O canto dos pássaros
O sabiá cantou do alto poste,
O bem-te-vi soou do pomar,
Maritaca grasnou da encosta,
Quero-quero gritou beira-mar,
A graúna grunhiu em arrepios,
Pardal ciscou nos meios-fios,
Pombo no telhado a observar.
Beija-flor ergueu novo ninho,
Sanhaço orquestrou natureza,
Canário voou longo caminho,
O cardeal exibiu a sua beleza,
Pica-pau na árvore fez o talho,
O corrupião inoculou no galho,
Lavadeira-da-lama de princesa.
A andorinha só não fez verão,
O coleirinha entoou melodia,
Nessa lida se libertou o azulão,
E que assoviou para a cotovia,
A codorna surgiu encantada,
Rola-fogo-apagou esvoaçada...
O canto de pássaros se ouvia.
Pintassilgo regeu a orquestra,
Uníssono, afinado e contente,
Eram pássaros meio a floresta,
Outros tantos mais presentes,
Curió, periquito, anu, rouxinol,
E cantaram até ao pôr do Sol...
Algo assim não havia existente.