VALE A PENA LER DE NOVO – (LXVII)
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 Projeto literário de Olavo Nascimento em apologia às reprises das novelas da Globo que, além de permitir as releituras de textos passados, abraça novos leitores. São textos publicados há tempos aqui no Recanto, cujas republicações serão escolhidas pelo autor considerando a boa aceitação e o grau de dificuldade nas inspirações. A previsão é reeditar um texto por semana. Desde já agradeço a sua visita e comentários.
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 “ESCRAVO MODERNO
 
Imagem de escravo moderno | Corais
Por Olavo Nascimento (03/07/2024)
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"Acho que me submeto a um trabalho exaustivo,
mas com prazer, não acho que faço trabalho escravo."

Gilmar Mendes - Ministro do STF em 19/10/2017, ironizando as reclamações contra as mudanças na fiscalização do trabalho escravo.
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Eu sou Ministro do Supremo Tribunal,
Tenho altos salários com mordomias,
Motorista e seguranças tudo normal,
Levo boa vida pra curtir os meus dias.
Eu sou um escravo bem moderno sim,
Mas sou um escravo folgado também.
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Liberto amigos e bandidos da cadeia,
Não gosto de pobres e da sociedade,
Costumo contestar decisões alheias,
Que combatem crimes e ilegalidade.
Eu sou um escravo bem moderno sim,
Mas sou um escravo folgado também.
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Não me importo em ser o rabugento,
Ter cara feia de alguém truculento.
Que mais parece papel de ator vilão,
Mas não deixo de fechar a cara não.
Eu sou um escravo bem moderno sim,
Mas sou
um escravo folgado também.
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Meu trabalho escravo tão exaustivo,
Precisa de um aumento bem abusivo,
Porque meu salário de cinquenta mil,
Fica longe dos marajás desse Brasil.
Eu sou um escravo bem moderno sim,
Mas sou um escravo folgado também.
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Sempre fui contra julgar Mensalão,
Por causa de políticos meus amigos,
E o mesmo faço com esse Petrolão,
Que pra imputar penas não consigo.
Eu sou um escravo bem moderno sim,
Mas sou um escravo folgado também.
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Senzala de ontem é minha mansão,
Tenho casa, comida, viagem barata,
Tudo por conta desse governo bão,
Que até paga por terno e gravata.
Eu sou um escravo bem moderno sim,
Mas sou um escravo folgado também.
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Vivo em jantares com investigado,
Livro presidente de ser afastado,
Empresários graúdos nem se fala,
São aliviados como gente da mala.
Eu sou um escravo bem moderno sim,
Mas sou um escravo folgado também.
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Sou a favor da antiga escravidão,
Com açoites e negro na corrente,
Porque até para ser escravo bão,
O coitado deve pegar no batente,
Eu sou um escravo bem moderno sim,
Mas sou um escravo folgado também.
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Observações do autor:
Editado em (21/10/2017)
Reeditado em 16/04/2019
Contém 141 leituras incluindo 12 comentários
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Abraços.
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Interações (meus agradecimentos):
POETA OLAVO
Enviado por POETA OLAVO em 03/07/2024
Reeditado em 03/07/2024
Código do texto: T8099223
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