O tempo é um algoz

Tempo seu cruel algoz

Você roubou-me as lembranças

Mas foram tantas mudanças

Você ficou tão veloz

A tecnologia atroz

Deixo-lhe bem disparado

São dados pra todo lado

A memória está no fim

O tempo levou de mim

As coisas do meu passado.

 

Antes era bem melhor

Notícias num cordel

Desenhava no papel

Tabuada era de cor

Agonia era menor

Tinha sonho bem sonhado

O meu cavalo era alado

Gostava de ler Pasquim

O tempo levou de mim

As coisas do meu passado.

 

Hoje a guerra está nas telas

Naufrago na informação

Me oprime a televisão

Aliena-me as novelas

As tvs são tal qual celas

Fico manso e aprisionado

Com consumo exagerado

Zumbi ouvindo plimplim

O tempo levou de mim

As coisas do meu passado.

 

Vejo Pasárgada em sonho

Sem bandeira e com Bandeira

Só com penas na algibeira

Sem o missal enfadonho

Novos versos eu componho

Circular, não mais quadrado

E sem ser sacralizado

Voo com Pirlimpimpim

O tempo levou de mim

As coisas do meu passado.

 

Salvador, 3/6/24,

Jessé Ojuara e Hosmá Passos (Mote)
Enviado por Jessé Ojuara em 03/07/2024
Reeditado em 03/07/2024
Código do texto: T8099070
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.