um novo porvir,
E eu desperto pra ouvir
A orquestra da passarada.
Acordo cedo pra ouvir
Os canoros passaredos.
Ouvindo-os, espanto os medos
Que, às vezes, vêm me afligir.
Eu não canso de assistir
À orquestra matutina,
Que não cessa, não declina,
Transmite paz e doçura.
É alimento que cura
A alma que se amofina.
Logo que o dia amanhece,
Ouço trinar um pardal,
E, na cumeeira e frechal,
Um rouxinol aparece.
O canto dele fornece
Paz e alegria extrema.
No baixio, a seriema
Sola gorjeios agudos,
E vários pássaros miúdos
Fazem de palco uma jurema.
Sou um feliz residente
De riquíssimo ecossistema:
A caatinga, em que o lema
É ser mui resiliente.
As aves desse ambiente
Têm as mais diversas cores,
Como os belos beija-flores,
Que cantam com maestria,
Enchendo de poesia
Os mais diversos setores.
Toda manhã me desperto
Com o canto dum rouxinol,
Que, antes de raiar o sol,
Solfeja de peito aberto
Na cumeeira, bem perto
Da cama onde estou deitado.
Eu sou privilegiado
Por ter sua companhia,
Pois sua doce melodia
Me deixa mui encantado.
Essa orquestra matinal
Alegra minhas manhãs.
Os nambus e jaçanãs
Fazem festa em meu quintal.
Colibri e cardeal
Trinam, pousando em mourões.
Dois belos corrupiões
Solam belíssimos gorjeios.
Meus dias, assim, são cheios
De harmoniosas canções.
FIM