Paradoxal mente

Agora contando sílabas

Aprimoro minha estética

Minha escrita sem ser básica

Foge da moral ascética

Com oração enigmática

Construo sútil poética

 

Cada folha dessa árvore

Dispensa todo olho crítico

Eu vejo pelo meu ângulo

Com acento diacrítico

Minha visão é utópica

Não sou poeta analítico

 

Afastei-me desse cálice

Fugi desse zoológico

Eu não quero ser a vítima

De nenhum ego analógico

Meu verso é o meu refúgio

Ancestral e antropológico

 

Não preciso mais de títulos

Eu mudei minhas metáforas

Pena a pena tão dinâmica

Quando eu uso as diafóras

Quando faço boas métricas

Quando até escrevo anáforas

 

Academias tem círculos

Fardão e tons científicos

Para mim a feira é bárbara

Tem poetas magníficos

Mas tem também manga e abóbora

Com sabores caloríficos

 

Sendo poeta sou cômico

Se filosofo sou cínico

Não versejo com didática

E não tenho verso clínico

Quer ilusão, busque a fábula

Todo meu poema é vínico

 

Paradoxalmente bígamo

Mas singularmente gótico

Bem fiel ao meu zodíaco

Corro em trânsito caótico

Cem nortes, também sem bússolas

Angelicalmente erótico.

 

Salvador - BA.

Jessé Ojuara
Enviado por Jessé Ojuara em 17/06/2024
Reeditado em 18/06/2024
Código do texto: T8087860
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.