A ROUPA NOVA DO REI

Num reino muito distante

Havia um rei vaidoso,

Um tanto extravagante,

Achava-se estiloso

Vivia lançando moda,

Dançando coco de roda,

Para alegrar o seu povo.

Problemas sérios do reino?

Não era com ele, não!

Corridas e muito treino

Era a sua diversão,

Andava de Sul a Norte,

Arriscando a sua sorte,

A fazer ostentação.

Gostava de se exibir,

De parecer bem bonzinho

Para chamar a atenção,

Ao longo do seu caminho

Era um cara engraçado,

Vivia todo animado,

Parecia um passarinho.

Ele era idolatrado

Por ser assim diferente,

Suas tolices faziam

O povo ficar contente,

Por ser assim tão bacana,

Cativava a caravana,

Era muito irreverente!

As roupas que ele usava

Causavam revolução,

Tinham até o colorido

Das penas de um pavão,

E, assim, o tempo passava

E por onde ele andava,

Era grande a emoção.

Certo dia apareceu

Das bandas do estrangeiro,

Um bandido muito esperto

Passando-se por costureiro,

Disse-lhe: — Faço uma roupa

Que deixa a galera louca

Sem gastar muito dinheiro.

O rei ficou encantado,

E contratou o mentiroso

Deu-lhe tudo do melhor,

Pedras, tecido garboso

Mas o tempo foi passando,

O cara lhe enganando,

Ele ficando nervoso.

O falsário, no entanto,

Para todo mundo ver,

Ficava sempre à janela

E, ali, fingia tecer

Em um tear invisível,

Assim, era impossível,

Difícil de entender.

Se alguém lhe perguntava

Pela roupa diferente

Dizia sempre sorrindo:

— Eita povo incompetente!

Faço roupas com magia

E a pessoa que espia,

Vê, se for inteligente.

O rei ficou ansioso

E foi à alfaiataria,

Procurar a nova roupa,

Mas roupa não existia,

O costureiro, no entanto,

Que era um calhorda e tanto

Disse-lhe, com euforia:

— Eis a roupa, majestade!

Porém tenha paciência,

Demora um pouco, é verdade

Mas é coisa de excelência,

É bonita sem ser brega,

Porém só quem a enxerga

É quem tem inteligência.

Então o rei exclamou:

— Que roupa maravilhosa!

Convocou logo os ministros

Os que gostavam de prosa,

Todos fingiram que viam

E contentes aplaudiam,

Aquela roupa formosa.

Houve um belo desfile

Para o rei se esbaldar,

A vestimenta diferente

Ele queria mostrar,

Mas, só os cultos veriam,

Pois os que nada sabiam

Nada podiam enxergar.

Sabendo disso, a multidão

Que não queria ser burra

Começou a aplaudir,

Houve até empurra-empurra,

Quem dissesse que não via,

Teria grande agonia,

Tomava até uma surra.

De repente, um menino,

Teve a triste conclusão

E gritou: — Ele está nu!

E foi grande a confusão,

Assim, o povo enxergou,

A roupa que era um show,

Não passava de ilusão.

O rei muito envergonhado

Em cima da carruagem,

Ficou todo encolhido

Triste, pedia passagem,

O povo todo entendeu

O que o falsário prometeu,

Virou apenas miragem.

O charlatão debandou

Foi para outra cidade

O rei, com a cara no chão,

Por excesso de vaidade

Teve uma grande lição,

Pois a sua enganação

Caiu perante a verdade!

***

Cordel, de minha autoria, inspirado no conto de fadas de mesmo título De Hans Christian Andersen, poeta e escritor de histórias infantis (Odense, Dinamarca/1805 – Rolighed, 1875)

(Maria do Socorro Domingos)

Mariamaria JPessoa Pb
Enviado por Mariamaria JPessoa Pb em 03/07/2024
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