Desgosto
Em um vilarejo distante, num canto do meu sertão, vivia um jovem inocente, com um triste coração.
Seu pai, homem cruel, lhe trouxe dor e tormento, violência e amargura, marcaram seu sentimento.
O jovem buscou ajuda, contou sua triste sina, mas ninguém lhe deu ouvidos, sua dor foi clandestina.
Os olhos do pai, frios, eram sombra e escuridão. A cada noite, um inferno destruía seu coração.
O povo ria e zombava, desacreditavam do jovem, ele só se afogava em lágrimas que o comovem.
Numa noite de desespero, sob a lua solitária, corvos negros apareceram, numa visão temerária.
"Vem conosco," eles disseram, para onde a dor não vai. Nos braços da morte, jovem, terás paz e nada mais.
Cansado da vida dura, do sofrimento sem fim, o jovem aceitou a oferta, se entregou enfim.
As asas negras o levaram para longe da agonia. Deixando para trás a terra, que lhe negou alegria.
Agora, o jovem repousa, no silêncio do além, os corvos cantam sua história, numa melodia sem bem.
E o vilarejo distante, carrega a culpa com a mão. De ter ignorado o grito, de um jovem em aflição.
Que sua memória sirva, para que outros possam ver. Que a dor de um coração ferido, nunca se deve descrer.